Comprimidos para dormir: existem riscos?

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Doenças crónicas
Prevenção e bem-estar
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Tomar comprimidos para dormir é um hábito cada vez mais frequente entre os portugueses, mas que pode comportar riscos para a saúde e não vai à raiz do problema.

A utilização de comprimidos para dormir é cada vez mais comum entre a população portuguesa. Será que os portugueses estão mesmo a dormir pior ou existirá um excesso de prescrição deste tipo de medicamentos?

Calcula-se que um terço da população portuguesa tem ou já teve insónias. Contudo, sabe-se que mais de 25% das insónias estão relacionadas com outras doenças, como ansiedade ou depressão, e que a maior parte das pessoas não tem uma boa higiene do sono (hábitos que promovem uma boa noite de sono, como, por exemplo, deitar a um horário regular, evitar bebidas cafeinadas à tarde e à noite, não estar no computador ou tablet na cama, não ver televisão no quarto, etc).

 

A solução mais comum

Nestas situações, recorre-se frequentemente aos chamados comprimidos para dormir. Os mais prescritos são os ansiolíticos (caso das benzodiazepinas, como o alprazolam, o lorazepam e o diazepam), os sedativos e os hipnóticos (que podem incluir benzodiazepinas mais sedativas - estazolam, loprazolam), ou outros hipnóticos mais recentes e com menor risco de dependência e tolerância (caso dos chamados medicamentos Z, como o zolpidem). Estes grupos pertencem à categoria dos psicofármacos, cujo consumo tem vindo a aumentar em Portugal nos últimos anos.

 

Como atuam estes medicamentos na insónia

A prescrição deste tipo de medicamentos pode ser necessária para combater rapidamente as insónias e, como tratamento de curta duração, são de facto eficazes e seguros. No entanto, estes fármacos oferecem apenas uma solução a curto prazo e não resolvem o problema das insónias na sua origem, além de comportarem riscos para a saúde quando tomados durante muito tempo (mais de quatro semanas).

 

Riscos dos comprimidos para dormir

Os comprimidos para dormir acarretam riscos de vária ordem a que deve estar atento, tais como:

  • Efeitos secundários como sonolência, confusão e descoordenação motora, mas também um possível agravamento das insónias
  • Diminuição da atenção, do tempo de reação e da velocidade do desempenho
  • Tolerância progressiva que obriga à toma de doses cada vez mais elevadas para obter o mesmo efeito
  • Dependência ou habituação
  • Potencial de abuso, sobretudo em pessoas com historial de dependência
  • Síndrome de abstinência, que inclui tremores, agitação psicomotora, suores, palpitações, náuseas e vómitos, desorientação, alucinações e até convulsões, razão pela qual não se deve interromper este tipo de medicação abruptamente
  • Défices cognitivos e até síndromes demenciais, segundo alguns estudos
  • Interação com bebidas alcoólicas e outros medicamentos, especialmente os depressores do Sistema Nervoso Central
  • Risco aumentado de acidentes de trabalho ou acidentes de viação por sonolência excessiva.

 

Fale abertamente com o seu médico

Quem sofre de insónias pode e deve discutir com o seu médico assistente as melhores alternativas aos comprimidos para dormir, o que poderá implicar mudanças nos hábitos e nos estilos de vida, a adoção de uma correta higiene do sono, bem como pequenas medidas comportamentais favorecedoras do seu sono natural. Na verdade, existem muitas outras formas de ter uma boa noite de sono, sem riscos para a sua saúde.

 

Atenção!

Não tome comprimidos para dormir e álcool ao mesmo tempo. Esta mistura explosiva aumenta o efeito sedativo dos medicamentos e pode provocar perda de consciência e depressão respiratória.

Publicado a 12/02/2018