Mastectomia: como pode intervir no cancro da mama?

A mastectomia simples é uma cirurgia de remoção completa da mama com finalidades terapêuticas, quando é diagnosticado um cancro da mama e não é possível ou aconselhável conservar a mama (cirurgia conservadora ou mastectomia parcial). A cirurgia é, juntamente com a quimioterapia e a radioterapia, um dos tratamentos mais utilizados nesta doença. Anualmente estima-se que surjam 11 novos casos de cancro da mama por dia.

Tipos de mastectomia

As mastectomias realizadas atualmente são sobretudo:

• Mastectomia parcial (quadrantectomia)

Quando se remove apenas parte da mama.

• Mastectomia simples ou total

Consiste na remoção da totalidade da mama, incluindo aréola, mamilo, pele e glândula mamária.

• Mastectomia radical (modificada)
  Além da mama, também é necessário remover os gânglios linfáticos axilares (esvaziamento axilar), de modo a minimizar a possibilidade de espalhar a doença e, assim, prevenir o desenvolvimento de metástases. É realizada em tumores de maiores dimensões ou localizados junto aos músculos peitorais.

Existem outras modalidades de mastectomia que são derivações, com tentativa de preservação da pele ou do mamilo, quando possível.

Quando se faz a mastectomia

São várias as situações em que a mastectomia pode ser uma escolha, nomeadamente quando:

• O tumor da mama é de grande dimensão
• A cirurgia conservadora já foi realizada, mas a doença não foi erradicada
• Não é possível fazer radioterapia
• Existe um fator de risco genético de cancro da mama, como exame positivo para a mutação BRCA

Sabia que...

A reconstrução da mama é uma possibilidade, podendo ser realizada na mesma altura da mastectomia ou posteriormente. Esta cirurgia irá simular a mama removida, procurando a simetria com a mama não intervencionada. Existem diferentes técnicas, incluindo implantes ou próteses, podendo ser necessário recorrer a tecidos do próprio corpo.

Cuidados a ter após a mastectomia

A zona da mastectomia deve ser alvo de alguns cuidados, sobretudo nos primeiros tempos. É aconselhável:

• Manter a área limpa, usando apenas água morna e um sabão neutro
• Hidratar bem
• Evitar a exposição ao sol
• Utilizar o soutien recomendado, eventualmente com uma prótese se não foi feita reconstrução mamária
• Ter em atenção eventuais sinais de infeção

Potenciais problemas

A realização de uma mastectomia é um procedimento que pode acarretar alguns problemas, designadamente:

• Dor ou desconforto na zona da cirurgia
• Sintomas psicológicos (menor autoestima ou depressão)

Ao realizar a cirurgia de esvaziamento axilar (mastectomia radical), tenha também atenção a:

• Dificuldade em mover o ombro e/ou o braço
• Braço inchado (linfedema)
• Acumulação de líquido na axila (seroma)

Como se processa a recuperação?

Após uma mastectomia, uma equipa multidisciplinar juntará esforços no sentido de uma melhor recuperação da pessoa sujeita à cirurgia. O objetivo é reabilitar física e psicologicamente a mulher mastectomizada através de várias intervenções, que incluem:

• Enfermagem
  As consultas com enfermeiros são essenciais para saber, por exemplo, como cuidar um dreno (que pode ser necessário nos primeiros dias), como fazer a higiene ou como cuidar da zona operada.
• Fisioterapia (no caso da cirurgia de esvaziamento axilar)
  Os tratamentos de fisioterapia são muitas vezes prescritos após a mastectomia para ajudar a recuperar os movimentos e combater o inchaço.
• Acompanhamento por parte da Psicologia e/ou Psiquiatria
  O diagnóstico de um cancro e a sujeição a uma mastectomia são momentos difíceis na vida de qualquer pessoa, por muito forte que possa ser ou parecer. O seguimento por um profissional especializado contribui para gerir a ansiedade e outros sintomas psicológicos.
• Acompanhamento nutricional
• Ajudas técnicas

Atenção!
No caso da cirurgia de esvaziamento axilar, a fisioterapia, quando prescrita, é fundamental para recuperar os movimentos no braço afetado e para evitar ficar com um membro incapacitado.

Grupos de apoio

Existem vários grupos e associações dedicados a apoiar os doentes com cancro da mama, antes ou depois de uma intervenção cirúrgica. O convívio com pessoas que já passaram ou estão a passar pelo mesmo problema pode ajudar a enfrentar esta fase.