O que acontece durante a perimenopausa?
Também chamada pré-menopausa, a perimenopausa é um período de transição para a menopausa e uma fase da vida da mulher que exige cuidados de saúde especiais.
A perimenopausa, também chamada pré-menopausa, é um período de transição entre a idade fértil da mulher e a menopausa, em que a ovulação deixa de existir por completo. Este período de transição acontece porque há alterações hormonais importantes no corpo da mulher. A principal alteração é uma produção inconstante de estrogénio pelos ovários - a hormona que ajuda no controlo do ciclo menstrual, diminui e aumenta de forma irregular. Isto reflete-se em ciclos menstruais irregulares.
A produção de progesterona, outra hormona fundamental no ciclo menstrual, também se altera e, na hipófise, a produção de FSH (hormona folículo-estimulante), que estimula a libertação de óvulos, também se torna errática.
Quando é que uma mulher entra na perimenopausa?
O principal sintoma da perimenopausa é a irregularidade (em fluxo e em duração) dos seus ciclos menstruais. Isto acontece em épocas diferentes, mas maioritariamente a partir dos 40 anos ou mais tarde, a partir dos 45, embora possa ocorrer entre os 35 e os 40.
A duração deste período de perimenopausa também é diferente entre mulheres - para algumas pode durar apenas alguns meses, para outras vários anos.
Quais são os sinais de que se está na perimenopausa?
O principal sintoma de chegada à perimenopausa é um ciclo menstrual irregular. O período de tempo entre cada menstruação torna-se mais curto ou mais longo e o fluxo menstrual também muda: para algumas mulheres torna-se mais abundante, para outras mais escasso. É normal que, durante a perimenopausa, haja meses sem ovulação e em que, portanto, não há menstruação.
Há outros sintomas que resultam da diminuição de produção de estrogénio e, portanto, indiciam a entrada na perimenopausa, como:
- Afrontamentos, ou seja, a sensação repentina de calor a percorrer o corpo e a cara e que provoca suor. Este rash pode durar alguns segundos ou vários minutos e acontece sem razão aparente, podendo inclusivamente acontecer durante o sono e fazer com que a mulher acorde. Algumas mulheres experienciam afrontamentos algumas vezes por mês; outras algumas vezes por dia.
- Insónias, isto é, incapacidade de adormecer ou acordar cedo demais. Os suores noturnos podem ser um dos fatores que dificulta o sono.
- Menorragia, isto é, fluxos menstruais muito elevados que, por vezes, incapacitam o prosseguimento com as atividades normais do dia a dia. Pode estar perante uma menorragia quando há necessidade de usar mais do que um penso higiénico ou tampão por hora, durante várias horas, o período dura mais do que uma semana ou quando há sinais de anemia, tais como o cansaço.
- Alterações vaginais. A falta de estrogénio faz com que o tecido que reveste o interior da vagina se torne mais fino e menos elástico. Como consequência, a lubrificação desta zona diminui e a relação sexual pode tornar-se incómoda ou dolorosa.
- Alterações no trato urinário. A diminuição de estrogénio juntamente com as alterações vaginais podem deixar a uretra seca e irritada, o que resulta numa vontade de urinar mais frequente e maior exposição a infeções urinárias.
- Diminuição da libido, como resultado das alterações hormonais.
- Alterações de humor, maior irritabilidade e depressão.
É possível amenizar os sintomas?
Sim. O tratamento hormonal é indicado para aliviar os sintomas da perimenopausa, substituindo estrogénio em falta. O tratamento hormonal pode ser feito usando apenas estrogénio ou combinando estrogénios e progesterona. O seu médico irá recomendar a terapêutica adequada. A utilização da pílula contracetiva também pode ajudar a regular os níveis hormonais.
Outros tratamentos que podem ser necessários para controlar os sintomas são:
- Antidepressivos, no caso de alterações de humor muito fortes e incapacitantes.
- Cremes e lubrificantes: podem atenuar as queixas de secura vaginal e podem ser utilizados mesmo durante a relação sexual.
Estes tratamentos têm riscos?
Os tratamentos hormonais aumentam o risco de doenças cardiovasculares e de cancro do útero ou da mama - o médico irá recomendar a terapêutica certa e adequada a cada mulher.
Durante a perimenopausa a mulher pode engravidar?
Sim. Há um decréscimo na fertilidade, uma vez que a ovulação se torna irregular, mas a mulher na perimenopausa continua fértil e pode engravidar. Por esta razão, a mulher não deve abandonar a contraceção se não tem intenção de engravidar.
A perimenopausa traz riscos para a saúde?
Com as alterações hormonais da perimenopausa há algumas mudanças na saúde da mulher:
- Perda óssea. É normal que haja, em homens e mulheres, alguma perda óssea após os 35 anos, mas durante a perimenopausa, com a diminuição dos níveis de estrogénio, a perda óssea da mulher aumenta, uma vez que esta hormona tem um importante papel na proteção dos ossos. Aumenta, portanto, o risco de osteoporose, doença em que o interior dos ossos é menos denso e por isso há maior probabilidade de fraturas.
- Risco de doença cardiovascular. O estrogénio é protetor da função cardiovascular e com a perimenopausa é natural que os níveis de colesterol da mulher aumentem. Também cresce o risco de doenças cardíacas e de pressão arterial alta.
- Aumento do peso. A pré-menopausa representa um desaceleramento do metabolismo e, com isto, um ganho de peso. Assim aumenta também o risco de doenças associadas, como a diabetes ou doenças cardiovasculares.
Que cuidados de saúde são essenciais nesta fase?
É importante manter um estilo de vida saudável e ser acompanhada por médicos, realizando os exames certos nas datas recomendadas. Entre alguns cuidados comuns nesta fase da vida estão:
- Exercício físico, como forma de prevenir doenças cardiovasculares, aumento de peso e exercícios de suporte de peso para prevenir a osteoporose.
- Suplementação vitamínica, para prevenir a osteoporose, com cálcio e vitamina D.
- Consulta com o médico assistente e ginecologista todos os anos.
O que marca o fim da perimenopausa e o início da menopausa?
A menopausa está estabelecida quando não existe período menstrual por 12 meses. Até essa data, assume-se que se mantém na pré-menopausa e, portanto, há a hipótese de engravidar e deve continuar os seus métodos contracetivos.
Cambridge University Press, Cambridge Core, novembro de 2022
Cleveland Clinic, novembro de 2022
Mayo Clinic, novembro de 2022
Penn Medicine, novembro de 2022
The American College of Obstetricians and Gynecologists, novembro de 2022