Uveítes
O que é?
Uveíte é um termo genérico que engloba um conjunto de patologias oftalmológicas raras, com uma prevalência aproximada de 100 casos por cada 100.000 pessoas, mas potencialmente graves, sendo responsáveis por 10 a 15% dos casos de cegueira.
Por definição, a uveíte é uma inflamação da úvea, a camada vascular do globo ocular. A úvea, por sua vez, pode dividir-se em úvea anterior (constituída pela íris e corpo ciliar), que está em contacto com o cristalino e estruturas anteriores do globo ocular e úvea posterior (coroideia), que está em contacto direto com a retina. A úvea é o tecido mais vascularizado do corpo humano.
Esta riqueza em vasos sanguíneos prende-se com a sua função de nutrição dos fotorreceptores da retina, principais células responsáveis pela visão. No entanto, esta característica da úvea também a torna altamente suscetível a processos infeciosos ou inflamatórios, locais ou com origem noutros pontos do organismo.
Causas
Existem dezenas de doenças que podem causar uveíte. No entanto, em mais de 50% dos casos não se consegue identificar uma causa concreta. As causas possíveis podem agrupar-se em:
- Infeciosas, como a toxoplasmose, tuberculose, vírus ou endoftalmite bacteriana ou fúngica;
- Doenças autoimunes sistémicas, nomeadamente doença de Behçet, sarcoidose, espondilite anquilosante, doença inflamatória intestinal, artrite idiopática juvenil, artrite reumatoide ou lúpus eritematoso sistémico;
- Doenças autoimunes específicas do olho, como por exemplo retinocoroidopatia de birdshot ou uveíte heterocrómica de Fuchs;
- Traumáticas.
Sintomas
Os sinais e sintomas associados à uveíte são variados e dependem da estrutura ocular envolvida:
- Se a parte anterior do olho for afetada, os sintomas incluem sensibilidade à luz (fotofobia), olho vermelho, turvação visual e dor ocular
- Se a parte posterior do olho for afetada, os sintomas oculares incluem perda visual, flashes de luz (fotópsias) e moscas volantes (miodesópsias).
A uveíte pode afetar um ou os dois olhos e ter uma instalação súbita ou ocorrer ao longo de vários dias. Se não for tratada ou se for diagnosticada tardiamente, a uveíte pode resultar em glaucoma, catarata, descolamento de retina ou perda visual permanente.
Tratamento
O tratamento desta patologia depende da sua causa. Em caso de etiologia infeciosa são utilizados anti-infeciosos (antibióticos ou antivirais, por exemplo) de forma a eliminar o micro-organismo responsável. Na maioria dos casos é necessário combater a inflamação recorrendo a imunossupressão, que diminui a atividade do sistema imunitário.
Os corticoides são geralmente utilizados como primeira linha e podem ser prescritos de forma local (com o uso de gotas oftálmicas ou injeções) ou sistémica (comprimidos). No caso de uveítes graves pode ser necessário realizar outros medicamentos imunossupressores de forma a controlar a inflamação de forma efetiva. Algumas complicações, como a catarata, glaucoma ou descolamento de retina poderão ter indicação cirúrgica.