Quais as possíveis causas da menopausa precoce?

Saúde da mulher
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Quando a menopausa surge antes dos 40 anos é considerada precoce, o que pode acontecer por razões genéticas ou outros fatores.

A esperança média de vida tem vindo a aumentar nos países desenvolvidos, mas a idade média da menopausa nas mulheres mantém-se entre os 45 e os 55 anos. No entanto, para algumas mulheres a menopausa surge precocemente, antes dos 40 anos, ou, em casos mais raros, antes dos 30. A idade da menopausa é determinada geneticamente, mas existem outros fatores que podem influenciar este processo.

 

O que é a menopausa?

Menopausa designa o momento da vida da mulher em que deixa de ter menstruação em consequência da falência ovárica definitiva. Isto é, os ovários deixam de produzir óvulos devido à diminuição de produção de hormonas, como o estrogénio e a progesterona, que regulam o ciclo menstrual da mulher. Quando isto acontece de forma espontânea, sem uma causa patológica, o diagnóstico é feito após 12 meses consecutivos sem menstruação.

 

Sabia que...

Devido à diminuição das taxas de mortalidade e ao aumento da esperança média de vida, a percentagem de mulheres em pós-menopausa é cada vez maior. Mais mulheres vivem cerca de um terço da sua vida em pós-menopausa, período após a última menstruação.

 

O que define a menopausa precoce?

A menopausa precoce é definida pela idade em que acontece - antes dos 40 anos - e ocorre em 1 % das mulheres. É necessário que a mulher passe mais de 12 meses consecutivos sem menstruação para se confirmar a menopausa.

A menopausa precoce pode também ser chamada falência ovárica prematura e marca o momento da vida da mulher em que deixa de poder engravidar.

 

Deixar de menstruar antes dos 40 anos é um problema de saúde?

A menopausa é um processo natural do envelhecimento da mulher e deve ser acompanhada por um médico para gerir sintomas e efeitos da diminuição do estrogénio no corpo. Os riscos de osteoporose e de doenças cardiovasculares aumentam após a menopausa e por isso deve haver particular atenção à saúde da mulher, incluindo estar atento a maior risco de depressão, de demência ou de doença de Parkinson.

As mulheres que têm menopausa mais cedo têm maior risco de apresentar sintomas mais severos e, em alguns casos, de disfunção sexual e diminuição da libido.

 

Atenção!

Nem sempre uma ausência de menstruação significa menopausa. Pode acontecer também por insuficiência ovárica primária, que designa a perda de função dos ovários e o período menstrual pode voltar ocasionalmente ou de forma irregular, permitindo que a mulher engravide.

 

Quais as causas da menopausa precoce?

A interrupção precoce da ovulação pode acontecer naturalmente ou como efeito secundário de tratamentos médicos ou mesmo de síndromes e doenças - especialmente aqueles que têm impacto nos ovários ou alteram a produção de estrogénio.

Cirurgias como a remoção do útero (histerectomia) ou remoção dos ovários e trompas de Falópio (anexectomia) têm como consequência o início da menopausa. Há ainda outros fatores que podem causar menopausa precoce:

  • Tratamentos de quimioterapia ou radioterapia para tratamento de cancro. A probabilidade de quimioterapia ou radioterapia conduzirem a menopausa precoce depende da idade (em mulheres mais velhas é mais provável) e do tipo de tratamento e da zona em que a radioterapia se aplica (é mais provável quando é direcionada à pélvis ou ao cérebro);
  • Ter história familiar de menopausa precoce;
  • Ocorrência da primeira menstruação, a menarca, antes dos 11 anos;
  • Síndromes ligadas aos cromossomas, como síndrome de Turner ou o síndrome do X frágil;
  • Doenças autoimunes, como artrite reumatoide, doença de Crohn ou tiroidite autoimune;
  • Tabagismo - para as mulheres fumadoras, a menopausa antecipa-se dois anos, em média;
  • Encefalomielite miálgica / síndrome de fadiga crónica;
  • Ser portadora de HIV ou SIDA;
  • Infeções como a papeira, malária ou tuberculose.

 

Sabia que...

Há fatores que, pelo contrário, podem atrasar o aparecimento da menopausa. Alguns deles são a multiparidade (ter tido mais de uma gestação ao longo da vida), obesidade e alcoolismo.

 

Quais os sintomas da menopausa precoce?

O principal sintoma da menopausa precoce é a não ocorrência de menstruação na ausência de gestação ou outra razão aparente e conhecida.

Mesmo que haja uma razão conhecida para a menopausa - como as cirurgias referidas - a diminuição de hormonas como o estrogénio e a progesterona desencadeiam sintomas como:

  • Afrontamentos, ou seja, a sensação repentina de calor acompanhada de suor, sem razão aparente. Pode durar alguns segundos ou minutos e pode acontecer apenas algumas vezes por mês ou várias vezes ao dia;
  • Suores noturnos e insónias;
  • Secura vaginal e alterações vaginais decorrentes do decréscimo de estrogénios - o tecido que reveste a vagina torna-se mais fino e a lubrificação diminui e, por isto, pode haver algum desconforto durante as relações sexuais;
  • Diminuição da libido;
  • Alterações de humor, irritabilidade fácil, ansiedade e tristeza;
  • Problemas de memória e de concentração;
  • Infeções urinárias mais frequentes como resultado das alterações da mucosa vaginal;
  • Pele, olhos e boca mais secos;
  • Alterações mamárias;
  • Dores musculares e nas articulações;
  • Alterações de peso - especialmente facilidade de aumento de peso devido às alterações no metabolismo;
  • Perda de cabelo ou da sua espessura.


A menopausa precoce é reversível?

A menopausa não é reversível. No entanto, é possível gerir os sintomas provocados pelas alterações hormonais em conjunto com o médico especialista. As terapêuticas hormonais de substituição (THS) são tratamentos que repõem parte das hormonas que o corpo deixou de produzir naturalmente.

Estes tratamentos devem ser adaptados aos sintomas e características de cada mulher e devem fazer parte de uma estratégia global de alteração do estilo de vida que deve incluir uma alimentação equilibrada, exercício físico e a alteração dos hábitos nocivos para a saúde como o consumo de álcool e tabagismo.

Fontes:

Acta Médica Portuguesa, fevereiro de 2024

Cleveland Clinic, fevereiro de 2024

John Hopkins Medicine, fevereiro de 2024

National Library of Medicine, fevereiro de 2024

NHS, fevereiro de 2024

Sociedade Portuguesa de Ginecologia, fevereiro de 2024

Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, fevereiro de 2024

Publicado a 19/03/2024