Cancro do Pulmão: A pneumologista responde
Porque a prevenção também passa pela informação, Encarnação Teixeira, pneumologista CUF Oncologia, responde a questões sobre cancro do pulmão.
O cancro do pulmão é o que mais pessoas afeta a nível mundial e também aquele que regista maior número de novos casos. Em Portugal, aparece em quarto lugar nos cancros com maior incidência e em primeiro lugar em termos de letalidade.
Estar informado a nível da prevenção, sintomatologia, causas e importância do diagnóstico precoce é fundamental para contrariar esta tendência. E, contrariamente ao que muitas vezes pensamos, não são apenas os fumadores que podem desenvolver cancro do pulmão (embora o seu risco seja consideravelmente mais elevado). Encarnação Teixeira, pneumologista da CUF Oncologia, responde às questões que nos deixou no Facebook CUF.
Esteja atento a estes sintomas de cancro do pulmão
A sintomatologia pode ser muito variada, dependendo da localização do tumor. “No entanto, um fumador tem habitualmente tosse e expetoração”, afirma a pneumologista da CUF Oncologia, referindo que essas queixas devem ser valorizadas especialmente “quando há alterações, isto é, tosse mais persistente ou uma expetoração diferente, com o aparecimento de sangue”.
Existem ainda outros sintomas, que segundo a especialista em Pneumologia, devem ser considerados de alerta:
- Aparecimento de dor torácica persistente
- Surgimento de dificuldade respiratória que não é habitual
- Rouquidão persistente
- Emagrecimento
- Cansaço
O desenvolvimento do cancro do pulmão pode fazer-se de forma silenciosa, com o surgimento de sintomas numa fase já muito avançada, ou pode ser mais rápido e agressivo. Segundo Encarnação Teixeira, “Este crescimento é variável: há tumores que são agressivos, com um crescimento muito rápido e num mês podem espalhar-se; há outros tumores com um crescimento muito lento e, às vezes, temos uma imagem radiológica durante um a dois anos em que o crescimento é muito lento”.
Cancro do pulmão e o tabaco
“Nem só os fumadores têm cancro do pulmão”, salvaguarda Encarnação Teixeira, alertando no entanto para o facto de o tabaco ser “responsável por 80 a 85% dos casos de cancro do pulmão” e de os fumadores passivos terem um risco acrescido de cerca de 30%. Mas há outros fatores, além do tabaco, que podem contribuir para um risco acrescido de desenvolvimento de cancro do pulmão, como:
- Exposição profissional a asbestos ou outras substâncias químicas
- Exposição a radiação
- Exposição a radão
- Predisposição genética
- Existência de doenças respiratórias anteriores, nomeadamente tuberculose, que pode deixar alguma cicatriz no pulmão e aumentar o risco de tumor
A vida de uma pessoa com cancro do pulmão
O cancro do pulmão afeta habitualmente a vida do doente. Contudo, este impacto depende “da fase em que o tumor é diagnosticado, se é numa fase mais precoce ou numa fase mais avançada, e o tratamento a que a pessoa é sujeita”, esclarece Encarnação Teixeira. “Há situações em que as pessoas fazem uma vida praticamente normal, sem grandes problemas, e há outras em que, ou porque o tumor dá muita sintomatologia ou porque o tratamento tem bastantes efeitos secundários, a sua qualidade de vida pode ser de facto afetada”, explica.
A importância do diagnóstico precoce
“Deixar de fumar reduz significativamente o risco de cancro do pulmão e quanto mais cedo o fizer menor é a probabilidade de ter cancro”, afirma Encarnação Teixeira. Contudo, estar atento é essencial. “O diagnóstico precoce é fundamental para detetar um tumor numa fase ainda assintomática, em que existe maior probabilidade de cura” explica. Para esse efeito, “é habitualmente feita uma TAC de baixa dose”. Contudo, “os rastreios não estão implementados na maior parte dos países europeus”, embora existam “programas de diagnóstico precoce em alguns hospitais, dirigidos a pessoas com certas características, por exemplo, fumadores ou ex-fumadores há menos de 15 anos”.
“Nem todas as alterações radiológicas são malignas. Muitas vezes, há tumores benignos ou alterações benignas. No entanto, todas essas alterações devem ser investigadas e essa avaliação não deve ser adiada mesmo em plena fase de COVID-19. Os hospitais têm circuitos diferentes e são seguros”, esclarece.
Sobre o tratamento do cancro do pulmão
“Se diagnosticarmos o cancro do pulmão numa fase mais precoce, a probabilidade de cirurgia e de sobrevivência longa é muito superior. Contudo, temos de ter em consideração que hoje em dia, mesmo nos casos em que a doença está mais avançada, as terapêuticas mudaram muito. O paradigma do tratamento alterou-se imenso e o aparecimento das novas terapêuticas-alvo e da imunoterapia são exemplos disso. Atualmente, todas as situações têm um melhor prognóstico, o que é uma mais-valia”, conclui a pneumologista CUF.
Mensagens a não esquecer:
- Todas as alterações radiológicas devem ser avaliadas para se determinar se são benignas ou malignas, independentemente da pandemia de COVID-19.
- O diagnóstico precoce é muito importante para o sucesso do tratamento.
- Se é fumador, deve deixar de fumar assim que possível. Se necessitar de apoio especializado, pode encontrá-lo na Consulta de Cessação Tabágica.