Reabilitação Cardiovascular: um ginásio para o coração

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Coração
Doenças crónicas
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Na Reabilitação Cardiovascular procura aumentar-se a qualidade de vida, autonomia e confiança de doentes cardíacos através de programas de exercício físico.

O coração é um músculo, mas nunca ouvimos falar de ginásios específicos para aquele que é considerado o motor do corpo humano. De alguma forma, é justamente isto que é feito no Programa de Reabilitação Cardíaca da CUF.

 

Para quem é indicado?

Este programa visa proporcionar uma melhor qualidade de vida e uma superior autonomia aos doentes cardíacos, sejam eles doentes após enfarte, doentes com insuficiência cardíaca, doentes após cirurgia cardíaca para substituição de válvulas, cirurgia cardíaca para bypass coronário, entre outros.

É o caso de Emília Mendonça, a quem uma insuficiência cardíaca obrigou a uma cirurgia valvular. A fadiga extrema de que sofria antes de ser operada - e que se refletia em gestos quotidianos como tomar banho e lavar a cabeça - melhorou após a cirurgia e a fisioterapia pós-operatória. No entanto, sentia que ainda não tinha a capacidade de resistência ao esforço que ambicionava ter. E foi isso que a levou ao Programa de Reabilitação Cardíaca na CUF.



O que é a reabilitação cardiovascular?

  • O Programa de Reabilitação Cardíaca tem a duração de dois a três meses, com duas a três sessões por semana.
  • Este é um programa com foco no exercício físico e inclui treino aeróbico e de força individualizado, sob supervisão médica e monitorização contínua.
  • Há doentes que conseguiram aumentar o seu perímetro de marcha de 50 para 200 metros.
  • A idade não é critério de inclusão ou exclusão neste programa - atualmente há doentes dos 40 aos 90 anos.

 

Como funciona o programa?

Na prova de esforço inicial - obrigatória para todos os que frequentam este programa, e que define o plano de trabalho - Emília Mendonça conseguiu manter-se apenas sete minutos na passadeira. Após menos de um mês de sessões notou uma melhoria significativa nas atividades do seu dia a dia, mesmo nas que envolvem maiores esforços, como nas caminhadas, subida de escadas, transportar as compras e nas suas tarefas domésticas.

Um aumento de capacidade muito associado à segurança que os doentes aqui sentem, uma vez que, durante os 40 a 60 minutos de sessão - que inclui treino aeróbico (tapete, bicicleta, elíptica e remo) e por vezes também um complemento de treino de força - são constantemente monitorizados. "A maior parte destes programas devem ser feitos com monitorização eletrocardiográfica durante o exercício, ou seja, com monitor de eletrocardiograma, para vermos o traçado cardíaco durante o esforço, se há arritmias, se há algum sinal de alguma resposta menos apropriada, e com supervisão médica para se poder interpretar algumas destas alterações e agir de uma forma razoavelmente rápida", explica Afonso Rocha, Coordenador da Unidade de Reabilitação Cardíaca do Instituto CUF Porto. Uma ideia corroborada por Emília Mendonça, profissional na área da educação na saúde: "Eu tinha medo de fazer exercício, mal começava a caminhar e sentia palpitações tinha tendência a parar. Aqui sinto-me tranquila".

Segundo o médico especialista em Medicina Física e Reabilitação, este programa é apenas o começo, já que estes doentes serão doentes cardíacos para a vida e portanto devem incluir o exercício na sua vida de forma permanente. Justamente por isto, uma das partes fundamentais da Reabilitação Cardiovascular consiste em dar a quem o frequenta ferramentas para o futuro. Ferramentas como aprender a reconhecer sintomas e qual a frequência cardíaca alvo, que depois acompanham estas pessoas no exercício para o resto da vida. Até porque "a ideia da imobilidade e restrição de atividade, hoje em dia, está completamente posta de lado no contexto de doença cardíaca estável", conclui Afonso Rocha.

Publicado a 29/09/2019