Nutrição e Cancro
A Nutrição é uma especialidade técnica que avalia e define qual o melhor regime alimentar para o tratamento e prevenção de várias doenças.
No âmbito da doença oncológica, os dietistas e nutricionistas participam activamente no acompanhamento dos doentes oncológicos junto das especialidades médicas que interagem no tratamento da mesma, adequando os planos alimentares a cada caso, garantindo o suporte nutricional necessário para o bem estar físico do doente.
Neste livro encontrará dicas de alimentação e vários conselhos de saúde, desenvolvidos por médicos especialistas CUF e pelas equipas de nutrição da CUF e do Pingo Doce, com 100 receitas que seguem os princípios da Dieta Mediterrânica, que o ajudarão a lidar com os efeitos secundários dos tratamentos oncológicos.
A disosmia corresponde à alteração da sensação do olfato, nomeadamente para uma maior perceção de odor desagradável. Ocorre, geralmente, após a realização dos tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia, principalmente na zona da cabeça e do pescoço. Estas alterações no olfato podem manifestar-se de diferentes formas:
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Maior sensibilidade a diferentes cheiros;
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Os alimentos terem um cheiro diferente;
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Intolerância ao odor dos alimentos, o que poderá
tornar mais complicado consumi-los;
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Alguns cheiros podem provocar náuseas;
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Sentir cheiros que as outras pessoas não sentem.
A alteração do paladar, também denominada disgeusia, corresponde à modificação do sabor e do gosto dos alimentos e das bebidas. Pode ocorrer, em alguns casos, ageusia, ou seja, a perda total do paladar. Estas alterações ocorrem, frequentemente, após a realização de tratamentos oncológicos, como quimioterapia e radioterapia. As mais comuns são:
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Diminuição/aumento da perceção do gosto salgado, doce, ácido ou azedo;
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Presença de um sabor metálico ou químico na boca;
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Incapacidade de sentir o sabor salgado dos alimentos;
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Sentir que todos os alimentos têm um sabor semelhante;
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Aversão a determinados alimentos.
A boca seca, ou xerostomia, caracteriza-se pela baixa produção de saliva e pode afetar a perceção do sabor dos alimentos e a forma como se mastiga ou fala. Felizmente, existem várias formas de atenuar este sintoma e melhorar o dia a dia.
A diarreia é uma alteração no volume e na consistência das fezes, e está associada a um aumento do número de dejeções diárias. Os diferentes tipos de tratamento do cancro poderão ser causa de diarreia aguda (com duração inferior a duas ou três semanas) e de diarreia crónica (ocorre por períodos superiores a quatro semanas), sendo que, em alguns casos, poderá manter-se por vários meses ou até anos.
Em regra, a maioria dos casos não são graves. No entanto, se este sintoma for acompanhado de sinais de alarme, como duração prolongada (superior a duas ou três semanas), dor abdominal de difícil resolução, febre, sangue nas fezes, sinais de desidratação (sede, boca seca, urina mais concentrada) ou emagrecimento, deverá ser contactada a equipa assistente de cuidados de saúde.
A tendência para o ganho de peso devido aos tratamentos, como a quimioterapia, a medicação com esteroides e a terapia hormonal, é muito frequente. Além disto, os doentes têm tendência para reduzir a sua atividade física, o que também pode, por si só, levar ao ganho de peso. Deste modo, é importante adotar um estilo de vida mais saudável e diminuir a ingestão energética para controlar a composição corporal, nomeadamente o ganho de massa gorda.
As náuseas são um dos sintomas mais presentes nos doentes oncológicos e a sua origem tem múltiplos fatores, além de serem uma consequência da quimioterapia e radioterapia. Este sintoma pode surgir pela toma de determinados medicamentos, esvaziamento gástrico retardado, obstrução intestinal, problemas metabólicos, ansiedade ou depressão. Podem persistir durante algum tempo, por isso é fundamental estabelecer estratégias para manter uma ingestão nutricional adequada.
A obstipação é um dos sintomas mais prevalentes dos doentes com cancro, contribuindo para a diminuição da ingestão e, consequentemente, para a malnutrição. As suas causas são múltiplas e estão relacionadas, tanto com a doença como com os tratamentos e mudanças no estilo de vida, dieta e mobilidade. As manifestações clínicas são várias: menos de três evacuações por semana, fezes duras, secas ou grumosas, ou que são difíceis e dolorosas, ou uma sensação de que nem todas as fezes passaram.
Os sintomas são: dor abdominal, distensão abdominal, anorexia (falta de apetite), náuseas, vómitos e retenção urinária.
A doença oncológica e a realização de tratamentos de quimioterapia, radioterapia e imunoterapia podem promover uma diminuição do apetite que se irá, inevitavelmente, refletir numa redução da ingestão alimentar. Esta poderá ter consequências, como perda de peso e de massa muscular. O doente poderá adotar algumas estratégias para fazer face a esta situação.
Os tratamentos oncológicos, como a quimioterapia e a radioterapia, podem ter como consequência um conjunto de sintomas que impedem os doentes de ter uma alimentação completa e equilibrada, como é o caso da falta de apetite, boca seca, alteração do paladar e olfato, cansaço, dificuldade em engolir ou saciedade precoce. Por este motivo, além de todos os procedimentos que devem ocorrer para aliviar esses sintomas, deve haver a implementação de estratégias nutricionais para o aumento da ingestão energética.
Os vómitos estão frequentemente associados às náuseas e à má-disposição. Estes dois sintomas estão intimamente ligados e são muito comuns em pessoas com alguns tipos de cancro ou que estejam a fazer tratamentos, como radioterapia e quimioterapia.
A necessidade de esvaziar o conteúdo gástrico pode surgir durante os tratamentos ou horas e dias depois. Assim, doentes nestas condições sofrem com estes sintomas, que acabam por interferir na sua alimentação e até mesmo na sua qualidade de vida.