Vasculite: um só nome, diferentes problemas
Raras e muito diferentes umas das outras, uma vasculite consiste na inflamação de vasos sanguíneos. Felizmente, pode ser tratada.
A vasculite consiste numa inflamação de vasos sanguíneos, sejam pequenos capilares, veias ou artérias, de um ou mais órgãos, em qualquer zona do corpo, incluindo rins, pulmões e coração, afetando o funcionamento desses órgãos.
Potenciais causas da vasculite
Algumas vasculites não têm uma causa conhecida (vasculites primárias), enquanto outras são atribuídas a causas específicas (vasculites secundárias), nomeadamente infeções (hepatite, VIH), doenças (lúpus, artrite reumatoide, doenças inflamatórias) ou toma de certos medicamentos ou drogas. Em geral, devem-se a um problema no sistema imunitário ou a fatores genéticos.
Atenção!
A vasculite não é uma doença contagiosa.
Tipos de vasculite
Um conjunto de especialistas reunidos na International Chapel Hill Consensus Conference on the Nomenclature of Vasculitides adotou, em 2012, uma nova nomenclatura para as vasculites. De acordo com essa alteração as vasculites podem ser, entre outras:
- Vasculites de grandes vasos (arterite de células gigantes ou arterite Takayasu, que envolvem tipicamente a aorta)
- Vasculites de vasos médios (poliarterite nodosa, doença de Kawasaki)
- Vasculites de pequenos vasos (associada aos ANCA ou aos imunocomplexos)
- Vasculite de vasos de calibre variável (doença de Behcet e síndrome de Cogan)
- Vasculite de órgão único
- Vasculite associada a doenças sistémicas
- Vasculite associada a causa provável (que inclui vasculites associadas ao vírus da hepatite B, aortite associada a sífilis, entre outras)
Incidência e sintomas das vasculites
A vasculite é pouco comum. Calcula-se que existam entre dez a 15 novos casos por um milhão de pessoas anualmente e que haja cerca de 20 a 30 mil pessoas por milhão diagnosticadas em todo o mundo. Pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade e do sexo, mas alguns tipos de vasculite predominam em certas faixas etárias e outras afetam mais os homens. Também podem atingir crianças.
Os sintomas variam consoante o tipo e a gravidade. Em geral, são pouco específicos e incluem:
- Dor
- Mal-estar geral
- Cansaço
- Febre
- Falta de apetite
- Perda de peso
Diagnóstico e tratamento da vasculite
O diagnóstico é feito com base na história do doente e em exames, designadamente análises ao sangue e à urina, bem como, se necessário, radiografia, ecocardiograma, biópsia e outros. Para já não existe uma cura, mas a doença pode ser controlada.
O tratamento da vasculite pode envolver a administração de uma série de fármacos, entre os quais glucocorticoides e imunossupressores (como a ciclofosfamida, a azatioprina ou o metotrexato). Em alguns casos mais graves, pode ser preciso tratar com outros agentes. Os doentes que tomam corticoides devem ser vigiados dado o maior risco de osteoporose.
Prevenção
Não existe uma forma de prevenir as vasculites, nem sequer está aconselhado rastreio pré-natal, uma vez que, apesar de genética, não é necessariamente hereditária.
Sabia que...
A gestão da vasculite pode implicar uma série de especialidades, desde a reumatologia à nefrologia e pneumologia, passando por otorrinolaringologia, oftalmologia, estomatologia/medicina dentária, nutrição, entre outras.