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Cirurgia estética na melhoria da autoestima e da saúde

Prevenção e bem-estar
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Seja para corrigir um aspeto do corpo ou para tratar um problema que causa desconforto, a Cirurgia Plástica Estética tem várias aplicações. Fique a conhecê-las.

Quando se trata de cirurgia estética, é comum pensar-se que as pessoas recorrem a estes procedimentos apenas e só por questões de autoestima e aparência. Embora sentirmo-nos bem na nossa pele seja fundamental e um motivo válido para fazer uma cirurgia estética, esta especialidade pode também ter um papel importante no tratamento de várias condições, muitas vezes inserida num contexto multidisciplinar. É o caso, por exemplo, da redução mamária para tratar ou prevenir problemas de costas.

Manuel Caneira e Rui Barbosa, ambos médicos especialistas em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética, explicam tudo o que precisa de saber sobre esta especialidade médica, desde os procedimentos mais comuns aos resultados que podemos esperar.



Uma questão de vaidade? Não, de autoestima

“Ainda hoje permanece um preconceito de que quem faz cirurgia plástica estética é por vaidade. É certo que as pessoas fazem-na para se sentirem melhor com o seu corpo, mas, na maioria dos casos que operamos, há algum sofrimento pessoal com algum aspeto do corpo ou com o qual a pessoa não se identifica, muitas das vezes desde idade muito jovem que sofre com isso”, afirma Rui Barbosa. “O facto de, hoje em dia, as pessoas procurarem melhorar o seu aspeto, sentirem-se melhor consigo próprias, é saudável. Podemos apontar que a definição de saúde é o completo bem-estar físico, mental e social do indivíduo”, para o qual a Cirurgia Plástica Estética pode contribuir, explica.

 

Melhorar a estética, mas também o bem-estar e saúde

Com o objetivo de tratar diversos problemas de saúde, a cirurgia estética pode ser realizada num âmbito multidisciplinar. “A Cirurgia Plástica Reconstrutiva é, na maioria das vezes, executada em contexto multidisciplinar, mas a estética também. Vamos imaginar uma jovem com hipertrofia mamária, portanto, com um aumento do volume e do peso mamário, com implicações a nível postural e da coluna, suscetível de provocar patologia da coluna. O ortopedista vai referenciar essa doente ao cirurgião plástico para, desta forma, indiretamente tratar ou prevenir um problema da coluna. Outro exemplo, uma mulher com alterações após a gravidez. O médico obstetra vai referenciá-la ao cirurgião plástico para que sejam tratadas algumas alterações que possam não evoluir após uma gravidez e, deste modo, melhorar a autoestima e a qualidade de vida e a saúde da paciente”, exemplifica Rui Barbosa.

O contrário também pode ocorrer. Isto é, um doente que procura a Cirurgia Plástica, mas que a partir daqui é referenciado a outra especialidade. Manuel Caneira dá o exemplo de um doente muito obeso, “que ainda não passou por outras especialidades” e em que “é preferível fazer um processo de emagrecimento primeiro e só depois procedermos à cirurgia estética, como complemento de um tratamento mais vasto. Portanto, é muito frequente a interação multidisciplinar, não só na cirurgia estética, mas na cirurgia plástica em geral”.

 

Quem pode fazer cirurgia estética?

Existem vários cenários em que uma pessoa procura a cirurgia estética. Segundo o cirurgião plástico Rui Barbosa, “as pessoas que poderão ser candidatas a cirurgia plástica num contexto estético são aquelas que têm uma desarmonia corporal, um aspeto corporal com o qual não se identificam ou que não lhes agrada, ou eventualmente até alguma anomalia morfológica”. O mais importante, salienta, é a avaliação pelo médico da especialidade para perceber se este é o melhor caminho: “Desde que sejam devidamente avaliadas em consulta por cirurgião plástico e que este considere que esses aspetos são suscetíveis de melhoria, ou seja, que há uma indicação cirúrgica lógica, e que, explicando ao paciente qual a expectativa de resultado a obter, essa expectativa corresponde àquilo de que está à espera”. Além disso, completa Manuel Caneira, “há cirurgias que são relativamente leves em termos de exigência fisiológica e há cirurgias que são exigentes do ponto de vista fisiológico e de reserva funcional por parte das pessoas. Assim, é importante não só que a condição seja passível de ser melhorada pela cirurgia estética, como ter condições de saúde para executá-la”.

 

Tipos de cirurgia plástica estética mais comuns

Dentro da cirurgia estética, existem múltiplos procedimentos. Os cirurgiões plásticos enumeram alguns deles.

