Correr na areia: previna as lesões
É diferente correr na areia molhada ou na areia seca e, dependendo do caso, optar por correr neste tipo de piso tem vantagens e desvantagens.
Para os amantes da corrida, aproveitar a chegada do bom tempo e correr na praia significa a oportunidade de diversificar a superfície de treino. Normalmente, não se usa qualquer tipo de calçado, pelo que o contacto com a areia (seca ou molhada) é feito diretamente com a planta do pé. Nos últimos anos, a corrida sem calçado ou com calçado minimalista tem conquistado entusiastas entre os desportistas. Ao correr na praia poderá ter um primeiro contacto com esta modalidade, sem o risco de abrasão cutânea causada por outras superfícies como o alcatrão.
Vantagens da corrida em areia seca
A corrida/marcha em areia seca tem sido utilizada em protocolos de reabilitação de lesões desportivas por atenuar as forças de impacto ao solo e trabalhar outros aspetos como a perceção do próprio corpo. A corrida em areia pode ainda melhorar a consciencialização da posição do pé, por não existirem barreiras entre os mecanorrecetores plantares e a superfície de apoio.
Contrariar o risco de dores musculares
O padrão de recrutamento muscular em corrida em areia seca é diferente do habitual (alcatrão ou relva), com maior ativação dos músculos dos compartimentos posterior e interno da perna. Esta particularidade contribuiu para a existência de dores musculares depois da corrida, sobretudo nos primeiros treinos e se a duração/distância forem excessivas. Uma forma de contrariar este risco é começar com corridas curtas e fazer alongamentos musculares após cada sessão, sobretudo dos gémeos e músculo solear.
Correr na areia permite desafio adicional
Para uma velocidade idêntica, a corrida em areia seca corresponde a um maior dispêndio energético. Para o mesmo tipo de exercício ("sprints", treino de agilidade, etc), atingem-se frequências cardíacas mais elevadas e há uma maior perceção de esforço na areia, em comparação com outras superfícies como a relva. Uma superfície mais "suave", menos estável e com menor retorno de energia elástica, obriga a um maior esforço por parte do atleta. Assim, a corrida em areia seca permite um desafio adicional ao corredor habitual ou uma experiência diferente ao atleta principiante.
Corrida em areia molhada: os riscos
A corrida em areia molhada, mais compacta, é mais semelhante à corrida em outras superfícies mais "duras". Assim, pode existir o risco de sobrecarga das estruturas do pé, sobretudo em atletas que fazem o impacto ao solo com a parte posterior do pé (calcanhar) e transmissão de forças para a coluna vertebral. Podem surgir dores na planta do pé, compatíveis com a inflamação da fáscia plantar, uma estrutura de tecido conjuntivo que apoia o arco interno do pé, desde o calcâneo até aos metatarsos. No entanto, se o atleta conseguir fazer o impacto ao solo utilizando mais a porção média e anterior do pé, poderá "amortecer" o impacto, fazendo um contacto mais rápido com o solo e, ao mesmo tempo, fortalecer os músculos intrínsecos do pé.
Sabia que...
Além das lesões de sobrecarga já mencionadas, correr na areia pode causar traumatismos nos dedos dos pés. Pode ocorrer uma flexão plantar exagerada da articulação metarsofalângica no contacto ao solo, mais frequentemente do primeiro dedo de pé, podendo haver uma lesão ligamentar e do tendão extensor do dedo - sand toe.