Sofre de doença crónica?
A habitual sazonalidade das infeções respiratórias e as exigências impostas pela COVID-19 obrigam a cuidados redobrados este inverno. Saiba como se preparar.
Neste próximo inverno, espera-se um aumento substancial da procura de cuidados de saúde, decorrente não só da habitual sazonalidade das infeções respiratórias causadas pelo vírus da gripe e outros agentes respiratórios, como também pelas exigências impostas pela COVID-19 e antecipação de um eventual novo pico da atividade epidémica.
Doenças crónicas e COVID-19
As doenças crónicas em geral e as respiratórias em particular (asma, doença pulmonar obstrutiva crónica, bronquite crónica, fibrose pulmonar, entre outras), sobretudo se não controladas, são fatores de risco para morbi-mortalidade e incapacidade associadas à COVID-19 e às restantes infeções respiratórias sazonais (gripe e pneumonia).
Tendo em conta que neste primeiro semestre de 2020 se assistiu a um aumento marcado do número de casos de doença crónica não controlada, em função dos constrangimentos provocados pela reorganização dos cuidados de saúde, com adiamento de consultas de rotina e exames complementares de diagnóstico, urge agora, com a maior brevidade possível, ainda durante o verão, agir para mitigar os riscos e previsível impacto negativo deste inverno que se prevê particularmente exigente para estes doentes.
Que medidas e rotinas de saúde devem ser adotadas para se preparar o inverno?
A estratégia-chave é prevenção e pode resumir-se em 4 pontos fundamentais:
1. Adoção de estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, com evicção tabágica, saúde oral cuidada, prática regular de exercício físico e bons hábitos de sono.
2. Diminuição do risco de infeções coexistentes. Para isto, há que garantir, em primeiro lugar, bons hábitos de higiene e etiqueta respiratória - lavagem frequente das mãos, utilização de álcool-gel, utilização de máscara (incluindo na rua), tossir ou espirrar na direção do cotovelo ou para um lenço de papel que deve ser deitado fora de imediato, limpeza das vias aéreas, distanciamento social, evicção do contacto com outros indivíduos com sintomas de infeção respiratória, não frequentar locais com muita gente, fechados e pouco arejados. Por outro lado, e ainda no outono, deve ser garantida a administração da vacina anual da gripe e da vacina pneumocócica, em grupos de risco e, especialmente, em pessoas com mais de 65 anos.
3. Cumprir rigorosamente a medicação prescrita nas doses e frequência adequadas, não deixar acabar a medicação, e saber utilizar e manejar corretamente eventuais dispositivos terapêuticos (por exemplo: inaladores pressurizados, ventiladores não invasivos). Se tiver dúvidas, não hesite em contactar o seu médico.
4. Monitorizar regularmente o estado de saúde: manter consultas e exames de rotina regulares, estar atento à mudança ou aparecimento de novos sintomas (por exemplo: dificuldade respiratória, pieira, dor no peito, mudanças das características da expetoração ou da tosse, febre, incapacidade de manter as atividades da vida diária de forma regular, entre outros) e conhecer os sinais de alarme, que variam de patologia para patologia, que alertam para a necessidade de não adiar uma observação médica.
A importância de uma preparação para o inverno sem receios da ida ao hospital
Para além destes pontos, e tendo em conta o presente contexto COVID-19, destacaria que é absolutamente fundamental que os doentes não tenham medo de se deslocar aos hospitais e restantes serviços de saúde, para procurarem o seu médico e efetuarem a vigilância da sua saúde, prevenir ou acompanhar as suas patologias, que tardiamente diagnosticadas ou sem acompanhamento podem ser irreversíveis ou trazer complicações maiores. As unidades de saúde seguem protocolos e circuitos que garantem a segurança de todos.
É também fundamental que, em caso de significativa modificação da sintomatologia habitual, de instalação aguda, com significativa sensação de mau-estar não se adie a ida a um serviço de atendimento permanente. O atraso na obtenção de cuidados de saúde em situações limite ou agudas graves pode ter mau prognóstico e, não raramente, pode mesmo ser fatal.