Cortisol: conhece a hormona que gere o stress?

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Quando estamos em perigo ou sob pressão há uma hormona que ajuda o organismo a ficar alerta. O stress pode ser protetor, desde que não esteja desregulado.

A resposta ao stress é um mecanismo de defesa muitas vezes referido como sendo uma resposta de sobrevivência com origem no tempo em que os seres humanos estavam mais frequentemente em situações naturais de perigo. A reação de “fugir ou lutar” é essencialmente provocada pela subida dos níveis de cortisol no organismo, a “hormona do stress" que ativa diversas funções para ultrapassar a situação de alarme, que pode tanto ser um momento de medo como sintomas de uma doença. O bater acelerado do coração, a respiração rápida, o suor ou a tensão muscular são alguns efeitos causados pelo aumento do cortisol em circulação.

 

O que é o cortisol?

Trata-se de um glucocorticoide, uma hormona esteroide produzida pelas glândulas suprarrenais que se liga a recetores nas células, que por sua vez comandam os respetivos tecidos e órgãos. Quase todo o corpo contém recetores de cortisol, sendo influenciado pela hormona.

Quando há uma situação de maior stress - como o risco de um acidente, um momento de pânico ou uma ameaça - é ativado o sistema endócrino. O hipotálamo é a região do cérebro que recebe os primeiros sinais de alarme, desencadeando uma resposta imediata. São enviados sinais para a glândula pituitária, que por sua vez envia sinais para as glândulas suprarrenais, de forma a aumentarem a produção de cortisol.

Quando o perigo passa, os níveis de cortisol começam a descer lentamente. Mesmo em situações normais, a produção de cortisol está sempre a ser controlada pelo sistema nervoso e é ajustada ao longo do dia, para dar resposta às diferentes necessidades do organismo.

 

Sabia que...

O stress é uma resposta automática do corpo normalmente positiva. Significa que diferentes órgãos, desde o coração e pulmões aos músculos, olhos ou ouvidos, se preparam rapidamente para enfrentar uma ameaça ao organismo.

 

Que funções são reguladas pelo cortisol?

O cortisol é conhecido como a hormona do stress, uma vez que uma das suas ações mais importantes é a gestão de situações de alerta ou ameaça ao organismo. No entanto, mesmo num dia “tranquilo” há a presença constante da hormona a regular diferentes funções do organismo:

  • Regula o metabolismo, a utilização de gorduras, proteínas e hidratos de carbono;
  • Reduz a inflamação, o que é essencial também em momentos de stress como lesão ou acidente;
  • Controla a pressão arterial e os níveis de glicose no sangue;
  • Regula os ciclos de sono, deixando o organismo mais ou menos desperto;
  • Ajuda a ter picos de energia, seja em situações de stress ou de exercício físico.

 

Em termos gerais, o cortisol atua sobre os sistemas nervoso, imunitário, cardiovascular, respiratório, musculoesquelético e tegumentar (pele, cabelo, unhas). Os níveis de cortisol alteram-se consoante estejamos parados ou em movimento; a alimentar-nos ou a trabalhar; num esforço de concentração mental ou físico. Em situações de stress, a subida do cortisol acaba por atuar em todas as funções ao mesmo tempo, amplificando os resultados e preparando a resposta do organismo.

Homem aparenta cansaço enquanto trabalha.

 

Há riscos em ter os níveis de cortisol desregulados?

Tanto os níveis elevados de cortisol como os baixos podem afetar o organismo. O excesso de cortisol pode acontecer quando uma pessoa sofre distúrbios de stress, mas também devido à toma de muitos medicamentos corticoesteroides, a tumores na glândula pituitária ou nas suprarrenais, ou no caso de se sofrer de doença de Cushing.

 

Riscos ou sintomas de cortisol elevado:

  • Aumento de peso e depósitos de gordura em determinadas zonas;
  • Estrias de cor escura no abdómen;
  • Fraqueza muscular nos antebraços e coxas;
  • Subida do nível de açúcar no sangue, que pode causar diabetes;
  • Hipertensão;
  • Crescimento excessivo de pelos nas mulheres;
  • Osteoporose;
  • Dificuldades em dormir;
  • Dores de cabeça e problemas de concentração;
  • Ansiedade e depressão;
  • Alterações gastrointestinais.

Já o cortisol reduzido pode dever-se a insuficiência nas glândulas suprarrenais - como no caso da doença de Addison ou em resultado de lesões - e na glândula pituitária.

 

Riscos ou sintomas de cortisol baixo:

  • Fadiga;
  • Fraqueza muscular generalizada;
  • Perda de apetite e de peso;
  • Diarreia, náuseas e vómitos;
  • Pressão arterial baixa.

 

Como reduzir os níveis de cortisol?

Doenças como a de Cushing requerem tratamento médico especializado ou mesmo cirurgia. No entanto, sendo relativamente comum sofrer regularmente com situações de stress, é possível tentar manter os níveis de cortisol equilibrados com algumas mudanças no dia a dia:

  • Procurar ter um sono de qualidade, uma vez que diversos problemas de sono como insónias estão associados a níveis elevados de cortisol;
  • Fazer exercício físico com regularidade, o que impacta diretamente o stress, mas também a qualidade do sono;
  • Tentar limitar o stress detetando sinais, padrões ou situações específicas que o desencadeiam;
  • Praticar exercícios de respiração para relaxar e estimular o sistema nervoso parassimpático, que regula a calma e tranquilidade, e também a saciedade;
  • Procurar fazer atividades estimulantes e que aumentam a sensação de bem-estar (até mesmo rir ajuda a libertar endorfinas que reduzem o cortisol);
  • Garantir relações saudáveis e amistosas, com a família, amigos e colegas de trabalho. O stress pode frequentemente ser causado em casa ou no trabalho.

 

Quando procurar um médico?

Consulte um médico assistente caso note alguns dos sintomas descritos como associados a falta ou excesso de cortisol no organismo, que poderão indiciar um problema mais abrangente, como tumores, doença de Cushing ou condições que causam insuficiências da hormona. Por outro lado, se sentir que passa frequentemente por situações de stress, fale com um médico sobre medidas a tomar para as minimizar e manter-se saudável.

Fontes:

American Psychological Association, janeiro de 2024

Cleveland Clinic, janeiro de 2024

Harvard Health Publishing, janeiro de 2024

Web MD, janeiro de 2024

 

Publicado a 31/10/2024