Necrose da cabeça do fémur
O que é?
A osteonecrose, também conhecida como necrose avascular ou necrose asséptica, é uma doença em que há um compromisso da circulação sanguínea da cabeça femoral. A necrose óssea leva ao enfraquecimento da estrutura óssea e eventualmente ao afundamento da cabeça femoral e perda da sua esfericidade.
Este problema afeta indivíduos a partir dos 30 anos e pode ter um grande impacto na qualidade de vida, uma vez que muitos dos doentes são jovens, pelo que têm de alterar o seu trabalho e atividades de lazer, após o diagnóstico.
5% a 12% do total de artroplastias totais da anca são efetuadas em doentes com NACF em que existe colapso e perda da esfericidade da cabeça do fémur.
Sintomas
O sintoma mais comum é a dor de tipo mecânico, referida à virilha, podendo também ser referida à região na nádega ou trocantérica.
Diagnóstico
Um diagnóstico precoce da osteonecrose permite o tratamento numa fase inicial.
Tal como em qualquer outro diagnóstico, a história clínica é determinante. Um elevado nível de suspeita é fundamental, especialmente se o doente tiver fatores de risco para esta patologia.
A radiografia simples deve ser o primeiro passo. As alterações radiográficas tornam-se visíveis algum tempo após o início da doença e incluem quistos, esclerose, ou um sinal de crescente (sinal de colapso subcondral do segmento necrótico) da cabeça do fémur. A visualização destas alterações é mais fácil na incidência de perfil da anca.
A cintigrafia óssea com tecnésio 99 era bastante utilizada nos doentes de elevado risco com um exame radiográfico negativo. No entanto, estudos recentes têm demonstrado que a cintigrafia óssea tem valor limitado e é menos sensível que a ressonância magnética.
A ressonância magnética, pela sua elevada sensibilidade e especificidade, é atualmente o método imagiológico de eleição para o diagnóstico precoce da osteonecrose.
A tomografia computorizada (TC) pode identificar o colapso da cabeça femoral.
Tratamento
O objetivo final do tratamento da necrose avascular da cabeça femoral é a preservação da anca nativa. A etiologia e a evolução da doença é muito variável.
Os métodos não cirúrgicos descritos são a oxigenoterapia hiperbárica e a terapêutica farmacológica com bifosfonatos.
Os métodos cirúrgicos possíveis são a descompressão da cabeça femoral, o enxerto de perónio vascularizado, as osteotomias, o enxerto não vascularizado e as técnicas artroplásticas. O objetivo da descompressão da cabeça femoral é diminuir a pressão intraóssea e estimular o fluxo vascular e a regeneração óssea a nível da cabeça femoral através da criação de perfurações na cabeça do fémur através do colo. Está técnica está indicada em fases precoces da doença e antes de existir colapso da cabeça femoral.
Causas
A osteonecrose pode estar associada a causas traumáticas ou não traumáticas.
A osteonecrose da cabeça femoral secundária ao trauma envolve quase sempre uma fratura descoaptada do colo do fémur ou uma luxação da anca.
A osteonecrose de natureza não traumática está associada a várias situações:
- Utilização de corticosteróides
- Consumo excessivo de álcool
- Hemoglobinopatias
- Disbarismo
- Doença de Gaucher
- Deposição intra-óssea de lipídios
- Infeção pelo HIV
- Tratamento com retrovirais
- Reações de hipersensibilidade
- Situações relacionadas com libertação de tromboplastina como a gravidez, tumores malignos e doenças inflamatórias intestinais.