As alterações climáticas afetam a nossa saúde?
As mudanças globais no clima podem ter grande impacto na nossa saúde. Alergias, infeções e questões de saúde mental são apenas alguns exemplos.
A importância do controlo das alterações climáticas, incluindo a transição energética para redução da poluição, tem sido enfatizada nas últimas décadas. Organizações como a ONU, a União Europeia e várias outras instituições mundiais promovem esse apelo e decidem em função da máxima de proteção do planeta, alertando para as consequências que já se fazem sentir a vários níveis. Os efeitos das alterações climáticas que afetam a natureza e o clima em geral são conhecidos, sobretudo os efeitos decorrentes de fenómenos extremos como tempestades ou incêndios, condicionando a saúde das populações. Atualmente, reconhece-se a existência de diversos tipos de impactos na saúde e segurança física dos seres humanos que podem ser atribuídos ao clima.
Como podem as alterações climáticas ter efeito na saúde?
Dependendo do país ou região no globo, das condições de vida e do acesso a energia, alimentação segura ou cuidados médicos, as alterações climáticas podem ter um efeito distinto nas pessoas e comunidades. Há zonas costeiras ameaçadas pela subida das águas, outras tornam-se áridas e inabitáveis com a seca, outras sofrem com incêndios, inundações ou vagas de frio. Mas também há o aparecimento de novas doenças que surgem e se propagam de modo inesperado.
De um modo geral, os efeitos das alterações climáticas na saúde podem vir por via direta ou indireta:
- Diretos: aumento da temperatura; fenómenos extremos mais intensos e recorrentes, como tempestades e inundações, ondas de calor e incêndios, vagas de frio.
- Indiretos: poluição do ar; novos padrões de distribuição de infeções; ameaças à qualidade de alimentos e água; desafios à saúde mental.
Fatores climáticos com impacto na saúde
As temperaturas muito altas têm um impacto imediato na saúde, mesmo em padrões climáticos considerados normais, pelo que esse é um dos grandes fatores para a influência das alterações climáticas, às quais é atribuído um aumento gradual da temperatura. Já os fenómenos meteorológicos acarretam complicações de saúde de diferentes tipos. Ambas as variações - regulares ou súbitas - dão origem também a preocupações com doenças e infeções. E todas estas características contribuem para uma maior prevalência dos problemas de saúde mental. Grávidas, idosos e crianças, especialmente as pessoas de comunidades mais desfavorecidas, são os mais afetados pelas alterações climáticas, bem como pessoas com doenças preexistentes.
1. Temperatura
Doenças respiratórias como asma ou bronquite, insolações, doenças de pele, fadiga, problemas renais e cardíacos são frequentemente associados ao aumento da temperatura e da poluição, que pode ainda ter efeitos negativos na gravidez. O calor excessivo também torna mais difícil o trabalho e o exercício físico, além de prejudicar o sono, com efeito no descanso e na recuperação do corpo. São também mais comuns as alergias relacionadas com o pólen, devido à expansão dos dias primaveris, que estimulam as plantas. As mortes prematuras - quer de idosos quer de pessoas que sofram de doenças - aumentam com as temperaturas altas.
2. Fenómenos extremos
No caso de ondas de calor, alguns problemas de saúde são comuns aos efeitos do aumento da temperatura. Outros fenómenos meteorológicos extremos incluem os incêndios, as tempestades e as inundações, sem esquecer as vagas de frio. Além do risco imediato para a segurança física e saúde das pessoas, esse tipo de ocorrências causa distúrbios severos na alimentação e no consumo de água. Tanto a seca como as tempestades e inundações prejudicam fortemente a agricultura e levam a uma menor qualidade de água. O resultado frequente são doenças gastrointestinais e intoxicações relacionadas com má alimentação e hidratação, a chamada “insegurança alimentar”.
3. Alterações na transmissão de doenças
A expansão de infeções e doenças contagiosas em regiões onde anteriormente não existiam ou de novo se manifestam e com maior prevalência, está também ligada às alterações climáticas. Doenças transmitidas por mosquitos, carraças ou outros insetos - como dengue ou malária - disseminam-se melhor com o aumento da temperatura. E a má qualidade de alimentos ou de água também se tornam vetores para que determinadas doenças infecciosas se propaguem. Em consequência de fenómenos extremos, as migrações forçadas e as más condições sanitárias reforçam o aparecimento de doenças. Por outro lado, as mudanças nos padrões temporais e geográficos do clima também favorecem a transmissão de doenças entre animais e humanos.
E a saúde mental?
Consequência de todos os fatores acima associados, ou mesmo isoladamente, a saúde mental é igualmente afetada pelas alterações climáticas. O aumento da temperatura, e as consequências que daí advêm estão associados tanto a episódios violentos como a situações de falta de ânimo e depressão, ansiedade ou fobias. O mais comum é o stress relacionado com o medo de fenómenos extremos, da perda de bens ou da falta de rendimentos, comida e condições de vida. As populações marginalizadas são afetadas de uma forma mais evidente por estes problemas.
Como evitar efeitos do clima na saúde?
Os principais problemas causados pelas alterações climáticas dão “pistas” para as melhores formas de combater esses efeitos negativos. Medidas de proteção contra extremos de temperatura, a situações de risco no geral e com a alimentação são alguns cuidados a ter:
- Evitar a exposição ao calor;
- Beber água frequentemente;
- Consultar a meteorologia e os níveis de poluição do ar;
- Usar roupa confortável;
- Ajustar a atividade física à temperatura;
- Ter atenção a insetos;
- Manter uma boa higiene pessoal;
- Evitar zonas de cheia em caso de chuvas;
- Ter cuidado com a qualidade dos alimentos e da água consumida.
Além de tudo isto, sendo as alterações climáticas causadas essencialmente pelo aumento da poluição, decorrente da utilização de combustíveis fósseis, contribuir para a transição energética acaba por ter efeitos no ambiente, que por sua vez tornam mais saudáveis e seguras as cidades e regiões em que vivemos. Apostar na eficiência energética da iluminação, aquecimento e eletrodomésticos; procurar produzir menos lixo e promover a economia circular; usar menos o carro e optar por veículos elétricos ou até investir em energias renováveis são formas de promover um melhor ambiente e garantir a nossa saúde e a das próximas gerações.
Better Health Channel, março de 2023
Centers for Disease Control and Prevention, março de 2023
Direção-Geral da Saúde, março de 2023
Organização Mundial da Saúde, março de 2023
The Lancet, março de 2023
WebMD, março de 2023