O que é?

A poliomielite é uma infeção causada pelo vírus da poliomielite, muito contagiosa e, por vezes, mortal.

O poliovírus transmite-se ao engolir substâncias contaminadas por fezes infetadas. A infeção estende-se do intestino ao corpo todo, mas o cérebro e a espinal medula são os mais gravemente afetados. 

Tipicamente, os surtos de poliomielite surgiam durante os meses de verão e de outono em zonas de clima temperado. Nos países em vias de desenvolvimento, o vírus propaga-se através da água contaminada por fezes humanas e afeta sobretudo crianças com idade inferior a cinco anos.

É uma doença grave que pode causar paralisia irreversível num em 200 casos e, desses, 5% a 10% podem morrer na sequência da doença. Desde 1988, o número diminuiu em mais de 99%. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2013 foram reportados apenas 406 casos. Em 2014, a poliomielite permanece endémica somente em três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão.

O esforço para a sua erradicação persiste porque, enquanto existir uma criança infetada esse risco permanece para milhões de outras em todo o mundo. Nos países industrializados, trata-se, felizmente, de uma infeção extremamente rara hoje em dia, graças aos extensos programas de vacinação.

Sintomas

  • Poliomielite ligeira: Tende a ser mais comum nas crianças mais jovens. Os sintomas, que se iniciam entre o 3.º e o 5.º dia depois da infeção, consistem numa sensação de mal-estar geral, febre ligeira, dor de cabeça, irritação da garganta e vómitos. A recuperação faz-se normalmente em 24 a 72 horas;
  • Poliomielite grave: É mais provável nas crianças mais velhas e nos adultos. Os indícios, que normalmente surgem entre o 7.º e o 14.º dia depois da infeção, incluem febre, dor de cabeça e muscular profunda, rigidez do pescoço e dor nas costas. Em algumas zonas da pele ocorrem sensações de picadas e uma invulgar sensibilidade à dor. A doença pode estacionar ou progredir e desenvolver debilidade ou paralisia em certos músculos, dependendo das regiões do cérebro e da espinal medula que foram afetadas. Pode também ocorrer dificuldade em engolir saliva, alimentos ou líquidos.

A complicação mais grave é a paralisia permanente, embora ocorra em menos de um em cada 200 casos. A debilidade de um ou mais músculos é bastante frequente. Por vezes, a parte do cérebro responsável pela respiração pode ser atingida e provocar debilidade ou imobilidade nos músculos do peito. Hoje em dia, a morte por esta enfermidade é rara.

Alguns pacientes desenvolvem outras complicações 20 a 30 anos depois de terem sofrido um ataque de poliomielite. Esta doença (síndroma de pós-poliomielite) consiste numa fraqueza muscular progressiva, que muitas vezes provoca invalidez.

Causas

O agente da poliomielite é um vírus que é adquirido pela ingestão de substâncias contaminadas. Entra pela boca e replica-se na faringe e no tubo digestivo, estando presente nas fezes ainda antes do início dos sintomas.

Após a contaminação, este passa para a corrente sanguínea e infeta as células do sistema nervoso, destruindo neurónios motores e, assim, causando as manifestações típicas da poliomielite.

Diagnóstico

O diagnóstico clínico permite uma boa orientação mas a confirmação é laboratorial, sendo possível isolar o poliovírus numa análise às fezes e detetar anticorpos contra o vírus no sangue.

Tratamento

A poliomielite não tem cura e os medicamentos antivirais não afetam o curso da doença. No entanto, se os músculos da respiração forem debilitados, pode ser utilizado um ventilador artificial. O foco do tratamento é proporcionar conforto, acelerar a recuperação e evitar complicações. O repouso e o uso de analgésicos são úteis. A fisioterapia moderada ajuda a prevenir deformidades e a perda de função muscular. Uma dieta equilibrada é igualmente importante no restabelecimento destes doentes.

Prevenção

A vacinação é o método principal de prevenção e está incluída no calendário de imunizações das crianças.

Existem dois tipos de vacinas, uma com poliovírus inativado (vacina de Salk), que é administrada em forma de injeção, e outra com poliovírus vivos (vacina de Sabin), de administração oral. A inativada é administrada aos dois, quatro e seis meses, sendo feito um reforço entre os cinco e os seis anos.

Em casos muito raros, a vacina com poliovírus vivos pode provocar poliomielite, sobretudo em pessoas que têm um sistema imunitário deficiente. Por esse facto, não é administrada a estas pessoas ou às que tenham contacto permanente com elas, porque o vírus vivo elimina-se pelas fezes durante determinado tempo após a vacinação.

Nos países industrializados não se recomenda vacinar pela primeira vez pessoas maiores de 18 anos, pois o risco de adquirir poliomielite nessas circunstâncias é extremamente baixo. Os adultos que nunca tenham sido imunizados e que vão viajar para uma zona onde a poliomielite ainda representa um problema sanitário devem ser vacinados.

Fontes

Manual Merck Online 2014

WHO 2014

Centers for Disease Control and Prevention, 2013

Programa Nacional de Vacinação, Direção Geral da Saúde, 2013

Doenças relacionadas