O que é a adenomiose uterina?
A adenomiose uterina é uma doença do endométrio que provoca períodos menstruais abundantes e dolorosos, mas para a qual existe tratamento.
A adenomiose é uma condição em que se verifica aumento do tamanho do útero e que pode provocar dor crónica. A espessura das paredes uterinas aumenta, provocando hemorragias uterinas anómalas abundantes ou prolongadas. Este aumento da espessura do endométrio (músculo que reveste o útero) é provocado por um crescimento anormal do tecido endometrial (camada mucosa que reveste o interior do útero) na espessura das paredes do útero. Como resultado, ocorrem menstruações dolorosas e abundantes, com grandes perdas de sangue, dismenorreia, dispareunia, dor crónica pélvica e pode ser causa de infertilidade.
O que distingue adenomiose da endometriose?
Ambas as condições dizem respeito ao crescimento anormal do tecido endometrial. No caso da adenomiose, o endométrio cresce na espessura da parede uterina. No caso da endometriose, o tecido endometrial cresce para o exterior do útero, afetando órgãos como os ovários ou as trompas de falópio e, muitas vezes, outros órgãos abdominais como o intestino.
O que origina a adenomiose?
Existem alguns fatores que são comuns à maioria das pessoas diagnosticadas com adenomiose:
- Faixa etária entre os 35 e os 50 anos (embora estudos recentes indiquem que a adenomiose está também presente entre jovens mulheres)
- Gravidez e parto vaginal
- Cirurgias uterinas, como cesariana, remoção de miomas uterinos ou dilatação e curetagem
O crescimento do tecido endometrial está associado a elevados níveis de estrogénio, o qual proporciona a dilatação uterina durante a menstruação. Este facto justifica que os sintomas sejam mais intensos durante o ciclo menstrual quando o nível hormonal está mais elevado.
A adenomiose causa infertilidade?
A adenomiose pode implicar dificuldade ao tentar engravidar e pode resultar também em perdas gestacionais e partos prematuros (antes das 37 semanas). Alguns dados afirmam que a adenomiose está presente em um a 14% dos casos de infertilidade feminina.
Mulheres com adenomiose diagnosticada e tratada conseguem engravidar e, nesse processo, tratamentos hormonais e de fertilidade podem ser vantajosos.
Que outras consequências tem a adenomiose?
Os períodos menstruais mais abundantes do que o comum são o principal sintoma a estar atento e que deve levar a procurar ajuda médica. Outros aspetos mais frequentes são:
- Dismenorreia (dor pélvica durante o período menstrual)
- Dispareunia (dor durante a relação sexual)
- Dor durante o exame ginecológico
- Aumento do fluxo menstrual, o que, em casos severos, leva a cansaço, défice de ferro e anemia
- Dor pélvica crónica
Apesar destes sintomas, estima-se que um terço das pessoas com adenomiose permaneça assintomática.
Como pode saber se tem adenomiose?
Perante os sintomas de hemorragia menstrual abundante e dor frequente há alguns exames que o médico ginecologista pode requisitar para diagnosticar adenomiose:
- Ecografia transvaginal (ETV) permitirá ao médico reconhecer um útero com aspeto inchado e globoso, o que associado a períodos menstruais com grandes perdas de sangue e dolorosos pode ser diagnosticado como adenomiose.
- Ressonância magnética pode confirmar o diagnóstico em caso de dúvidas, se o útero aparecer com contornos irregulares e um tamanho superior ao que seria expectável. Além disto, pode ser visível a espessura aumentada das paredes do útero.
Existe tratamento para a adenomiose?
Os tratamentos hormonais e outro tipo de fármacos controlam os sintomas e melhoram a qualidade de vida a quem sofre desta condição:
- Analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides, como o paracetamol, ibuprofeno ou naproxeno, aliviam as dores durante a menstruação.
- Contraceção hormonal, incluindo vários tipos de pílula e a colocação de dispositivos intrauterinos (DIU), podem estar indicados para regular a menstruação e os sintomas associados.
Com a menopausa, a adenomiose desaparece, uma vez que a sua ocorrência está associada a elevados níveis de estrogénio e aos ciclos menstruais, que terminam.
Em casos graves, a terapêutica cirúrgica pode estar indicada.
Cleveland Clinic, maio de 2022
Mayo Clinic, maio de 2022
Manual MSD, maio de 2022
Sociedade Portuguesa de Ginecologia, maio de 2022