O que é?

Corresponde a uma alteração progressiva da forma da córnea, a camada mais superficial dos olhos, que se desenvolve progressiva e assimetricamente, na qual a porção central assume uma forma cónica, permanecendo a periferia relativamente normal. Com a progressão da doença, a córnea fica cada vez mais saliente, desenvolve-se astigmatismo irregular, formação de cicatrizes e diminuição da acuidade visual.

A sua prevalência é de cerca de 54,5 casos por cada 100 mil habitantes, embora se admita que exista um número maior, devido a casos não referenciados. É habitualmente diagnosticado na adolescência, no entanto pode manifestar-se mais cedo, e tende a progredir até à terceira ou quarta década de vida, quando costuma estacionar.

Geralmente, inicia-se num olho e depois afeta o outro, não parecendo haver diferença significativa na incidência entre os olhos direito e esquerdo. Trata-se de uma doença mais frequente no género masculino.

Sintomas

Os sintomas variam consoante a fase da doença. Como a córnea é a camada transparente dos olhos que permite a entrada da luz, qualquer anomalia na sua superfície afetada de modo significativo a visão, tornando tarefas simples muito difíceis e cansativas, com forte impacto na qualidade de vida das pessoas afetadas.

As queixas mais comuns são a redução da acuidade visual, mesmo com óculos, visão flutuante, necessidade de trocar frequentemente de óculos, visão dupla, imagens com “fantasma”, visão turva ou distorcida, cansaço visual, sensibilidade à luz e perceção de halos ao redor das luzes.

A distorção da córnea associada ao queratocone causa também redução da sensibilidade ao contraste.

Causas

Trata-se de uma doença de natureza genética. Cerca de 6% a 12% dos pacientes mencionam ter outros membros na família com a mesma patologia. O queratocone pode associar-se ao ato de esfregar os olhos vigorosamente, a outras doenças oculares, como a retinite pigmentar, retinopatia da prematuridade ou as conjuntivites alérgicas. É mais comum nos doentes com síndrome de Down e tem sido associado ao uso prolongado de lentes de contacto.

Diagnóstico

Embora a observação clínica permita sugerir o diagnóstico, os mapas topográficos que avaliam a curvatura e a superfície da córnea são os melhores instrumentos para confirmar a sua presença e definir a sua morfologia, mesmo quando a doença ainda não apresenta sinais característicos.

A deteção precoce ganha importância cada vez maior, dada a progressiva expansão da cirurgia refrativa por laser para correção da miopia, da hipermetropia e do astigmatismo. Na presença desta patologia, estas intervenções cirúrgicas poderiam acarretar complicações futuras e, como tal, o diagnóstico precoce é essencial.

Tratamento

O seu tratamento depende da fase em que é diagnosticado, da sua gravidade e do seu impacto na visão. Em alguns casos, o uso de óculos é suficiente para compensar a dificuldade visual. Noutros, recorre-se a lentes de contacto de diversos tipos que proporcionam uma visão mais estável.

Nas fases mais avançadas, recomendam-se técnicas cirúrgicas que visam alterar a curvatura da córnea e atenuar o cone entretanto formado.

Existem ainda outras modalidades de tratamento, mais recentes, que têm como objetivo reforçar a estrutura da córnea. Nas situações mais graves torna-se necessário um transplante da córnea. Este procedimento é necessário em cerca de 15% dos casos.

Prevenção

Não existem medidas preventivas conhecidas para o queratocone.

Fontes

Ceratocone, Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, 2003

National Keratoconus Foundation, 2013

U.S. National Library of Medicine, 2012

Mayo Foundation for Medical Education and Research, Maio de 2013

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