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Dopamina e serotonina: que hormonas são estas?

Cérebro e saúde mental
Prevenção e bem-estar
7 mins leitura

Os neurotransmissores vitais para as funções do organismo incluem a dopamina e a serotonina - “hormonas da felicidade” -, mas o seu papel é bem mais complexo.

Para funcionar corretamente, é necessária a comunicação constante entre o sistema nervoso central e todos os órgãos do corpo. Essa comunicação é feita pelas sinapses, zonas de transmissão de impulsos nervosos entre neurónios ou de neurónios para outras células, e depende integralmente dos neurotransmissores, que enviam a mensagem.

 

O que são neurotransmissores?

Os neurotransmissores são mensageiros químicos que transportam a informação necessária a várias funções do organismo ou processos fisiológicos, com efeitos também no estado mental da pessoa. Os neurotransmissores encontram-se nas vesículas sinápticas, situadas no axónio, um prolongamento do neurónio, sendo libertados no momento do impulso nervoso entre uma célula pré-sináptica e outra pós-sináptica, recetora da informação. Alguns neurotransmissores podem também atuar como hormonas, sendo produzidos no cérebro e em noutras zonas do corpo, como a serotonina (intestinos) e a dopamina (glândulas adrenais).

A ação dos neurotransmissores gira em torno do cérebro, da memória ou da aprendizagem, mas também influencia os músculos, o metabolismo, a digestão, o humor ou o sono, entre várias outras funções. Alguns dos neurotransmissores mais importantes e estudados são a acetilcolina, a noradrenalina, o glutamato, o ácido GABA, a dopamina e a serotonina. Estes dois últimos são extremamente importantes para o sistema nervoso, atuando em diferentes funções associadas ao bem-estar. A dopamina e a serotonina fazem parte do conjunto das chamadas “hormonas da felicidade”, a par da ocitocina e das endorfinas.

 

Sabia que...

Existem pelo menos 100 tipos de neurotransmissores diferentes, que desempenham um papel em funções específicas ou em vários tipos de processos do organismo, trabalhando também em conjunto.

 

O que são a dopamina e a serotonina?

Existem várias categorias de neurotransmissores - monoaminas, catecolaminas, aminoácidos (excitatórios ou inibitórios) e neuropeptídeos -, cada uma com localizações e recetores próprios em diversas áreas do sistema nervoso, desencadeando diferentes ações. Apesar de fazerem parte de tipos diferentes e de terem algumas funções distintas, a dopamina (catecolamina) e a serotonina (monoamina) estão ambas associadas ao humor, às emoções positivas e ao bem-estar em geral. Nesse campo, ambos os neurotransmissores acabam por complementar-se, ativando diferentes sensações positivas ou afetando o bem-estar em caso de diminuição ou ausência.

 

Quais as ações da dopamina?

Habitualmente referida como a “hormona da felicidade” ou de “sentir bem”, a dopamina é o neurotransmissor responsável pela sensação de recompensa, prazer ou excitação. Dessa forma, há diversas ações que estão associadas à libertação de dopamina, como determinados alimentos, bebidas ou atividades que dão prazer. Provoca ainda motivação, uma vez que antecipamos e procuramos as sensações associadas a isso. Em contexto de comportamentos de adição, a álcool ou drogas, por exemplo, há uma busca constante por esse prazer ou recompensa.

Por outro lado, existem outros processos fisiológicos nos quais a dopamina tem um papel, bem como funções cognitivas:

  • Movimento;
  • Memória;
  • Comportamentos e humor;
  • Atenção;
  • Sono e despertar;
  • Aprendizagem;
  • Lactação.

 

A dopamina é libertada na corrente sanguínea, relaxando ou contraindo os vasos sanguíneos em função da quantidade. Além disso, acelera a eliminação da urina, reduz a produção de insulina no pâncreas e abranda os movimentos gastrointestinais, protegendo o revestimento dos intestinos. Atua ainda sobre o sistema imunológico.

 

Quais as ações da serotonina?

Tal como a dopamina, a serotonina tem um efeito direto na sensação de bem-estar, principalmente como regulador do humor e da felicidade. Quando os níveis de serotonina estão adequados as pessoas sentem-se calmas, relaxadas e felizes, aumentando também a capacidade de concentração. A falta de serotonina tem um papel decisivo no desenvolvimento de ansiedade e depressão. O nosso humor muda ao longo do dia em função da serotonina, podendo os níveis ser repostos com uma caminhada no exterior, conversar com outras pessoas ou comer determinados alimentos, como leite, queijo ou frutos secos (pois são alimentos ricos em triptofano).

