Cancro da mama: é preciso estar atenta ao corpo
Sentiu um nódulo na mama durante o banho. Ao agir rápido, acelerou o diagnóstico. A história de Filipa reforça a importância de estarmos atentos aos sinais do corpo.
Filipa Pereira foi diagnosticada em dezembro de 2023 com um cancro da mama triplo negativo. Trata-se de um subtipo mais agressivo da doença, mas a técnica de recursos humanos de 31 anos apercebeu-se do problema sozinha, o que permitiu acelerar o diagnóstico e os tratamentos. Fique a conhecer a sua história.
O diagnóstico esperado
“Estava a tomar banho e senti o nódulo na mama direita”, conta Filipa Pereira, que decidiu procurar ajuda na CUF: “Marquei logo consulta de Ginecologia para tentar saber o que era e fiz exames, entre ecografia e mamografia”.
Após uma consulta da mama, com biópsia para identificar o tipo de nódulo, chegou a confirmação: “Nódulo maligno, cancro da mama invasivo, triplo negativo”. Não foi uma surpresa para Filipa, que já esperava um cancro, “porque o nódulo era diferente, era rijo, não era um nódulo maleável”.
Receber um diagnóstico de cancro é “sempre um choque”, mas o que mais a afetou foi ter que fazer quimioterapia, pelas consequências que provoca no dia a dia. “Chorei mais do tratamento que tinha de fazer do que propriamente do diagnóstico em si”, conta.
Ser doente, sem rótulos
“O cancro quando vem não impacta só o doente. É um cancro e vai impactar tudo à nossa volta, a nível de trabalho, social, familiar, tudo!”, explica a jovem, que não gosta de ser apelidada de ‘guerreira’. “Eu não sou uma guerreira, estou doente e estou-me a tratar”, reforça Filipa, “é um tratamento diferente da gripe, mas nós não dizemos ‘força guerreira’ a alguém que está a passar por uma gripe”.
O caminho difícil do tratamento
Filipa Pereira fez 16 tratamentos de quimioterapia durante cerca de seis meses. “Comecei com quatro sessões de quimioterapia vermelha, com uma frequência de três em três semanas”, descreve, “a quimioterapia vermelha é aquela mais conhecida, que tem os piores sintomas, a queda de cabelo, os vómitos, as náuseas, os enjoos”. “Ao fim do segundo tratamento de quimioterapia, tive que parar logo de trabalhar porque já não tinha forças para tal”.
“O cancro quando vem não impacta só o doente. É um cancro e vai impactar tudo à nossa volta, a nível de trabalho, social, familiar, tudo!”
Seguiram-se 12 sessões de quimioterapia branca, em que “aí já não ficamos enjoados, mas continua o cansaço”. Paralelamente aos tratamentos de quimioterapia, fazia também imunoterapia, para reativar o sistema imunitário.
Também já passou por várias cirurgias, com uma tumorectomia, esvaziamento ganglionar e assimetria da mama não afetada pelo cancro. “Fiz a cirurgia para colocar maminhas novas e agora vou para a fase de radioterapia e ainda vou fazer tratamentos de imunoterapia isolada”, explica.
Apoio psicológico: fundamental no processo
“A nível social temos sempre muito apoio dos nossos amigos e dos nossos familiares”, conta Filipa sobre esse período, “o problema é depois quando saímos à rua, a primeira vez após os tratamentos, quando cai o cabelo, toda a gente sabe aquilo que temos”.
Não achou que precisasse de suporte extra, mas após a quimioterapia sentiu necessidade de procurar apoio psicológico: “Há toda uma vida durante o tratamento oncológico e agora tenho que saber viver com o pós, e isso é o que assusta um bocadinho”.
Um conselho para todas as mulheres
No que diz respeito à prevenção do cancro da mama, Filipa Pereira destaca como mais importante “estarmos bastante atentas ao nosso corpo”, conselho que já aplicava na sua rotina, com o autoexame regular da mama.
Para além da prevenção, deixa também uma mensagem de encorajamento para quem já foi diagnosticado ou está a passar pelo tratamento: “Não ter medo do que quer que seja, do que quer que possamos sentir, porque o medo pode atrasar e pode ser pior”. E “força”.