O que é?

A pubalgia resulta de um uso excessivo e repetitivo da sínfise púbica e pode implicar uma interrupção prolongada na atividade física.

Esta entidade é também conhecida como osteíte púbica, uma vez que ocorre dor e inflamação das estruturas ao redor e sobre a sínfise púbica.

O osso púbico é local onde se inserem diversos músculos, cujos tendões ficam inflamados devido ao stress repetitivo na região da sínfise púbica.

Muitos atletas, desportistas, praticantes de futebol, corrida de longa distância entre outros, sentem uma dor incómoda na região próxima à sínfise púbica, causada por sobrecarga, excesso de uso, trauma direto ou algum golpe que produz inflamação e dor.

Sintomas

A dor só aumenta de intensidade quando a doença vai se agravando. O início da pubalgia é insidioso, aumentando progressivamente até ao momento em que os movimentos ficam limitados. Com o passar do tempo, as dores que antes se concentravam apenas no quadril, migram para outras partes, como o abdómen inferior e virilhas. 

Esta doença pode ser facilmente confundida com outros problemas, como hérnias inguinais, rupturas, infeção urinária e tendinites nos músculos adutores. 

Os sintomas são idênticos aos de um estiramento muscular, ocorrendo dor durante a corrida, exercícios abdominais e os agachamentos.

Pode também ocorrer dor na região abdominal inferior, irradiando para a região interna da coxa. A dor pode também ser sentida a nível da inserção dos retos abdominais.

Os movimentos laterais, os movimentos de cabeceio, as flexões do quadril e do tronco podem ser dolorosos.

Esta dor piora com o exercício, esforço ou com certas posturas, podendo ser sentida ainda ao subir escadas ou no impulso do quadril para frente.

A dor pode ainda irradiar para o períneo e testículos e pode causar lombalgia quando associada a uma lesão da sacroilíaca.

Causas

Os atletas são frequentemente submetidos a um grande número de jogos e treinos, não havendo muitas vezes um tempo necessário para o repouso ou para um programa adequado de alongamentos, o que predispõe o aparecimento desta entidade.

A falta ou a inadequada execução de alongamento da musculatura adutora da coxa somado ao excesso de exercícios abdominais que os atletas realizam, podem causar desequilíbrio muscular na sínfise púbica e, consequentemente, pubalgia. 

A gravidez é também um factor de risco para a pubalgia. 

Por outro lado, existem fatores de risco que são intrínsecos a cada pessoa como, por exemplo, anomalias congénitas ou adquiridas da parede abdominal sobretudo nas suas localizações mais inferiores, tal como as anomalias do canal inguinal ou as desigualdades no comprimento dos membros inferiores que são muito frequentes, embora inaparentes, e que geram instabilidade pélvica.

A qualidade do solo e do calçado usado (pisos duros e uso de calçado com pouca absorção de choques) pode igualmente contribuir para o desenvolvimento da pubalgia.

Diagnóstico

O diagnóstico da pubalgia pode ser demorado, dado o grande número de perturbações que afetam esta região do quadril, podendo mascarar os sintomas da pubalgia e retardar um diagnóstico preciso.

De um modo geral, o diagnóstico é clínico, sendo confirmado por radiografia da zona pélvica, para se observar a presença de instabilidade da sínfise púbica em mais de 2mm. A radiografia revela ainda a presença de sinais de espessamento do osso, sinal que traduz a presença de inflamação.

A ressonância nuclear magnética permite estudar as partes moles.

Tratamento

O tratamento passa pelo repouso, pelo uso de gelo e anti-inflamatórios orais. 

Após a fase aguda, podem-se utilizar compressas de água quente sobre a região, que promovem a vasodilatação, benéfica para a diminuição da dor e para o relaxamento da musculatura adjacente.

Assim que a dor diminuir, podem ser iniciados exercícios de alongamento para os músculos da região interna da coxa, exercícios de fortalecimento abdominal e da região lombar, exercícios de fortalecimento dos adutores, abdutores, flexores e extensores do quadril e exercícios de estabilização do tronco e da coluna vertebral.

O retorno à atividade desportiva pode ocorrer nos casos mais ligeiros ao fim de 3 a 5 dias.

Nos casos mais graves, o repouso e tratamento devem durar 3 semanas a 3 meses, podendo demorar até 6 meses.

Se, após 3 meses, o tratamento conservador não for eficaz, deve-se considerar o tratamento cirúrgico.

Prevenção

A prevenção passa por um treino programado e progressivo e pela prevenção e tratamento de todos os fatores predisponentes.

A musculatura abdominal deve ser bem trabalhada e os alongamentos musculares devem ser feitos em todos os treinos, de modo a se conseguir um correto equilíbrio dinâmico da bacia.

Fontes

American Academy of Orthopaedic Surgeons, 2013

Mayo Foundation for Medical Education and Research, Agosto 2010

Johns Hopkins Department of Orthopaedic Surgery, 2012

Irmran M. Omar e col., Athletic Pubalgia and “Sports Hernia”: Optimal MR Imaging Technique and Findings, September 2008 RadioGraphics, 28, 1415-1438

Dave Kohlrieser, Sports Hernia Rehabilitation and Return to Sport

Isabela de Souza Falchetti e col., Pubalgia Crônica: Uma Abordagem Fisioterapêutica, 2004