Sabe o que é o freio da língua curto?

Bebés e crianças
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A anquiloglossia é notada principalmente nos bebés, pois pode afetar a amamentação, mas nem sempre o tratamento é necessário. Conheça melhor esta condição.

Existem vários freios na boca, estruturas que ligam tecidos distintos, servindo de suporte para que se possam esticar, mas não se afastem demasiado entre si. Os lábios superior e inferior têm um freio que os liga às gengivas; as bochechas estão também ligadas aos maxilares dessa forma; e a língua tem um freio que vai da linha central inferior até ao pavimento da boca. Por vezes, o freio é curto e com uma ligação mais pequena, há menos movimento ou amplitude de abertura do que seria normal.

A anquiloglossia, ou freio da língua curto, é uma condição na qual essa pequena estrutura de ligamento restringe os movimentos da língua. Por vezes, a língua não consegue levantar totalmente - e até tocar no céu da boca ou nos dentes - ficando em forma de coração devido a essa resistência do freio.

 

Sabia que...

Não se conhecem as causas exatas para um freio da língua curto, mas a prevalência dessa condição é maior nos rapazes do que nas raparigas. Na última década tem havido um aumento exponencial do número de crianças diagnosticadas e tratadas com anquiloglossia nos países desenvolvidos.

 

O que provoca a anquiloglossia e como se identifica?

Ter um freio da língua curto é uma situação congénita, não havendo forma de prevenir isso - além de seguir todos os passos habituais para uma gravidez saudável em geral. Apesar da amamentação na maioria dos bebés com freio curto da língua decorrer sem dificuldade, a anquiloglossia é um de vários fatores que podem contribuir para problemas na amamentação. A língua é essencial para facilitar a sucção, pelo que o freio da língua curto pode limitar os movimentos da mesma, causando um impedimento funcional significativo à pega correta do bebé, à sucção e transferência de leite, coexistente com queixas maternas de dor / desconforto no mamilo e aréola e até trauma aquando da amamentação, resultando em aumento de risco de descontinuar a amamentação.

 

Sabia que...

O freio da língua curto do bebé pode ser identificado a partir de queixas da mãe? As dificuldades em mamar provocam frequentemente dor, inflamação e mamilos gretados, e a anquiloglossia é uma causa possível.

 

É necessário tratamento para o freio da língua curto?

O freio da língua tanto pode ser mais ou menos curto e tanto pode afetar muito o bebé ou criança como não ter quaisquer efeitos no seu desenvolvimento. Ou seja, ter o freio da língua curto não significa obrigatoriamente que seja necessário corrigi-lo.

No entanto, caso esteja a afetar a amamentação, e após avaliação por profissional treinado, poderá estar indicada intervenção. Mais tarde, por motivos de problemas de articulação de algumas palavras (atenção que o freio curto da língua não é responsável por atraso na aquisição da linguagem), ou por motivos mecânicos ou sociais (como dificuldade na higiene oral, desconforto local ou dificuldade em lamber ou beijar) também pode estar indicada intervenção.

 

Como se corrige o freio da língua curto?

Basta uma simples frenotomia - um pequeno corte com uma tesoura cirúrgica - para resolver o problema do freio lingual curto. Pode ser feito rapidamente no consultório médico e normalmente não necessita de anestesia, uma vez que aquela estrutura quase não tem nervos. Como não há muitos vasos sanguíneos, a perda de sangue é muito limitada e dispensa-se a colocação de pontos. O bebé também pode mamar após o procedimento.

No caso de crianças, quando já há desenvolvimento da dentição - ou então quando o freio é mais espesso -, pode ser necessário um procedimento cirúrgico ligeiramente mais prolongado, a frenuloplastia, com outros instrumentos, anestesia e pontos no final. O laser é também uma alternativa para esta intervenção.

Há médicos que preferem avançar rapidamente para uma frenotomia, para evitar problemas futuros, outros preferem aguardar e monitorizar a situação, que pode desaparecer naturalmente ou nunca causar incómodo ou outros problemas. Consulte o seu pediatra para avaliar a situação e aconselhar sobre o caminho certo a seguir.

Fontes:

Cleveland Clinic, junho de 2022

Mayo Clinic, junho de 2022

NHS, junho de 2022

WebMD, junho de 2022

Messner, Anna H., et al. "Clinical consensus statement: ankyloglossia in children." Otolaryngology–Head and Neck Surgery 162.5 (2020): 597-611, julho de 2022

LeFort, Y., Evans, A., Livingstone, V., Douglas, P., Dahlquist, N., Donnelly, B., ... & Academy of Breastfeeding Medicine. (2021). Academy of Breastfeeding Medicine Position Statement on ankyloglossia in breastfeeding dyads. Breastfeeding Medicine, 16(4), 278-281, julho de 2022

Publicado a 11/08/2022