O que é?

A Insuficiência Cardíaca corresponde a uma situação clínica na qual o coração perde a sua capacidade de bombear o sangue de modo a satisfazer as necessidades de oxigénio e de nutrientes do organismo. Pode resultar de diversas doenças ou ser um processo degenerativo associado à idade.

Trata-se de um problema comum e estima-se que, em Portugal, afete cerca de 4,4% da população adulta. Para idades superiores a 80 anos, essa incidência é de cerca de 16%. É uma doença intimamente associada a outras altamente prevalentes como a diabetes e a obesidade e, por isso, a sua abordagem deve ocorrer num contexto de tratamento global do paciente.

Sintomas

Muitos dos seus sintomas não são mais do que uma tentativa do organismo compensar a crescente incapacidade do coração fazer chegar o sangue a todo o corpo. Esta compensação passa por um aumento da força e da contração do músculo cardíaco e do seu próprio ritmo, que pode gerar palpitações; ou por uma maior retenção de sal e água a nível dos rins de modo a aumentar o volume de sangue circulante, o que pode causar inchaços em vários locais do corpo, consoante a posição e a ação da gravidade (de pé, o líquido acumula-se nos membros inferiores; na posição deitada, localiza-se nas costas ou no abdómen). Este aumento de líquidos implica um maior número de micções durante a noite. Ocorre ainda um aumento da espessura do músculo cardíaco (hipertrofia) que visa compensar a menor capacidade contráctil desse músculo.

Embora estes mecanismos possam, numa fase inicial, compensar a perda de função do músculo cardíaco, eles tendem a introduzir um esforço adicional e, como tal, contribuem para uma maior deterioração da sua função.  A insuficiência cardíaca deve ser prontamente diagnosticada e tratada, de modo a evitar o desenvolvimento destes mecanismos e de todas as suas consequências.

Na insuficiência cardíaca já instalada, um dos principais sintomas é o cansaço, que ocorre após esforços cada vez menores ou mesmo em repouso. Pode também haver perda de apetite, tosse ou aumento de volume do abdómen.

A acumulação de fluidos nos pulmões pode gerar edema pulmonar, com dificuldade respiratória e falta de ar, obrigando os doentes a dormir com a cabeceira elevada ou mesmo sentados.

Causas

Todas as patologias que atingem o coração ou a circulação sanguínea podem causar insuficiência cardíaca. Uma das mais comuns é a doença das artérias coronárias. Estas irrigam o próprio músculo cardíaco e, por isso, quando estão afetadas, esse músculo não consegue exercer a sua função de modo eficaz, podendo ocorrer um enfarte.

Outras causas são as miocardites (processos inflamatórios e/ou infeciosos do músculo cardíaco), a pericardite (inflamação da membrana que envolve o coração), a diabetes, o hipertiroidismo ou a obesidade. Bem como as alterações das válvulas cardíacas, as arritmias e a hipertensão arterial não controlada. Além disso, qualquer doença que provoque um aumento marcado do consumo de oxigénio e de nutrientes pelo organismo vai exigir um esforço adicional do coração e, se não for tratada, pode originar o desenvolvimento de insuficiência cardíaca.

Diagnóstico

O diagnóstico passa por avaliar a gravidade da situação e a sua causa subjacente. Os exames habitualmente requisitados incluem uma radiografia torácica, eletrocardiograma, ecocardiograma e um estudo laboratorial para uma avaliação mais completa. Em alguns casos, pode ser necessário realizar um estudo angiográfico.

Tratamento

Como regra, a insuficiência cardíaca não pode ser revertida e o tratamento visa melhorar a qualidade de vida, a autonomia e reduzir a mortalidade associada a esta condição. Além de que deve incidir sobre a sua causa, podendo ser médico ou cirúrgico, dependendo da sua natureza.

Deve-se ainda controlar a pressão arterial, o colesterol ou a diabetes. Uma dieta adequada é essencial, bem como praticar exercício físico ajustado às capacidades de cada paciente e não fumar. O controlo da ingestão de sal é particularmente relevante porque ele associa-se a uma maior retenção de líquidos e, como tal, a uma maior sobrecarga para o coração.

O tratamento da insuficiência cardíaca pode ser feito mediante a prescrição de: 

  • Diuréticos, que combatem a retenção de líquidos;
  • Medicamentos que aumentam a força de contração do músculo cardíaco e reduzem o seu ritmo, como a digoxina;
  • Vasodilatadores, que permitem diminuir a sobrecarga exigida ao coração. Se existir uma arritmia pode ser necessário implantar um pacemaker;
  • Anticoagulantes, uma vez que nestes pacientes existe uma tendência mais elevada para a formação de coágulos dentro do coração, que podem entrar em circulação causando embolias à distância.

Quando a insuficiência cardíaca é muito grave e não responde de modo adequado à terapêutica pode haver indicação para transplante cardíaco.

Prevenção

A prevenção passa pela adoção de um estilo de vida saudável no que se refere à alimentação, na prática de exercício físico, no controlo do peso e na avaliação médica regular, evitando-se, em simultâneo, o tabaco, o abuso de álcool e de substâncias ilícitas. Se existem fatores de risco, como a hipertensão arterial, diabetes ou doença coronária, essa prevenção implica um diagnóstico e tratamento adequado desses quadros antes que ocorra sobrecarga do músculo cardíaco.

 

Se quer saber ainda mais sobre insuficiência cardíaca consulte o artigo escrito pelos nossos especialistas.

Fontes

Manual Merck, 2014

American Heart Association, 2015

National Heart, Lung and Blood Institute, 2014