Problemas ginecológicos comuns no verão:

o que os causa e como prevenir
Saúde da mulher
6 mins leitura

Há infeções que podem ser favorecidas pelo calor, cloro e fatos-de-banho molhados. Saiba como prevenir alguns problemas ginecológicos mais comuns no verão.

Candidíases, vaginoses, infeções urinárias, incluem-se nas infeções genitais que podem afetar mulheres de todas as faixas etárias, com vida sexual ativa ou não. Apesar disso, existem circunstâncias e hábitos que podem potenciar o seu aparecimento.

O verão é uma estação propícia ao desenvolvimento de infeções genitais devido ao calor, frequência da praia e de piscinas, alterando a flora vaginal. Todos os fatores que podem desregular o pH vaginal são potenciais causadores de infeção, seja o cloro, a água do mar ou gel de limpeza.

 

O que são infeções ginecológicas?

Consideram-se infeções ginecológicas todas aquelas que afetam o funcionamento dos órgãos do trato reprodutor feminino. Podem ser causadas por fungos, como é o caso da candidíase, ou por bactérias, como é o caso da infeção urinária.

 

Candidíase

A candidíase genital feminina caracteriza-se essencialmente por prurido ou irritação na vagina e vulva e, ocasionalmente, uma secreção vaginal ligeira, espessa e inodora. A inflamação pode ainda causar rubor vulvar e secreção da parede vaginal, que fica coberta com uma substância semelhante a coalho esbranquiçado.

 

Infeção urinária

A infeção urinária corresponde à presença de bactérias no sistema urinário (e pode afetar tanto homens como mulheres). Os seus principais sintomas são dor ou ardor ao urinar, vontade frequente de urinar, dor na parte inferior do abdómen, eliminação de sangue na urina e até febre, náuseas e vómitos.

 

Vaginite e vulvite

Podemos ainda incluir a vaginite e a vulvite neste conjunto de infeções, apesar da última não ser uma doença em si mesma, mas sim uma inflamação das pregas cutâneas da vulva, a região mais externa dos órgãos genitais femininos.

 

Hábitos que favorecem infeções vaginais

Existem circunstâncias que podem aumentar o risco de problemas ginecológicos.

 

Uso prolongado de fato de banho

Os fungos proliferam em ambientes húmidos, como é o caso da zona genital quando permanece demasiado tempo em contacto com um fato de banho molhado. Mas além da humidade, também o contacto com o cloro e com a água salgada podem ser problemáticos. O pH é uma escala que vai de 0 a 14 e mede o quão ácida (0) ou alcalina (14) uma substância é. Apesar de variar com a idade e a fase do ciclo menstrual, o pH vaginal é considerado normal quando se encontra entre 3.8 e 4.2. O contacto prolongado com substâncias de pH diferente vai interferir com os valores saudáveis e criar um ambiente propício a infeções.

 

Permanecer com roupa interior transpirada

Em semelhança ao que acontece quando vamos à praia e à piscina, o suor também pode potenciar infeções vaginais. E, apesar de poder acontecer também durante o inverno, especialmente em quem pratica desporto, no verão esta situação tende a piorar.

 

Utilizar géis de limpeza perfumados

Embora a vagina tenha uma espécie de sistema de autolimpeza, é importante ter cuidados de higiene da área exterior, onde estão os grandes e os pequenos lábios. Contudo, por ser uma zona mais sensível, o produto utilizado para a limpeza deve ser adequado, sendo a água morna a melhor opção. Se preferir, pode usar um sabão suave, sem cheiro ou cor.

 

Utilizar um penso higiénico ou tampão durante demasiado tempo

Os pensos higiénicos, especialmente no verão, podem levar a um aumento da quantidade de suor na zona vaginal, pelo que utilizá-los durante demasiado tempo seguido pode favorecer o desenvolvimento de uma infeção vaginal. Quanto aos tampões, não devem ser utilizados mais do que oito horas seguidas, sendo até aconselhável trocar a cada quatro a seis horas. Além de poderem provocar síndrome do choque tóxico, quando colocados por muito tempo, podem desregular o pH da vagina e potenciar uma infeção.

 

O que fazer para prevenir as infeções genitais?

Existem, contudo, várias estratégias que podem ser colocadas em prática para reduzir a probabilidade de infeções vaginais no verão. Fique a conhecê-las.

 

Manter a zona seca

As bactérias e fungos propagam-se em ambientes húmidos, pelo que é importante manter a sua zona íntima seca. Em dias de praia e piscina, leve na sua mala um fato de banho extra ou roupa interior para poder trocar de modo a não ter de permanecer com o fato de banho molhado vestido; depois de praticar atividade física, tome banho e troque de roupa; e, após o banho, garanta que fez uma secagem adequada.

 

Preferir roupa interior de algodão e não muito apertada

Apesar de existirem inúmeras opções, o melhor é optar por tecidos naturais, especialmente o algodão. Materiais sintéticos, tal como o nylon, não permitem a respiração da pele e das mucosas da região genital e acabam por conter o calor e a humidade, formando um ambiente perfeito para o desenvolvimento de infeções. Além disso, é importante evitar calças, calções ou cuecas demasiado justos, uma vez que também impedem uma adequada respiração.

 

Beber água

Beber água é benéfico para praticamente todos os sistemas do corpo e os sistemas urinário e reprodutivo não são exceção. A ingestão de pelo menos 1,5 litros de água por dia ajuda a diluir a urina e a eliminar eventuais bactérias que possam estar presentes no trato urinário.

 

Ter uma alimentação equilibrada

Uma dieta saudável é essencial para uma vida saudável, num todo. Há vitaminas, minerais e nutrientes que podem ajudar a reduzir o risco de infeções ou até no processo de recuperação. O sumo de arando, por exemplo, é recomendado para pessoas que estejam a recuperar de infeções urinárias. Os iogurtes, por serem ricos em probióticos, são também um ótimo alimento a incluir no dia a dia, uma vez que ajudam a prevenir o crescimento de bactérias nocivas.

 

O que fazer se tiver uma infeção vaginal

Se verificou alterações como odor, corrimento vaginal, tem comichão, sente ardor ao urinar ou suspeita de que pode estar com uma infeção vaginal ou urinária, recorra ao seu médico assistente ou ao seu ginecologista, pois poderá ser necessário tomar um antibiótico ou antifúngico.

Fontes:

Healthline, junho de 2024

Mayo Clinic, junho de 2024

WebMD, junho de 2024

Publicado a 29/07/2024