Adoçantes artificiais: há riscos no seu consumo?

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Os adoçantes artificiais permitem reduzir os malefícios do açúcar refinado no organismo. Mas são totalmente seguros? Veja o que está em causa.

Os efeitos prejudiciais do açúcar e do sal na nossa saúde, quando consumidos em excesso, são bem conhecidos, podendo ter um impacto negativo nos sistemas cardiovascular e digestivo e em todos os órgãos associados, como os rins ou o fígado. O açúcar, que já por si é calórico, está também frequentemente associado a alimentos processados, como bolos e outros doces, com elevado teor de hidratos de carbono e gorduras. Os adoçantes, naturais ou artificiais, permitem acrescentar a componente doce sem recurso a açúcar refinado. Mas serão sempre uma opção segura? Fique a saber mais sobre vários tipos de adoçantes artificiais.

 

O que são adoçantes?

Como o próprio nome indica, os adoçantes são complementos que se podem adicionar à comida ou bebida, que conferem sabor doce, reduzindo ou eliminando outros componentes que podem ser prejudiciais à saúde. Calorias e hidratos de carbono são os principais elementos potencialmente nocivos do açúcar, nomeadamente o refinado, que não estão presentes, ou existem em menor quantidade, nos adoçantes.

Existem adoçantes naturais, extraídos de plantas ou frutos, como a sacarose, a frutose, a glicose e a lactose. E há também diversos adoçantes de base artificial, que tanto são usados em grande escala na produção industrial de alimentos, como podem ser adquiridos no supermercado para utilização em casa. Um exemplo disso são os adoçantes em pó que se usam no café, como substituto do açúcar.

 

Sabia que...

Muitos refrigerantes e alimentos indicados como sendo sem açúcar ou como tendo menos calorias recorrem a adoçantes, principalmente artificiais, para manter o sabor.

 

Os adoçantes artificiais têm riscos?

Em julho de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS), através da Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC), colocou o aspartame, um dos adoçantes artificiais mais conhecidos e utilizados, na lista de substâncias “possivelmente cancerígenas para humanos”. No entanto, isso significa apenas que não há evidência científica que comprove que o aspartame é negativo para o organismo - algo que terá de ser confirmado com estudos mais elaborados.

A OMS mantém ainda a dose diária máxima recomendada em 40 miligramas por kg de cada pessoa. Como uma lata de bebida refrigerante tem 200 a 300 miligramas de aspartame, isso significa que, tendo em conta apenas o limite diário máximo recomendado, um adulto médio poderia beber mais de dez latas por dia - excluindo a presença de adoçante noutros produtos - aparentemente sem riscos para a saúde.

 

Sabia que...

O aspartame foi colocado pela OMS no terceiro patamar da tabela de substâncias cancerígenas, o equivalente aos riscos identificados no contacto com gases de combustíveis ou trabalhar numa lavandaria. Já comer carne vermelha ou trabalhar à noite estão num nível de risco cancerígeno maior.

 

Que adoçantes artificiais existem?

Existem dezenas de adoçantes naturais e artificiais aprovados, mais até na Europa do que nos Estados Unidos. Todos eles estão devidamente regulados, de forma a que o seu consumo em doses consideradas normais - mas ainda com uma grande margem de manobra, como é o caso da máxima recomendada do aspartame -, não tenha quaisquer efeitos negativos no corpo humano.

 

Aspartame, E951

Foi descoberto por acaso quando o investigador James Schlatter colocou o dedo numa mistura de laboratório e levou o dedo à boca, sentindo o doce. O aspartame tem um sabor semelhante ao açúcar e é frequentemente usado em sobremesas, gelados, compotas ou bebidas. Mas perde o seu sabor a temperaturas mais elevadas, não sendo usado na confeção de bolos ou receitas quentes. É 200 vezes mais doce que o açúcar.

 

Acessulfame-K, E950

Apesar de incluir azoto e enxofre na sua composição, este composto consegue ser tão doce como o aspartame e tal como este não tem calorias. Mas apesar de ser doce e semelhante ao açúcar, o acessulfame-K deixa um sabor residual nos alimentos ou bebidas, pelo que normalmente é misturado com outros ingredientes ou outros adoçantes.

 

Sacarina, E954

Sendo 200 a 700 vezes mais doce do que o açúcar, a sacarina tem um grande poder adoçante e já é usada desde o final do século XIX. É um edulcorante sem valor calórico e sem riscos identificados para os seres humanos. Em investigações com animais foram detetados tumores na bexiga em ratos de laboratório expostos à substância, mas nunca foi encontrado em humanos.

 

Sucralose, E955

Bastante estável e sem efeitos adversos, a sucralose é utilizada numa enorme variedade de bebidas e sobremesas. Apesar de ser 600 vezes mais doce do que o açúcar, o triplo do aspartame, tem sensivelmente a mesma dosagem diária limite, o que significa um máximo de três litros de refrigerante ou 2 kg de um produto de sobremesa.

 

Neotame, E961

Extremamente doce, 7 mil a 13 mil vezes acima do açúcar comum, o neotame é usado como adoçante e intensificador de sabor. Suporta bem as mudanças de temperatura, pelo que tem uma utilização bastante frequente em pastelaria. Apesar de se transformar em metanol quando metabolizado no organismo, as quantidades de neotame presentes num determinado produto são tão pequenas que não têm implicação conhecida na saúde.

 

Advantame, E969

Um dos adoçantes artificiais mais recentes, o advantame foi criado a partir da combinação de aspartame, neotame e outros elementos no composto. Com um poder adoçante 20 mil vezes superior ao açúcar, o advantame foi apresentado em 2008 e aprovado pela União Europeia em 2013. Tal como o neotame, é estável a altas temperaturas, o que lhe dá uma grande utilização em alimentos e bebidas.

 

Ácido ciclâmico (E952), taumatina (E957), neo-hesperidina (E959), e sal de aspartame-acessulfame (E962) são outros adoçantes artificiais comuns aprovados pela União Europeia para uso alimentar.

 

Posso substituir o açúcar por estes adoçantes?

Testados e aprovados por entidades reguladoras internacionais, os adoçantes são seguros para o consumo humano, sendo um substituto adequado do açúcar, principalmente nos casos em que a sacarose possa ter um efeito nocivo no organismo. No entanto, os adoçantes, naturais ou artificiais, não devem ser vistos como uma solução para poder manter ou aumentar o consumo de doces e bebidas refrigerantes, cujos malefícios estão comprovados e não se devem apenas ao açúcar.

Caso pretenda reduzir ou substituir o consumo de açúcar, sem prejudicar o sabor dos alimentos, pode apostar no mel, na fruta e até nas especiarias. Veja aqui algumas alternativas ao açúcar.

Fontes:

Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, julho de 2023

European Commission, julho de 2023

International Agency for Research on Cancer, Organização Mundial da Saúde, julho de 2023

Organização Mundial da Saúde, julho de 2023

Taylor & Francis Online, Scandinavian Journal of Food and Nutrition, julho de 2023

U.S. Food and Drug Administration, julho de 2023

Publicado a 01/08/2023
Doenças