 

Zona da face

  • Tratamento do envelhecimento facial - isto é, da perda de elasticidade da pele, do descaimento dos tecidos, da desinsuflação dos tecidos - através de técnicas de facelifting (ritidectomia) ou de lift cervical;
  • Rinoplastia, para correção deformidades nasais;
  • Blefaroplastia, cirurgia das pálpebras para remover a pele em excesso e as bolsas adiposas;
  • Otoplastia, para correção das orelhas descoladas.

 

Zona do corpo

  • Cirurgia mamária, que pode incluir vários procedimentos como mamoplastia de redução (redução do volume mamário, que além de estético é funcional, porque vai melhorar a liberdade de movimentos e vai prevenir e melhorar sintomas a nível da coluna), o aumento mamário e a mastopexia (correção da mama caída, que é reposicionada);
  • Lipoaspiração, que permite melhorar algumas deformidades de contorno corporal, retirando gordura localizada;
  • Abdominoplastia, um procedimento que permite retirar o excesso de pele e gordura da região abdominal (da barriga) e ficar com um aspeto anatómico otimizado.

 

“Depois existem outras cirurgias”, afirma Rui Barbosa, “nomeadamente, até em doentes que perdem peso de uma forma muito significativa e conseguimos melhorar a nível de coxas, de braços. Há toda uma série de procedimentos também nesse contexto”.

Mulher é acompanhada por cirurgiã plástica antes da cirurgia.

 

Sabia que...

“Uma exposição ao sol ao longo dos anos e de forma muito prolongada e reiterada vai provocar fenómenos de deterioração da pele, a elastose, que do ponto de vista cirúrgico ou de tratamentos dermocosméticos são extremamente difíceis de recuperar”, alerta o cirurgião Manuel Caneira.

 

A cirurgia plástica não é isenta de riscos

A cirurgia, seja ela qual for, pode ter riscos associados, um ponto que ambos os cirurgiões plásticos começam por salientar. Se são maiores ou menores, dependerá do tipo de procedimento em si, “da duração da cirurgia e, muitas vezes, da conjugação” de procedimentos. Por vezes, é proposta ao cirurgião a combinação de vários procedimentos que “prolongam por muito tempo a cirurgia e devemos ter uma atitude pedagógica junto dos doentes, de forma a tentar limitar o risco inerente à cirurgia. E, para isso, precisamos de ter cirurgias tão curtas e tão pouco invasivas quanto possível dentro daquilo que é necessário fazer”, explica Manuel Caneira. Além disso, para minimizar os riscos, Rui Barbosa acrescenta que “o importante é que o doente seja corretamente avaliado, preparado, estudado de forma a podermos fazer esses procedimentos com o mínimo risco possível”.

A redução de alguns fatores de risco também abona a favor da segurança da pessoa que vai ser submetida a uma cirurgia. “Dois exemplos, tabagismo ou peso em excesso. Nalguns casos, estes fatores têm de ser corrigidos para podermos fazer a intervenção com o risco aceitável. Eu penso que os riscos se evitam na sua maioria antes de começar a cirurgia. É preciso pensarmos neles, corrigi-los, minimizá-los para não os termos depois da intervenção”, salvaguarda Rui Barbosa.

 

A importância de escolher um bom profissional...

“Quando pensamos em realizar um procedimento estético, é importantíssimo escolher um profissional que esteja devidamente habilitado”, salienta Rui Barbosa. “Na CUF, todos os profissionais que estão na especialidade de Cirurgia Plástica a exercer a sua atividade são convidados para a instituição com uma completa avaliação de currículo e de certificação”, garantindo que obtiveram a especialidade de Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética reconhecida pelo Ordem dos Médicos em Portugal, acrescenta. Um pouco por todo o mundo, a cirurgia estética é “alvo de algum ‘intrusismo’, ou seja, de cirurgias efetuadas por profissionais que não têm propriamente a formação mais adequada ou mais completa nesse aspeto”, acrescenta Manuel Caneira.

 

