O que é?

A disfunção sexual corresponde às situações em que o indivíduo não consegue concretizar uma relação sexual ou em que esta seja insatisfatória para si e/ou para o seu companheiro. Pode caracterizar-se por uma alteração no desejo, na presença ou manutenção da excitação e resposta à mesma, na capacidade de obter o orgasmo, numa perturbação dolorosa ou na sobreposição de qualquer uma destas situações. Estes casos pode associar-se a mal-estar e interferir com diversos aspetos da vida pessoal, familiar e profissional.

A sua prevalência é elevada, situando-se entre os 25% e os 63% a nível mundial, mas os estudos realizados são escassos e os dados observados são bastante heterogéneos. Em Portugal, estima-se que a feminina se situe entre os 40% e 70%, traduzindo-se por uma alteração em qualquer uma das fases do ciclo de resposta sexual da mulher ou por perturbações dolorosas associadas ao ato sexual. De acordo com outros dados, afeta cerca de 19% das mulheres e cerca de 25% dos homens.

Sintomas

Os sintomas são diferentes no homem e na mulher. No homem, os mais comuns são as dificuldades na obtenção ou manutenção da ereção, alterações na ejaculação, que pode ser ausente, retardada ou prematura. Na mulher, predomina a diminuição do desejo sexual, a incapacidade de obter o orgasmo, a lubrificação vaginal insuficiente e a dificuldade no relaxamento desta musculatura, dificultando ou impedindo a penetração.

De um modo geral, podem ser classificadas em quatro categorias: as que afetam o desejo sexual, as que interferem com a estimulação sexual, a disfunção eréctil e as alterações do orgasmo.

Os quadros dolorosos são bastante comuns, sobretudo na mulher, e podem estar relacionados com pouca lubrificação vaginal ou contração involuntária destes músculos. A sintomatologia podem ser muito variada e nem sempre é assumida como tal, uma vez que para ela contribuem fatores de natureza física e psicológica.

Causas

Pode ter inúmeras causas, desde físicas (diabetes, doenças cardiovasculares, neurológicas, hormonais, renais, hepáticas, abuso de álcool, tabaco ou drogas, uso de medicamentos como alguns anti-depressivos, anti-hipertensivos e anti-histamínicos, por exemplo) às psíquicas, como o stress, a ansiedade, a depressão, as preocupações em relação ao desempenho sexual, os problemas conjugais, entre outras.

Durante a gravidez é normal ocorrer algum tipo de disfunção sexual, como a diminuição do desejo ou dor durante as relações. Ainda para as mulheres, a fase pré-menstrual, o pós-parto e a menopausa podem fazer-se acompanhar de alterações relativas ao sexo.

Diagnóstico

Para maximizar os benefícios dos medicamentos e técnicas comportamentais utilizadas no seu tratamento, é importante ter uma abordagem abrangente da questão. O diagnóstico é mais difícil quando as pessoas afetadas não reconhecem a existência do problema. A história sexual completa e a avaliação da saúde geral e de outros problemas sexuais são muito importantes. Avaliar a presença de ansiedade, de sentimentos de culpa ou de stress são parte integrante de uma abordagem adequada à disfunção sexual.

É essencial excluir a presença de uma condição médica que possa ser a sua causa. Por vezes, o diagnóstico requer a abordagem dos dois elementos do casal, de modo a tentar perceber a sua dinâmica e modo de relacionamento.

Tratamento

O sucesso do tratamento dependerá da causa subjacente. As alterações no estilo de vida são importantes. O excesso de álcool, tabaco e drogas são causas importantes de disfunção sexual e o seu controlo, só por si, pode resolver o problema.

Para a disfunção erétil, existem diversos fármacos que devem ser sempre prescritos pelo médico. Em função da origem da alteração da função sexual, existem diversos medicamentos, de natureza hormonal ou outra, que podem ser úteis.

Em alguns casos de disfunção erétil, pode estar indicada uma ajuda mecânica (implantes penianos ou sistemas de vácuo) e, no caso da mulher, existem dilatadores que podem ser úteis em casos de estreitamento do canal vaginal.

A terapia sexual, o suporte psicológico, as abordagens comportamentais e a psicoterapia são outras opções.  O essencial é reconhecer e aceitar a sua presença e, desse modo, é sempre mais fácil identificar as suas causas e corrigi-las.

Prevenção

Passa pela educação, informação e comunicação, uma vez que muitos casos de têm aí a sua origem. Por outro lado, a adoção de um estilo de vida saudável, permite evitar muitas das causas mais comuns. A alimentação, o exercício físico, não fumar, são passos importantes para uma vida sexual mais equilibrada.

Fontes

Ribeiro B. e col., Disfunção sexual feminina em idade reprodutiva – prevalência e fatores associados, Rev Port Med Geral Fam 2013;29:16-24

The Cleveland Clinic Foundation, 2013

University of Maryland Medical Center, Maio 2013

A.J. Pepe Cardoso, Falemos de disfunções sexuais, Agosto 2012