Como combater a dependência do telemóvel?
O vício do telemóvel está presente em várias faixas etárias e sobretudo nos adolescentes. Há alguns passos que pode seguir para não ser dependente do telemóvel.
Embora não esteja definida oficialmente como uma adição comportamental, o vício do telemóvel vem sendo descrito por vários estudos e para muitos especialistas tem características semelhantes às de outras adições. Afeta especialmente as pessoas mais jovens e adolescentes e há alguns métodos que podem ajudar a reduzir esta dependência.
Como identificar a dependência do telemóvel?
Estudos e profissionais de saúde notam alguns hábitos comuns nas pessoas que desenvolvem o vício do uso do telemóvel:
- Incapacidade de resistir ao impulso de pegar no telemóvel, especialmente quando está sozinho ou sem nada para fazer.
- Ansiedade ou irritação depois de um período sem usar o telemóvel.
- Usar o telemóvel mais tempo do que queria, ultrapassando os limites estabelecidos por si mesmo e levando os familiares e amigos a notar que passa muito tempo no telemóvel.
- Desistência ou insucesso nas tentativas de reduzir o tempo gasto a usar o telemóvel.
- Dificuldades em ter uma boa noite de sono e o impulso de agarrar o telefone assim que acorda (mesmo durante a noite).
- Insistência no uso do telemóvel, apesar dos problemas mentais ou físicos que resultam disso.
- O uso do telemóvel causa insegurança quando a sua atenção deveria estar focada noutra atividade - por exemplo, ao atravessar a estrada ou a conduzir.
- Sentimento de permanente obrigação de responder a mensagens ou notificações e verificar se há contactos, mesmo quando se passou pouco tempo desde a última vez que usou o telemóvel.
Como controlar o vício do telemóvel?
Em primeiro lugar, é essencial que a pessoa tenha a perceção clara de que passa demasiado tempo ao telemóvel e de que isso está a ter implicações nas suas relações sociais ou nas atividades que desempenha. É necessário identificar aquilo que o faz passar mais tempo no telefone (são as redes sociais? Passa horas a ler ou ver notícias?). A partir daí terá de estabelecer algumas regras:
- Crie objetivos específicos como, por exemplo, usar as redes sociais apenas 15 minutos por dia, dormir com o telefone noutra divisão da casa, ou fazer do domingo um dia sem redes sociais. Para os atingir, pode ser útil eliminar algumas das aplicações que consomem mais do seu tempo, criar bloqueadores de ecrã, e configurar o telemóvel para que não lhe envie notificações.
- Os objetivos devem ter um prazo longo, de no mínimo duas semanas, de modo a chegar a um ponto em que se quebrou de facto um hábito e não apenas se criou um intervalo de tempo em que se esteve menos tempo no telemóvel.
- Convoque o apoio da família e dos amigos. Tenha conversas abertas em que explica por que decidiu impôr-se determinadas regras ou em que partilha as suas metas e como está a atingir os resultados.
- Esteja atento a mudanças do seu próprio comportamento: se conseguiu desligar-se de uma rede social, mas acabou por aumentar o tempo que passa noutra rede social, deve rever os seus objetivos.
- Reflita sobre o que mudou na sua vida ao introduzir estas regras: está menos ansioso? Passa mais tempo com a família e os amigos? Dorme melhor? Ao dar valor aos resultados poderá ser mais fácil torná-los permanentes.
Como controlar este problema em crianças e adolescentes?
Os adolescentes são um grupo bastante afetado pela dependência dos telemóveis e há algumas regras específicas que os pais podem adotar:
- Como educador, deve garantir que não dá um mau exemplo. Garanta que não passa demasiado tempo no telemóvel, se não quer que os seus filhos o façam.
- Crie horas e cenários em que o telemóvel não é permitido, como a hora das refeições, as primeiras horas do dia e depois da escola e trabalho.
- Promova interações positivas com os seus filhos sobre redes sociais e nas redes sociais. Seja consciente e intencional sobre o que faz e o que os seus filhos fazem no telemóvel.
- Trabalhe os sentimentos de empatia e de cuidado, estes são sentimentos que nos ligam aos outros. Incentive os seus filhos a lerem histórias sobre pessoas inspiradoras, a fazerem voluntariado e a visitarem amigos e familiares espontaneamente.
Se as regras autoimpostas não resultam, tanto para os adultos como para crianças, e a saúde, relações sociais e trabalho ou escola continuam afetadas pelo uso do telemóvel, é importante procurar ajuda, por exemplo, da psicoterapia.
Cleveland Clinic, agosto de 2022
Mayo Clinic, agosto de 2022
PsychCentral, agosto de 2022
National Library of Medicine, National Center for Biotechnology Information, agosto de 2022
WebMD, agosto de 2022