Stress, a epidemia do século XXI. O que fazer para gerir?
A OMS classificou o stress como a epidemia de saúde deste século. Aprenda a identificar os sintomas, conheça o impacto na saúde e saiba como o gerir.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o stress como a "epidemia de saúde do século XXI", afetando cada vez mais pessoas a um nível global e constituindo uma realidade inescapável no mundo de hoje.
A reação de stress é uma reação normal às exigências da vida, e algum grau de stress pode ser produtivo e motivador. No entanto, é importante assegurar uma gestão do stress eficaz de forma a manter um bom estado de saúde e qualidade de vida.
O que é o stress?
Stress pode ser definido como o desequilíbrio, real ou percebido, entre as exigências das circunstâncias nas quais a pessoa se encontra e a capacidade individual de adaptação a essas exigências.
Numa situação de stress, existe uma ameaça ou a perceção de uma ameaça em relação ao estado de equilíbrio do indivíduo, desencadeando-se um conjunto de mecanismos fisiológicos, psicológicos e comportamentais, que constituem os esforços de adaptação às exigências externas de forma a fazer face a essa ameaça.
Quais são os sintomas de stress?
O stress pode manifestar-se sob a forma de vários sinais e sintomas, sendo alguns deles:
Sintomas cognitivos
- Problemas de concentração e de memória
- Preocupação constante
- Dificuldade em pensar claramente
- Pessimismo
- Sensação de se estar assoberbado
Sintomas físicos
- Enxaquecas e cefaleias de tensão
- Tensão muscular
- Insónia
- Diminuição da libido
- Dores no peito; taquicardia
- Oscilações de peso
Sintomas emocionais
- Agitação
- Irritabilidade
- Incapacidade de relaxar
- Sensação de isolamento
- Humor depressivo e sensação de infelicidade
Alterações do comportamento
- Comer pouco ou excessivamente
- Dormir pouco ou demasiado
- Isolamento social
- Procrastinação
- Uso de substâncias como álcool e cigarros
O que são fatores de stress?
Existem variados fatores de stress, mas aquilo que é considerado um fator vai depender de alguns aspetos, como a existência uma rede de suporte social, características de personalidade, estratégias de solução de problemas e de regulação emocional que a pessoa já possui, entre outros.
Alguns fatores de stress são relativos a acontecimentos de vida importantes, como a morte de uma pessoa próxima, um contexto de doença ou um contexto de desemprego.
Outros fatores de stress são aqueles que podem ser continuados e recorrentes no dia a dia, e que incluem:
- Fatores ambientais: poluição, condições habitacionais desadequadas
- Fatores relacionais e familiares: relacionamentos conjugais disfuncionais, ser-se cuidador de uma pessoa com doença crónica
- Fatores relacionados com o trabalho: insatisfação com o trabalho, sobrecarga laboral, conflitos no local de trabalho
- Fatores sociais: pobreza, discriminação racial e de género, isolamento social
Impacto do stress na saúde física e mental
Embora as pessoas respondam de diversas formas aos stressores, vários sintomas e problemas de saúde estão relacionados com o stress, envolvendo diversos sistemas:
- Sistema gastrointestinal, incluindo a síndroma do cólon irritável, a colite ulcerosa e úlcera péptica
- Sistema cardiovascular, existindo associação entre stress e patologia cardíaca e hipertensão arterial
- Sistema reprodutivo, com a ocorrência de ciclos menstruais irregulares e diminuição da libido nas mulheres, e com associação a disfunção sexual e a alterações na produção de esperma e de testosterona nos homens
- Sistema músculo-esquelético, podendo surgir sintomas associados à tensão muscular crónica e cefaleias de tensão
- Sistema imunitário deprimido, tornando o organismo mais vulnerável a infeções e estando relacionado com a doença oncológica
O stress está também relacionado com 50% dos casos de perturbações depressivas e com várias perturbações do espectro da ansiedade, sendo também um fator de agravamento na evolução de outros quadros de doença mental.
Estratégias de gestão de stress
Quando o contexto na sua interação com a pessoa desencadeia a reação de stress, inicia-se um processo que inclui respostas ao nível do pensamento, da emoção e do comportamento, e que mobiliza os recursos internos e externos disponíveis - o processo de coping, que inclui:
- coping focado no problema (inclui os esforços para resolver o problema)
- coping focado nas emoções (estratégias de gestão emocional)
- coping focado nos relacionamentos (manter relacionamentos próximos)
Estratégias eficazes de coping minimizam o impacto dos stressores e ajudam a construir a resiliência necessária para gerir as dificuldades inerentes à vida.
Algumas estratégias de gestão de stress refletem estes estilos de coping:
- Identificar as fontes de stress (externas e internas)
- Praticar os 4 A’s da gestão de stress
- Avoid (Evitar) stress desnecessário
- Alterar a situação, o que pode implicar mudar a forma como age ou comunica
- Adaptação ao fator, reformulando expectativas e atitudes
- Aceitação daquilo que não pode ser mudado, colocando-se o foco na forma como se reage às dificuldades, na partilha de sentimentos com pessoas de confiança, entre outras estratégias possíveis
- Praticar exercício físico
- Reservar tempo para atividades de lazer
- Otimizar a gestão de tempo
- Manter um estilo de vida saudável, tendo cuidados adequados com a alimentação, sono e evitando substâncias como cafeína, álcool e nicotina
Práticas de mindfulness, como as incluídas no Programa de Redução de Stress Baseado no Mindfulness criado por Jon Kabat-Zinn, PhD na Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts, têm demonstrado eficácia na gestão de stress e também na abordagem às alterações de emocionais de vários quadros psicopatológicos.
O Programa de Redução de Stress Baseado no Mindfulness está também associado a benefícios na adaptação emocional à doença e no alívio de sintomas de diversos problemas de saúde, por exemplo, na doença cardíaca, oncológica, na diabetes e na dor crónica.