...e um local com todas as condições necessárias

Também é importante ser exigente na escolha do local. “Habitualmente, os hospitais ou as instituições que têm maior suporte tecnológico acabam por ter mais recursos. Por exemplo, é diferente ser operado no local onde não exista Cuidados Intensivos - em que caso surja algum problema, a pessoa pode ser transferida imediatamente para um suporte desse género - de um local onde isso não ocorra”, explica Manuel Caneira. É importante que esse local conte também com uma equipa de “enfermeiros que estejam habituados a trabalhar com procedimentos estéticos, com vigilância contínua. Aqui é muito importante não facilitar”, alerta Rui Barbosa, defendendo que “grande parte dos procedimentos beneficia em ter um período de internamento”. Para ilustrar esta recomendação, o médico deixa um exemplo do que pode acontecer ao realizar uma cirurgia maior em sistema de ambulatório: nestas situações, as pessoas recebem alta e, em casa, podem surgir náuseas e vómitos - uma ocorrência comum após uma anestesia geral. A pessoa liga ao seu médico, que lhe indica que tome os medicamentos que lhe receitou para estas situações, mas, como está a vomitar, expulsa o comprimido e este não faz efeito. Por outro lado, se o paciente “estiver internado, o enfermeiro tomará a primeira atitude, que é dar medicação endovenosa, que terá um efeito muito mais potente e muito mais rápido e resolver o problema. Além disso, se necessário, o enfermeiro chama o médico, que avalia o paciente. Se este estiver em casa, tudo isto é mais difícil e, no caso de vómitos, podemos ter uma complicação, pois, com o aumento de pressão, pode haver sangramento e hematoma e estamos a pôr em causa tudo aquilo que fizemos no bloco operatório. Daí que facilitar não deve ser a regra, a escolha pelas melhores condições deve ser a regra”.

 

Como decorre a recuperação?

Cada procedimento é um procedimento, pelo que a recuperação será diferente dependendo da cirurgia. “Vamos ter procedimentos que terão uma recuperação de dois ou três dias, até procedimentos de duas ou três semanas e com cuidados muito específicos para cada um deles. Esta orientação terá sempre de ser dada pelo cirurgião plástico na consulta pré-operatória, sendo novamente revista e todos os conselhos dados aquando da alta para o domicílio”, explica Rui Barbosa.

Por exemplo, “uma blefaroplastia - que consiste em retirar um pouco de pele ou de bolsas das pálpebras - é uma cirurgia que, pela sua natureza, é pouca agressiva e que permite uma recuperação relativamente rápida”, explica Manuel Caneira, salvaguardando, no entanto, que as nódoas negras podem permanecer por algum tempo: “Não é expectável que a pessoa faça uma blefaroplastia e que passada uma semana esteja tudo impecável e que não se note nada na face. Provavelmente, terá equimoses notórias”. Por outro lado, numa abdominoplastia o período de recuperação será mais longo: “A pessoa não pode, por exemplo, conduzir um automóvel durante 15 dias a três semanas, terá de se resguardar em termos de atividade física.”

 

Cuidados a ter após a cirurgia

Uma vez mais, os cuidados a adotar após um procedimento cirúrgico estético vão depender. Contudo, de um modo geral existem algumas medidas a ter em consideração. “Há aquelas cirurgias que, pelo impacto que têm, nos obrigam a ter alguma restrição da atividade física, como, por exemplo, ir ao ginásio”, refere Manuel Caneira, dando como exemplos a abdominoplastia e a mamoplastia.

Devem ainda ser tidos cuidados a respeito da hidratação da pele e “com as cicatrizes”, afirma o cirurgião plástico, havendo “técnicas e dispositivos que podemos aplicar para tentar melhorar a qualidade das cicatrizes ao longo do tempo”. Ainda acerca das cicatrizes, é importante ter cuidados com o sol: “As cicatrizes quando são expostas ao sol tendem a ter um comportamento mais errático, nomeadamente com hiperpigmentação, e é preciso algum cuidado nos meses seguintes para evitar exposição direta ao sol ou pelo menos usar fatores de proteção adequados para o efeito”, completa.

Rui Barbosa refere ainda alguns cuidados a ter com os pensos, como não molhá-los e realizá-los sob supervisão sempre que indicado.

 

Resultados da cirurgia estética

“Uma questão que os pacientes nos colocam frequentemente é acerca do resultado a obter e da persistência, ou seja, se esse resultado será permanente ou não. Isto é muito variável de acordo com o procedimento que vamos realizar”, salvaguarda Rui Barbosa, referindo: “Eu diria que, na grande parte dos procedimentos, por volta dos dois meses já teremos uma ideia bastante aproximada daquilo que será o resultado final. Mas há procedimentos em que, por exemplo, podemos ter essa perceção apenas passados seis meses. Obviamente que, alguns dias depois da intervenção, já temos uma ideia de se tudo estará a correr consoante o planeado”.

O cirurgião plástico Manuel Caneira deixa um exemplo: “Suponhamos que a pessoa faz uma abdominoplastia - retirar o excesso de pele e de tecido adiposo da região abdominal -, eu diria que o resultado é permanente, não é permanente com a mesma intensidade ao longo da vida, porque vai havendo um envelhecimento, que os tecidos acompanham, mas provavelmente daqui a dez anos estará melhor do que estaria se não fizesse a cirurgia”.

Publicado a 20/02/2025
Doenças