Qual o desporto mais indicado?

A escolha de uma atividade desportiva não deve ser aleatória, devendo ser adequada ao estadio de desenvolvimento das crianças e ter em conta a sua idade, personalidade (características como a autoconfiança e o grau de sociabilização são importantes) e necessidades. Sempre que possível, a escolha deve ser feita em conjunto (pais e filhos), respeitando o gosto e interesse das crianças, em vez de resultar de uma imposição. Isto é mais relevante quando os pais praticam um determinado desporto, induzindo inconscientemente os filhos a seguirem os mesmos passos, insistindo até que o façam ao nível da competição.

Qual o tipo de desporto mais indicado 

Nas modalidades individuais, como a ginástica, patinagem ou natação, a criança é confrontada consigo própria, obrigando-se a esforçar-se, na medida em que a perfeição individual dos movimentos é importante, exigindo a si própria que faça progressivamente melhor. Isto pode promover a confiança, mas também conduzir a um isolamento.

Em contraste, os desportos coletivos como o futebol, hóquei ou râguebi, que implicam combate e oposição, confronto com os outros, podem exacerbar o espírito de competição. Mas por outro lado ajudam a trabalhar em equipa, a aprender respeitar os adversários e a desenvolver as regras, melhorando a compreensão e o respeito para com os outros.

O primeiro contacto com o desporto

Após o primeiro ano de vida, a atividade física deve e pode ser incentivada através de brincadeiras feitas pelos pais e educadores.

Nos primeiros anos o que se pretende é que as crianças se divirtam enquanto praticam o desporto, que brinquem e joguem com gosto. A competição e a especialização desportiva são prejudiciais e não estão recomendadas antes dos 8-9 anos de idade, uma vez que é exigida uma dedicação maior e por vezes sacrifício, podendo traduzir-se numa pressão sobre a criança no sentido de mostrar resultados, aos outros e a si própria, gerando níveis de ansiedade desadequados. Para além disso, existe ainda o risco de lesões provocadas pela atividade desportiva. Os pais têm de ser vigilantes de eventuais excessos de uma prática intensiva do desporto, para não penalizar o crescimento da criança, tanto a nível físico como emocional.

 O ideal é optar inicialmente pelos desportos básicos, como natação, dança e ginástica, desportos ditos “completos” que têm vantagens no desenvolvimento psicomotor da criança. Trabalham a flexibilidade, resistência e coordenação motora, contribuindo para uma postura corporal adequada. Poderão assim servir de base para desportos mais específicos no futuro.

Com a entrada na escola é aconselhável permitir à criança praticar vários desportos, dando-lhe uma base de diferentes capacidades, para que possa escolher depois o que mais lhe agrada. O ideal seria que fizesse um desporto individual e outro em grupo.

Tendo em conta a personalidade

Para crianças tímidas, os desportos coletivos são os indicados, uma vez que promovem o relacionamento entre os colegas. Numa equipa todos participam, ouvem e são ouvidos, logo a sua opinião e desempenho serão valorizados, tornando-os mais confiantes e motivados.

As crianças desafiadoras da autoridade necessitam de adquirir disciplina e noção dos limites. Artes marciais como o judo e a capoeira, que se baseiam no princípio da não-violência e no equilíbrio entre o corpo e mente, ajudam estas crianças a desenvolver a capacidade de auto controlo, com redução da agressividade.

Desportos que exigem concentração, com a realização de movimentos adequados no instante exato, como o judo, a natação ou o ténis, podem ser uma boa opção para aumentar a atenção nas crianças distraídas.

A natação pode ser praticada desde muito cedo, embora haja alguma controvérsia por parte dos otorrinolaringologistas. É uma modalidade com imensas potencialidades – desde as questões básicas de segurança, benefícios físicos ao nível do sistema respiratório e da coordenação dos movimentos, assim como proporciona uma sensação de bem-estar e relaxamento.

 Obviamente não são recomendadas atividades que envolvam algum risco para a criança, nomeadamente alpinismo ou boxe.