SIDA

Vírus da Imunodeficiência Humana

O que é?

A SIDA é um quadro clínico resultante da infeção pelo VIH, do qual se conhecem dois tipos: o VIH 1 e o VIH 2.

Trata-se de uma doença que se transmite pelo sangue e pelo contacto sexual - pelo que qualquer pessoa pode ser infetada -, em que o VIH invade as células do sangue responsáveis pela defesa do organismo contra outras infeções e alguns tumores, comprometendo-a. Num doente com as defesas muito diminuídas, mesmo uma simples infeção pode tornar-se fatal.

Os primeiros casos de síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) foram relatados na década de 80 e, atualmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que existam cerca de 36,9 milhões de pessoas infetadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH).

Relativamente ao panorama nacional  “até final de 2017 foram diagnosticados, cumulativamente, em Portugal, 57.913 casos de infeção por VIH, dos quais 22.102 atingiram estádio de SIDA”- Relatório Infeção VIH e SIDA da Unidade de Referência e Vigilância Epidemiológica do Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em colaboração com o Programa Nacional da Infeção VIH e SIDA da Direção-Geral da Saúde.

Sintomas

A infeção pelo VIH no início  é pouco percetível porque os sintomas são ligeiros e confundíveis com um quadro gripal ou de virose comum. Em cerca de 30% dos casos, ocorre, nos 10 a 15 dias após a infeção, um período febril, curto, sem características especiais, como se fosse uma gripe. 

Após a infeção, a SIDA tem um longo período de evolução silenciosa sem provocar a mais pequena perturbação ou queixa. É o período durante o qual o vírus se instala, começa a invadir e destruir os linfócitos (células responsáveis pelas nossas defesas) e a multiplicar-se. Durante essa fase, o organismo compensa essa perda de células aumentando a sua produção e tentando eliminar o vírus. A sua duração é muito variável (em média de 8 a 10 anos) e depende da intensidade e gravidade da infeção, da capacidade de defesa do organismo e da ocorrência de outras doenças que reduzam a capacidade de defesa. Durante este período, o paciente é referido como sendo portador do vírus ou seropositivo, uma vez que as análises realizadas nesta fase conseguem identificar sua a presença.

Mesmo sem sinais de doença, um portador do VIH pode infetar qualquer pessoa com quem tenha contacto sexual.

No final desta longa fase silenciosa, as defesas do organismo entram em colapso e surgem todas as complicações que definem a SIDA:

  • Infeções por microrganismos comuns que aqui adquirem maior gravidade
  • Infeções por agentes mais raros
  • Alguns tipos de cancro que, em condições normais, não se conseguiriam desenvolver

Causas

Para que o VIH se possa desenvolver e proliferar e, assim, causar doença, tem de ter acesso à corrente sanguínea, uma vez que no exterior, fora das células, ele é rapidamente destruído. 

As principais formas de transmissão deste vírus são as seguintes:

  • Produtos e derivados do sangue. Esta via é, actualmente, muito rara porque todos os dadores de sangue fazem testes laboratoriais para este vírus.
  • Utilização de agulhas contaminadas. Este cenário é impossível em estabelecimentos de saúde, onde todas as agulhas são descartáveis, mas pode ocorrer no contexto da toxicodependência através da partilha de seringas e agulhas. Graças a diversas medidas de informação, esta via de transmissão tem vindo a ser substancialmente reduzida.
  • Contacto sexual. Qualquer relação sexual não protegida, heterossexual (a forma de transmissão mais frequente em Portugal, que corresponde a cerca de 60% do casos) ou homossexual, pode ser uma forma de transmissão deste vírus.
  • Gravidez. É possível a transmissão do vírus numa mulher grávida infetada aos seus filhos. Um tratamento apropriado durante a gravidez reduz de forma muito significativa esse risco. A contaminação no momento do parto ou durante a amamentação é muito menos provável.

Diagnóstico

O diagnóstico é simples e baseia-se na análise da saliva ou sangue onde se podem encontrar anticorpos conta o VIH.

De um modo geral, nas primeiras semanas após a infeção esses testes são ainda negativos. Contudo, têm sido desenvolvidos novos testes que permitem um diagnóstico mais rápido, logo nos primeiros dias após a infeção, o que é importante, pois a eficácia do tratamento será tanto maior quanto mais precocemente a infeção for detetada.

Além de permitirem confirmar a presença de infeção, os testes laboratoriais são importantes na definição da evolução da SIDA e na seleção dos melhores medicamentos para a tratar.

 

Tratamento

Não existe ainda uma cura para a SIDA. Trata-se de um vírus com uma enorme capacidade de multiplicação e que sofre inúmeras mutações que dificultam o tratamento porque, com frequência, tornam o vírus resistente aos medicamentos em curso.

O número de medicamentos disponíveis para controlar esta infeção é atualmente muito significativo e, na maioria dos casos, é possível manter uma boa qualidade de vida durante muito tempo.

A eficácia do tratamento depende da precocidade do diagnóstico e de um controlo médico regular que permita avaliar, a cada momento, a manutenção da resposta aos medicamentos selecionados.

Prevenção

Não existe ainda nenhuma vacina eficaz contra este vírus.

Na prevenção  não devem ser considerados grupos de risco, mas sim comportamentos de risco e, por isso, uma correta informação e o uso do bom senso permitem, em muitos casos, manter este vírus à distância. 

A prevenção inclui a adoção de medidas como:

  • Uso de preservativo
  • Evitar o contacto direto com sangue ou produtos seus derivados
  • Fazer o teste do VIH
Fontes:

AIDS Portugal, 2013

Centers for Disease Control and Prevention, abril de 2012

Mayo Foundation for Medical Education and Research, agosto de 2012

Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

Programa Nacional para a infecção VIH/SIDA

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