Doença de Peyronie: o que é?

A doença de Peyronie deve o seu nome ao homem que a descreveu pela primeira vez: François de La Peyronie, médico do rei francês Luís XV. É uma doença caracterizada pelo desenvolvimento progressivo de placas de fibrose que causam ereções associadas a curvatura peniana e dor. Estes sintomas dificultam a relação sexual e causam ansiedade, podendo também estar associada a encurtamento do pénis.

Causas da doença de Peyronie

A origem não é totalmente conhecida. A hipótese mais consensual é que se deve a pequenos traumatismos recorrentes no pénis (muitas vezes durante o ato sexual), associados a uma cicatrização anómala. Outras hipóteses são acidentes ou intervenções cirúrgicas e a predisposição genética (estão descritos polimorfismos e anomalias cromossómicas com risco acrescido de desenvolver esta doença). O resultado é placa fibrosa não extensível que causa a deformação.

Frequência e fatores de risco

Existem dados muito díspares sobre a frequência da doença de Peyronie. Relatórios recentes indicam que atinge mais de 10% dos homens, desde adolescentes a idosos, embora a idade mais frequente de início seja entre os 50 e 60 anos. Mas os homens que correm mais risco de desenvolver doença são aqueles que têm:

• História familiar / genética (vários estudos apontam para a hereditariedade)
• História de doença de Dupuytren ou doença de Ledderhose
• Outros fatores de risco, como diabetes, hipertensão, dislipidemia e tabagismo

Sintomas da doença de Peyronie

O sintoma predominante desta doença é a curvatura peniana. Juntamente com este, podem estar presentes:

• Disfunção erétil
• Dor durante a ereção
• Existência de placas duras no pénis (geralmente no bordo da curvatura)
• Evolução progressiva na curvatura peniana, que se pode ir agravando (aumentando a curvatura) ou tornando mais complexa (curvando em diferentes locais do pénis ou em diferentes planos)

Diagnóstico e fases da doença

O diagnóstico da doença de Peyronie é feito com base na história clínica (sendo importante excluir outras doenças e avaliar a fase da doença), exame físico (palpação e avaliação objetiva da curvatura), eventualmente exames complementares de imagem (para visualização da placa e deteção de calcificação) e exames para objetivar a curvatura do pénis (mais frequentemente através de uma fotografia tirada pelo próprio doente). Não existe nenhuma análise de sangue específica para esta doença.

Geralmente tem uma primeira fase inflamatória, que dura cerca de 6 a 12 meses, em que as ereções são dolorosas e há uma variação progressiva da curvatura peniana. Na fase seguinte deixa de doer, mas permanece a placa fibrosa e dura que causa a curvatura e que se torna crónica.

Tratamento da doença de Peyronie

O tratamento depende da fase da doença, da sua severidade e dos objetivos do doente.

O tratamento não cirúrgico deve ser feito na fase inflamatória e visa aliviar as queixas e prevenir a progressão da curvatura. Pode incluir medicamentos orais e tratamentos locais (como por exemplo injeções no local da lesão) ou uma combinação de ambos. Também pode ser usado na fase crónica da doença mas tem baixa eficácia.

A cirurgia é o tratamento indicado e necessário nas curvaturas mais severas dado ser a terapêutica mais eficaz para corrigir a curvatura peniana, mas só está indicada quando esta causa incómodo na penetração. Existem diferentes técnicas cirúrgicas (as mais frequentes são as técnicas de plicatura, de alongamento e colocação de prótese peniana), sendo que a mais adequada depende do grau da curvatura e dos objetivos do doente. É importante que o doente conheça também as possíveis complicações, de forma a poder tomar uma decisão informada sobre se quer avançar com a cirurgia. O tratamento cirúrgico deve ser feito na fase crónica e visa corrigir a curvatura peniana.

Sabia que...

Tudo indica que a doença de Peyronie está subdiagnosticada, porque muitos homens escondem o problema, inclusive do médico. Fazem isto por pensarem que é uma doença rara e sem tratamento.