A maioria da serotonina está presente no trato gastrointestinal, cerca de 90 %, atuando também em diversas funções do organismo além do humor:

  • Controlo da digestão;
  • Apetite e metabolismo;
  • Tempo e qualidade do sono;
  • Cicatrização;
  • Densidade óssea;
  • Temperatura corporal;
  • Desejo sexual.

 

A serotonina e a dopamina estão intimamente relacionadas, interagindo na regulação do equilíbrio químico do organismo. São ambos neuromoduladores, conseguindo comunicar com mais neurónios, enviando sinais mais fortes que podem percorrer maiores distâncias no sistema nervoso e cujo efeito é mais prolongado.

 

Qual o efeito das variações da dopamina e serotonina?

Os níveis de dopamina e serotonina alteram-se várias vezes ao longo do dia. Quando estão ligeiramente desregulados, estes neurotransmissores provocam algumas alterações de humor, afetando também a concentração ou o sono. Quando os níveis são demasiado baixos ou altos, estão associados a diversas doenças, sendo complexa a relação de causalidade, podendo provocar essas doenças ou a alteração ser consequência das mesmas.

 

Níveis elevados de dopamina

A dopamina em demasia está associada a doenças como obesidade, adição e transtornos psicológicos como manias. A esquizofrenia também está associada a níveis desregulados de dopamina, provocando sintomas tanto devido ao excesso desta substância como a uma presença reduzida no organismo.

 

Níveis baixos de dopamina

Uma vez que a dopamina não influencia apenas o humor ou a sensação de bem-estar, a redução dos níveis deste neurotransmissor está associada também a outras doenças. Níveis baixos de dopamina estão associados a doenças como perturbação de hiperatividade e défice de atenção, doença de Parkinson, síndrome das pernas inquietas e esquizofrenia.

 

Níveis elevados de serotonina

Um nível muito elevado de serotonina provoca toxicidade, causando sintomas como tremores, suor, confusão mental, inquietação, pressão sanguínea elevada ou diarreia. O aumento de serotonina pode ser causado por excesso de medicação ou uso de diferentes fármacos que sobem a serotonina. Em casos severos, a síndrome de serotonina pode causar desmaios, febre alta, convulsões, alterações graves no batimento cardíaco, sendo potencialmente fatal se não for tratada rapidamente.

 

Níveis baixos de serotonina

A redução desta substância no organismo está associada a um leque alargado de doenças, a maior parte delas relacionada com saúde mental, mas não só:

  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Comportamentos suicidas;
  • Transtorno obsessivo-compulsivo;
  • Distúrbios de stress;
  • Transtorno de pânico;
  • Esquizofrenia;
  • Fobias;
  • Problemas do sono;
  • Dificuldades digestivas.

 

Como regular os níveis de dopamina e serotonina?

As alterações nestes neurotransmissores manifestam-se principalmente nas mudanças de humor, afetando também o sono, o apetite, a digestão ou a libido. A consulta médica é necessária, pois pode ser preciso medicação que aumente ou reduza a presença e atuação destes neurotransmissores.

No dia a dia, a manutenção de níveis adequados de dopamina e serotonina passa essencialmente por um estilo de vida saudável e pela escolha de alimentos que reforcem esses neurotransmissores.

 

Regular os níveis de dopamina

  • Manter uma dieta rica em magnésio e tirosina;
  • Praticar atividades que deem prazer;
  • Fazer meditação, ioga, massagens para relaxar;
  • Caminhar e fazer exercício físico.

 

Alimentos que promovem a dopamina: frango, amêndoas, maçãs, abacate, banana, beterraba, vegetais de folha verde, chocolate, ervilhas, laranjas, tomates e melancia.

 

Regular os níveis de serotonina

  • Fazer exercício físico;
  • Fazer atividades ao ar livre e com luz natural;
  • Controlar o stress;
  • Comer alimentos ricos em triptofano.

 

Alimentos que promovem a serotonina: salmão, ovos, queijo, peru, ananás, tofu e frutos secos.

Fontes:

Cleveland Clinic

Medical News Today

MSD Manuals

Nationwide Children's

NIH

ScienceDirect

Universidade Fernando Pessoa

WebMD

Publicado a 03/04/2025