O papel do médico de Medicina Geral e Familiar
O médico assistente desempenha um papel crucial na vigilância da saúde, na prevenção e no diagnóstico precoce de possíveis doenças.
O médico de família está focado no indivíduo como um todo, no seu contexto familiar e social, promovendo o seu bem-estar físico e psíquico, para que o paciente possa viver na plenitude das suas faculdades.
Este médico é o pilar dos cuidados de saúde e é responsável por coordenar todos os aspetos do mesmo, trabalhando em sinergia com outras especialidades, no melhor interesse do doente.
A visita frequente ao seu médico assistente e a realização regular de determinados exames médicos aumenta a probabilidade de diagnósticos precoces e atempados, oferecendo melhores hipóteses de tratamento e cura.
Além disso, o bom relacionamento com o seu médico de Medicina Geral e Familiar leva a estilos de vida mais saudáveis e menos prejudiciais física, mental e socialmente.
Todos beneficiam das consultas regulares com o seu médico assistente
O médico de família aborda todo o tipo de doenças de todo o tipo de sistemas, em todas as faixas etárias e em ambos os géneros. Observa e orienta doentes com queixas respiratórias, cardíacas, urinárias, musculares, neurológicas e outras. Gere igualmente condições como a hipertensão, a diabetes, a depressão, a obesidade, a ansiedade, as doenças cardíacas e muitas outras.
Portanto, independentemente do género, idade ou tipo de doença, o médico de Medicina Geral e Familiar trabalha junto com o paciente e o seu contexto familiar, para alcançar os melhores resultados possíveis.
A prevenção é o melhor remédio
O médico assistente atua na prevenção primária, reduzindo a incidência de doenças de alguma forma evitáveis, como por exemplo a Hipertensão Arterial e a Diabetes Mellitus.
A evidência mostra que indivíduos que mantêm uma relação contínua de proximidade com o seu médico de família apresentam:
- melhores índices ao nível da sua saúde em geral
- menores comorbilidades
- menor taxa de mortalidade
- menores custos com a sua saúde
O médico de família desempenha igualmente um papel cada vez mais importante no diagnóstico precoce. Indivíduos que têm um médico assistente são mais dedicados e atentos ao seguimento e vigilância da sua saúde, mantendo consultas e exames regulares, e gerindo melhor os seus problemas de saúde. São também capazes de expressar melhor as suas queixas, levando a diagnósticos corretos mais frequentes e mais atempados.
Não ter medo de ir ao médico
Apesar de alguns pacientes serem prudentes com a vigilância da sua saúde, visitando regularmente o seu médico assistente, a maioria das pessoas não o é, acabando por procrastinar indefinidamente até que algo os assuste.
Ninguém gosta de ouvir más notícias, e esse é um dos motivos pelos quais algumas pessoas não vigiam adequadamente a sua saúde. No entanto, diagnósticos tardios são em geral mais difíceis de tratar.
Com que frequência deve consultar o seu médico assistente?
O relacionamento com o médico assistente é diferente, no sentido em que perdura por toda a vida, há uma continuidade de cuidados que dura vários anos e atravessa diferentes ciclos de vida.
A frequência com que deve consultar o seu médico de Medicina Geral e Familiar varia de acordo com a idade e o risco de doença.
O envelhecimento é porventura o fator de maior risco para o desenvolvimento da maioria das doenças. Os médicos de família, que estão na melhor posição para cultivar relacionamentos de longo prazo com os pacientes, estão excecionalmente bem posicionados para ajudar as pessoas a envelhecer com boa saúde.
Dos 18 aos 30 anos
Indivíduos saudáveis entre os 18 e os 30 anos devem a cada dois a três anos visitar o seu médico assistente para uma consulta de rotina/vigilância. Isto sem ter em conta os antecedentes familiares, ocupação profissional e estilos de vida, já que os mesmos podem ditar vigilâncias mais frequentes. Nas mulheres, é importante destacar os benefícios do início do rastreio regular da neoplasia maligna do colo do útero nesta idade, através da realização da citologia cervicovaginal.
Dos 30 aos 50 anos
Entre os 30 e os 50 anos a maioria das pessoas deve visitar o seu médico assistente para um exame clínico-analítico anual.
Doenças comuns, como obesidade, diabetes e hipertensão, são frequentemente silenciosas, não causam sintomas, e podem ser detetadas precocemente.
Durante este período, as mulheres devem igualmente começar a discutir com o seu médico assistente os benefícios do rastreio regular do cancro da mama, através da vigilância imagiológica.
A partir dos 50 anos
A partir dos 50 anos os exames médicos anuais e/ou bianuais tornam-se muito mais importantes, e tanto homens como mulheres devem ponderar o rastreio do cancro colorretal, de acordo com as recomendações.
+65
Pessoas com 65 ou mais anos são mais vulneráveis e correm maiores riscos. O estado de doença é mais frequente neste grupo etário e a hospitalização também. É importante manter uma vigilância regular mais frequente e adotar atitudes preventivas como por exemplo a toma da vacina contra a gripe ou a toma da vacina antipneumocócica.
Doença crónica
Nos doentes com doença crónica as recomendações mudam e adaptam-se face ao tipo de problema e evolução do mesmo em todo o seu contexto multidimensional.
Em que consiste uma consulta de rotina?
O seguimento periódico com o seu médico assistente envolve sempre uma revisão da história clínica atual, dos antecedentes médicos, dos antecedentes familiares, da medicação habitual e de novo, dos hábitos sociais (ingestão de álcool, tabaco, estupefacientes, etc) e a realização de um exame objetivo onde a auscultação cardiopulmonar, a inspeção, palpação abdominal, exame neurológico, medição da tensão arterial e outros são frequentemente realizados.
Os exames complementares de diagnóstico seguem as impressões colhidas durante o exame subjetivo e objetivo e podem incorporar análises ao sangue, à urina, exames de imagem, exames eletrofisiológicos e outros.
O presente e o futuro: como manter uma vida saudável
A saúde em geral está a ser moldada pelo envelhecimento demográfico e pela globalização de estilos de vida pouco saudáveis. Sob a pressão dessas imposições, o fardo de doença mudou elementarmente. As doenças crónicas não transmissíveis superam agora as doenças infeciosas como a principal causa de morbilidade, incapacidade e mortalidade.
A prevenção tornou-se problemática porque as raízes das doenças crónicas residem em setores não relacionados com a saúde. Os mesmos são profundamente moldados pelos produtos e práticas de marketing das indústrias de tabaco, alimentos, bebidas e álcool. O melhor exemplo disso são a obesidade, a hipertensão e a diabetes. Mas outros existem.
Somos nós e as nossas escolhas que marcam a diferença. É crucial hoje, mais do que nunca, termos capacidade e sentido crítico apurado na seleção do tipo de informação que consumimos e como a processamos. A nossa saúde depende disso.
As nossas escolhas devem refletir cuidados alimentares adequados, prática de exercício físico regular e ausência de consumos nocivos. Por último, é igualmente fundamental, preservarmos a nossa saúde mental numa sociedade que caminha cada vez mais para o isolamento digital. Ser saudável é uma oportunidade e não um sacrifício.