O que é?

Define-se como uma dependência de um "tóxico" ou droga que provoca adicionalmente perturbações psicológicas.

As drogas não são todas iguais quanto à sua toxicidade: algumas são muito tóxicas, outras, como o álcool, podem ser ingeridas de forma controlada por muitas pessoas sem problemas de maior. Por outro lado, a heroína, ao contrário do álcool, é uma droga com menos efeitos tóxicos a longo prazo mas apresenta uma enorme capacidade de criar adição. Importa, por isso, distinguir a dependência causada por diferentes substâncias porque estas têm características diferentes e é possível utilizar algumas delas de forma não abusiva.

O que atribui perigosidade real, assim como o que induz e mantém o seu consumo é um conjunto de fatores que interagem de forma dinâmica e estão relacionados com as propriedades farmacológicas da substância, as características psicológicas do consumidor e o ambiente social que o rodeia. Significa isto que pessoas diferentes integradas em meios diferentes apresentam um maior ou menor potencial de se tornarem dependentes da mesma substância.

A compulsão por drogas ou por outras substâncias define-se quando estão presentes, em simultâneo, diferentes critérios:

  • Um forte desejo para as consumir;
  • Dificuldades em controlar o comportamento, tanto no que se refere ao início, fim e níveis de consumo;
  • Estado de abstinência fisiológico quando o uso cessa ou é reduzido;
  • Evidência de tolerância, na qual doses crescentes são necessárias para se obter um efeito inicialmente obtido com dosagens mais baixas;
  • Abandono progressivo de prazeres e interesses alternativos em favor do seu uso e aumento da quantidade de tempo necessária para se recuperar dos seus efeitos;
  • Persistência na sua utilização, apesar da evidência de consequências manifestamente nocivas.

Sintomas

Muitas iniciam-se de uma forma meramente casual, num determinado contexto social. Esse consumo vai-se tornando mais habitual até adquirir as características de uma dependência, requerendo quantidades cada vez maiores e com uma utilização cada vez mais frequente.

Ao longo do tempo, essa substância torna-se essencial para que a pessoa se sinta bem e capaz de ser funcional no seu dia-a-dia. Sendo que a ausência gera desconforto físico e emocional (abstinência).

As manifestações típicas passam pela sensação de necessidade de um consumo cada vez mais regular, pela incapacidade de o interromper, pela indispensabilidade de manter sempre uma reserva da substância, pelo gasto excessivo de dinheiro, muitas vezes acima das possibilidades, pela impressão de que o seu uso é essencial para se conseguir ultrapassar os problemas diários, pela realização de atividades arriscadas sob influência desse elemento e pelo crescente gasto de tempo e energia na sua obtenção e utilização.

Por vezes, é difícil distinguir a dependência de substâncias das alterações de comportamento frequentes na adolescência. Num adolescente, deve-se suspeitar deste problema se ocorrerem problemas na escola (faltas, desinteresse, mau desempenho), ausência de energia ou de motivação, aspeto pouco cuidado, alterações no comportamento ou gasto excessivo de dinheiro.

Causas

Relaciona-se com as características químicas da droga ou da substância, com o perfil psicológico do consumidor e com o meio ambiente onde ele está inserido.

No que se refere às características, o tabaco e o café, por exemplo, não alteram de forma significativa o comportamento do consumidor e, por isso, são compatíveis com uma vida social normal. No entanto, o tabaco pode não dar alterações de comportamento mas pode provocar problemas graves da saúde.
A marijuana, pelo contrário, provoca mudanças comportamentais, o que a pode tornar perigosa, por exemplo na condução de veículos, mas a forma como é consumida (geralmente fumando menos cigarros por dia), tem provavelmente menores implicações para a saúde do que o tabaco.

Relativamente à capacidade para provocar dependência, a heroína, a cocaína e o álcool, são as mais perigosas. O tabaco, os canabinóides, o café, o ecstasy e o LSD são as que provocam dependências mais ligeiras.

No que se refere às características psicológicas do consumidor, a adolescência é uma fase difícil para cerca de um terço dos jovens que pode provocar frustrações que impelem à fuga para estas substâncias. A adolescência é, por definição, uma época de experimentação e de procura dos limites do "eu", o que leva frequentemente à iniciação nas drogas.

O género masculino tende a ser o mais afetado pelo seu consumo, embora as mulheres, depois da iniciação, tenha um percurso mais rápido e degradante.

A baixa tolerância à frustração, uma reduzida autoestima, a necessidade de aprovação social, a não aceitação sistemática de normas sociais, a predisposição para doenças mentais, são outras características que tornam algumas pessoas mais suscetíveis de recorrerem a estas substâncias e de se tornarem dependentes delas.

Importa referir que os canabinóides são relativamente inofensivos mas, em determinados indivíduos predispostos, podem acelerar a instalação de doenças mentais graves, como as psicoses. A cocaína, as anfetaminas, o ecstasy e o LSD podem também induzir crises psicóticas em determinados consumidores. Por outro lado, parece existir uma predisposição genética para a dependência.

No que se refere ao meio ambiente, o papel da família, da escola, do local de trabalho pode ser determinante no aparecimento de uma dependência ou, inversamente, na sua deteção e correção precoces.

O nível socioeconómico é também relevante, sendo que deve ser igualmente referido o impacto da comunicação social e da publicidade.

Diagnóstico

O diagnóstico começa frequentemente a nível do médico de família ou dos familiares mas deve ser confirmado por um psiquiatra, de acordo com os critérios internacionalmente definidos. A pesquisa de substâncias no sangue não permite fazer o diagnóstico mas tem como objetivo verificar se ocorreu consumo recente.

Tratamento

O tratamento deverá ser sempre individualizado. Nalguns casos, um regime de internamento é eficaz porque permite interromper a progressão e o agravamento dos sintomas associados à doença, bem como todo o seu impacto na saúde do paciente, na sua família, no trabalho ou nas suas finanças.

Por outro lado, deve englobar uma componente psicossocial, onde o indivíduo reaprende novas competências e aptidões que lhe proporcionem mais qualidade de vida.

A terapêutica psicossocial inclui todo o processo de avaliação e diagnóstico, num ambiente de tratamento seguro e livre de drogas lícitas e ilícitas, com apoio farmacológico e supervisão permanentes, um plano personalizado e estruturado de intervenção, psicoterapia individual e de grupo, educação sobre as dependências e sobre a abstinência, atividades sociais, programas familiares e uma fase de pós-tratamento/integração, já em regime de ambulatório durante um ano.

Todas estas etapas visam a recuperação plena do indivíduo dependente e a sua reintegração na comunidade. Este trabalho pode e deve ser complementado pelo tratamento médico de todas as complicações e/ou doenças que possam estar associadas ou ser causadas pela dependência de substâncias. Os fármacos são igualmente essenciais para compensar os efeitos da abstinência e permitir uma recuperação menos penosa.

Prevenção

A melhor maneira de prevenir a dependência de uma substância é não a consumir. Uma vez que pode surgir mesmo para medicamentos prescritos pelo médico, é importante respeitar as doses e informar o profissional de saúde de quaisquer sintomas de dependência.

Nos adolescentes, a prevenção passa por uma boa capacidade de comunicação dentro da família, pela atenção constante a sinais de alerta, por saber ouvir e por saber dar o exemplo.

Nos casos de indivíduos recuperados, existe sempre o risco de recaída pelo que se deve evitar o contacto com a substância bem como todas as situações de risco.

Fontes

Portal de Saúde Pública, 2000

Mayo Foundation for Medical Education and Research., 2011

OMS, 2004

Psych Central., 2014