"Paragem de digestão":

Mergulhar depois de comer faz mesmo mal?
Alimentação
Prevenção e bem-estar
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Para evitar uma “paragem de digestão”, há quem recomende esperar 3h após a refeição antes de dar um mergulho. Mas será mesmo necessário? Conheça a resposta.

Muitos de nós crescemos a ouvir que mergulhar depois de comer é perigoso e pode provocar uma “paragem de digestão”. Este é um mito que tem vindo a ser transmitido de geração em geração, levando a que, no verão, aguardássemos três horas entre o almoço e o primeiro mergulho da tarde na praia ou na piscina. Mas será que é mesmo necessário? O processo de digestão pode mesmo ser interrompido por entrarmos na água do mar? Ivan Munoz, médico especialista em Medicina Geral e Familiar, esclarece sobre este tema.

 

A paragem de digestão existe mesmo?

“Podemos considerar que uma ‘paragem de digestão’ não é mais do que a interrupção do processo digestivo de alimentos no estômago”, que acontece devido à “alteração das condições necessárias para um processo digestivo normal, por exemplo, pela diminuição do fluxo sanguíneo no estômago”, explica o médico especialista em Medicina Geral e Familiar, referindo que esta pode estar associada a sintomas como:

  • Tonturas;
  • Náuseas;
  • Mal-estar geral;
  • Calafrios;
  • Vómitos. 

 

O que pode causar uma “paragem de digestão”

É comum dizer-se que mergulhar depois de uma refeição pode provocar uma “paragem de digestão”. Contudo, não é bem o que acontece e não está apenas associado ao ato de entrar na piscina, no mar ou até mesmo no banho. A temperatura da água é, aqui, o ponto-chave. De acordo com Ivan Munoz, “no verão, uma das causas mais frequentes de ‘paragem de digestão’ é a entrada precipitada em água fria, o que pode originar um choque térmico. Esse choque provoca uma diminuição repentina da circulação de sangue no cérebro, podendo levar a um desmaio súbito. Simultaneamente, também pode reduzir o fluxo sanguíneo no estômago, interrompendo o processo digestivo”. O especialista em Medicina Geral e Familiar aponta ainda como outra causa da “paragem de digestão” a prática de “exercício físico intenso após uma refeição mais ‘pesada’”.

Crianças saltam para a piscina.

Há pessoas com maior tendência para “paragem de digestão”?

“Não tem tanto que ver com tipo de pessoa”, clarifica Ivan Munoz, “mas sim com a quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos. Existe maior probabilidade de ficar indisposto se forem ingeridos alimentos em maior quantidade ou que retardam o esvaziamento gástrico, como fritos, carnes gordas ou molhos gordurosos”. Portanto, estes alimentos são de evitar.

 

O que fazer em caso de “paragem de digestão”

“Caso a ‘paragem de digestão’ se deva a um choque térmico dentro de água, pode haver o risco de desmaio e perigo de afogamento”, alerta o especialista em Medicina Geral e Familiar, pelo que, nestes casos é importante “tentar manter a calma, pedir ajuda, sair de dentro de água (se for o caso), encontrar um local confortável e aquecer o corpo”, aconselha.

Por outro lado, o que nunca deve fazer nestas situações é “ficar dentro de água, pelo risco de afogamento, nem deitar-se de barriga para cima, devido ao risco de aspiração do vómito, que pode originar uma pneumonia por aspiração", alerta o médico.

 

E atenção!

“Devemos procurar um médico sempre que ocorra uma alteração do estado de consciência (desmaio), suspeita de aspiração de vómito ou se os sintomas não melhorarem com as medidas de conforto”, que incluem “ir para um local calmo, confortável e com temperatura amena para repousar e aquecer o corpo, e hidratar com líquidos mornos (chá)”, salienta Ivan Munoz, médico especialista em Medicina Geral e Familiar.

 

Estratégias de prevenção

Para evitar o mal-estar associado a uma “paragem de digestão”, “nos dias de praia ou piscina faça refeições ‘ligeiras” e “entre dentro de água lentamente e de forma gradual”, recomenda Ivan Munoz. Outro conselho que deixa é o de “não praticar exercício físico intenso após uma refeição mais pesada”.

Publicado a 19/08/2024