Sabe o que é a enxaqueca vestibular?

Existem mais de 200 formas diferentes de cefaleias, desde dores de cabeça e enxaquecas a outras mais graves ou crónicas, com efeitos debilitantes e alteração da qualidade de vida. A enxaqueca vestibular é uma forma de enxaqueca complexa, podendo manifestar-se com dor de cabeça associada a vertigens e desorientação.

O que é a enxaqueca vestibular?

A enxaqueca vestibular é uma alteração neurológica do sistema vestibular - a parte do ouvido interno que controla a audição, mas também o equilíbrio e a noção espacial do movimento. Assim, os principais sintomas da enxaqueca vestibular incluem alterações do equilíbrio e da sensibilidade a determinados estímulos como a luz.

Quais os sintomas da enxaqueca vestibular?

A enxaqueca vestibular combina os sintomas habituais das cefaleias, frequentemente severos, e sintomas causados pelas perturbações vestibulares como vertigem e náuseas, associadas ou não aos movimentos da cabeça.

Alguns dos sintomas de enxaqueca vestibular são:

• Dores de cabeça, normalmente focadas num dos lados;
• Vertigens, a sensação de andar à roda e a ilusão de movimento;
• Tonturas prolongadas por vários minutos;
• Náuseas e vómitos;
• Desequilíbrio e sensibilidade forte ao movimento;
• Sensibilidade excessiva à luz, som e aromas.

O que desencadeia a enxaqueca vestibular?

As vertigens associadas à enxaqueca vestibular podem surgir de forma espontânea, quer durante uma situação de movimento ou numa posição estática, como sentado ou deitado. As causas neurológicas e a influência das cefaleias não estão ainda totalmente esclarecidas, estimando-se que 1 % da população possa sofrer desta doença.

A enxaqueca vestibular é mais comum nas mulheres e surge frequentemente a partir dos 40 anos, mas pode acontecer em crianças. O historial familiar também tem algum peso na prevalência da doença. Por outro lado, apesar de não serem conhecidos “gatilhos” para a manifestação dos sintomas, há tendência para surgir durante o período menstrual e de outras situações que possam provocar enxaquecas em geral, como alterações hormonais ou dos padrões de sono ou consumo de alguns alimentos, como vinho ou queijo curado.

Sabia que...

Como nem sempre a dor de cabeça está presente, a enxaqueca vestibular pode ser confundida com outras condições, como a doença de Ménière, a nevrite vestibular, a vertigem posicional paroxística benigna, ou o Acidente Isquémico Transitório (AIT), que podem também ocorrer com vertigens.

Como é feito o diagnóstico da enxaqueca vestibular?

Como a enxaqueca e os sintomas vestibulares podem estar presentes noutras doenças, o diagnóstico exato requer a presença de vários critérios, definidos pela Sociedade Internacional de Cefaleias:

• Diagnóstico de enxaqueca;
• Pelo menos cinco episódios de disfunção vestibular;
• Sintomas vestibulares e crise de cefaleia a ocorrer ao mesmo tempo em pelo menos metade das vezes;
• Conjunto de características (como o tipo, a duração e a intensidade) dos sintomas vestibulares.

Pode ser necessário realizar ressonância magnética e testes à audição e às funções do sistema vestibular para completar o diagnóstico, que envolve normalmente a Otorrinolaringologia e a Neurologia.

Sabia que...

A segunda causa mais frequente de vertigem é a enxaqueca vestibular e, regra geral, as dores de cabeça surgem alguns anos antes do aparecimento das vertigens.

Qual o tratamento para a enxaqueca vestibular?

Não existe medicação específica para a enxaqueca vestibular, sendo o tratamento prescrito de forma a evitar ou reduzir os sintomas, sejam as cefaleias, as vertigens ou as náuseas.

Em casos menos graves ou frequentes, procura minimizar-se os efeitos:

• Medicamentos para combater a enxaqueca, como triptanos;
• Supressores vestibulares, como benzodiazepinas, anti-histamínicos e medicamentos para o enjoo.

Quando as enxaquecas vestibulares são frequentes ou muito debilitantes, deve ser prevenido e antecipado de forma mais regular o combate aos sintomas através de fármacos como:

• Medicamentos anticonvulsivos;
• Fármacos beta bloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio, usados na hipertensão;
• Antidepressivos;
• Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS);
• Inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN).

Existem ainda dispositivos que procuram estimular o sistema neurológico de forma a prevenir ou aliviar as enxaquecas, através de impulsos elétricos ou magnéticos. Trata-se de bandas para colocar na cabeça ou pequenos equipamentos de colocação na região cervical.

Após um diagnóstico de enxaqueca vestibular, os doentes podem tentar evitar a frequência e intensidade dos episódios com a manutenção de uma rotina saudável de sono e alimentação, com exercício físico regular, e tentando gerir o stress e evitar os alimentos ou situações que possam desencadear o problema.