Cirurgia robótica e Urologia:

A medicina está em constante evolução e a cirurgia robótica é uma (das muitas) provas disso. Aliada a equipas cirúrgicas com muita experiência, a utilização deste tipo de tecnologia traz muitas vantagens para o doente, como um tempo de recuperação mais curto comparativamente a outros métodos cirúrgicos mais tradicionais.

Uma das doenças que pode ser tratada com a cirurgia robótica é o cancro da próstata. Este é um problema muito frequente no sexo masculino, correspondendo a cerca de 20,4% de todos os cancros no homem. Segundo o urologista CUF Estevão Lima, é "o cancro mais frequente no homem nos países ocidentais e a segunda causa de morte, logo atrás do cancro do pulmão". Outra doença muito frequente é a hiperplasia benigna da próstata", explica Estevão Lima, que já fez centenas de intervenções utilizando o robô DaVinci.

O cancro da próstata dá sintomas?

Numa fase em que está localizado apenas na próstata, não é comum que o cancro da próstata dê sintomas. "Se se quer diagnosticar o cancro numa fase curável, é extremamente importante o diagnóstico precoce, porque os sintomas que possam aparecer já surgem em fases muito tardias - por exemplo, em que já existem metástases (quando o cancro já se espalhou para outro local além da próstata). Neste tipo de cancro, o sítio mais frequente é o osso, provocando sintomas como dores ósseas", explica Estevão Lima. Por outro lado, "sintomas como dificuldade em urinar, ir muitas vezes à casa de banho, acordar durante a noite para urinar ou sensação de que não se esvaziou bem a bexiga, não estão habitualmente associados a cancro da próstata, mas sim a hiperplasia benigna da próstata" e são queixas que normalmente constituem motivo de preocupação para o homem, afirma.

Atenção!

A partir dos 45/50 anos, os homens devem fazer análises ao sangue para verificar os seus níveis de PSA (Antigénio Específico da Próstata, um marcador que permite verificar a suspeita de cancro da próstata) e o toque retal.

Robô DaVinci: em que casos pode ser utilizado

A utilização de robôs no bloco operatório é, sem dúvida, um dos grandes avanços da medicina. "Esta tecnologia veio ajudar-nos muito no tratamento de algumas doenças muito prevalentes no homem, nomeadamente, o cancro da próstata", sublinha o médico. E que técnicas podem ser feitas com o robô DaVinci? Estevão Lima dá alguns exemplos:

• Prostatectomia radical: é utilizada no tratamento do cancro da próstata e é o procedimento mais realizado por robô no mundo inteiro.
• Nefrectomia parcial: feita no tratamento do cancro do rim e permite retirar apenas o tumor, preservando o resto do órgão.
• Extração e reconstrução da bexiga: esta técnica é aplicada no tratamento do cancro da bexiga musculo-invasivo, possibilitando a confeção de uma nova bexiga feita com intestino.

Sabia que...?

A cirurgia robótica tem aplicação em várias doenças e especialidades além da Urologia, como, por exemplo, na Ginecologia, na Cirurgia Torácica e na Cirurgia Geral, nomeadamente em cirurgia bariátrica e tratamento cirúrgico do cancro colorretal, pâncreas, fígado e tiroide.

As vantagens da cirurgia robótica

Segundo Estevão Lima, as vantagens da cirurgia com o robô são muitas:

• Maior precisão
• É minimamente invasiva, sendo necessárias apenas pequenas incisões
• Menos dor no pós-operatório
• Recuperação mais rápida, seja para alta médica ou para retoma da atividade profissional

Na cirurgia robótica em Urologia, existem também vantagens na preservação da função urinária e da função sexual.

Mas esta tecnologia não funciona sozinha. "No Hospital CUF Tejo, em Lisboa, temos equipas especializadas e com muita experiência - desde cirurgiões a enfermeiros e anestesistas. Já fazemos este procedimento desde 2015", conta-nos o especialista em Urologia.

Uma técnica com o cunho CUF

Utilizando o robô DaVinci, a CUF desenvolveu a sua própria técnica: a CUF Technique, que, "recentemente, foi alvo de uma grande publicação, um livro que se dedica à descrição de técnicas cirúrgicas robotizadas. Com essa nossa técnica, que consiste numa abordagem diferente sem invadir a cavidade abdominal, conseguimos ir um pouco mais além, com menos dor no pós-operatório comparativamente às outras abordagens e uma recuperação muito mais rápida. Ou seja, é quase possível fazer o procedimento em regime de ambulatório", explica Estevão Lima.

É possível prevenir o cancro da próstata?

Em muitos tipos de cancro, existe uma relação entre o nosso estilo de vida - por exemplo, sedentarismo, alimentação ou prática de exercício físico - e o risco de virmos a desenvolvê-los. Este não é, contudo, o caso do cancro da próstata. Segundo o urologista CUF, "não existe qualquer relação provada entre esse tipo de hábitos e uma maior incidência de cancro da próstata". Por outro lado, sabe-se que a hereditariedade tem um papel de relevância: "o cancro da próstata tem uma forte componente genética. 9% dos cancros de próstata têm uma alteração genética associada. É por isso que todos os homens que tenham história familiar de cancro da próstata devem procurar o seu médico para fazer um diagnóstico oportuno não aos 45/50 anos, mas logo a partir dos 40 anos", alerta.