Síndrome das pernas inquietas: em que consiste o tratamento?

Doenças crónicas
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A síndrome das pernas inquietas pode ter um grande impacto na qualidade de vida do doente. Conheça as soluções disponíveis para aliviar as queixas.

A síndrome das pernas inquietas - também referida como doença de Willis-Ekbom - é um distúrbio do sistema nervoso, que provoca uma necessidade urgente e incontrolável de movimentar as pernas para aliviar os sintomas de desconforto nos membros (por exemplo, comichão e ardor), que pode ser ligeiro ou muito intenso. Estes sintomas são mais comuns à noite, quando a pessoa já está deitada, podendo perturbar o sono, mas também podem ocorrer no final do dia, quando está sentada, em repouso. Podem manifestar-se em ambos os lados do corpo e afetam sobretudo as pernas. Embora menos comum, as sensações desagradáveis também se podem manifestar nos braços, peito e cabeça.

Pessoas que sofrem deste problema devem procurar ajuda médica, uma vez que, sem tratamento, as queixas podem agravar-se e ter um impacto negativo na sua vida, sobretudo na qualidade do sono e consequentemente provocar cansaço durante o dia a dia e no trabalho. Fique a conhecer algumas opções no tratamento da síndrome das pernas inquietas.

 

Quais as causas da síndrome das pernas inquietas

A causa da síndrome das pernas inquietas pode não ser possível de identificar - idiopática - ou pode ser causada por uma doença subjacente, incluindo:

O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado no exame físico e na história clínica e dos sintomas, mas o seu médico assistente poderá prescrever alguns exames, como análises ao sangue para confirmação do diagnóstico e exclusão de outras patologias.

Se necessário, o doente poderá ser reencaminhado para um especialista de Neurologia e da patologia do sono.

 

Estilo de vida: a base do tratamento

Pequenas alterações no estilo de vida e a adoção de alguns hábitos podem ajudar a aliviar os sintomas causados pela síndrome das pernas inquietas, incluindo:

  • Ter uma boa higiene do sono: a fadiga e o cansaço tendem a agravar os sintomas deste problema. Daí ser tão importante ter um sono de qualidade. Para isso, procure relaxar antes de ir para a cama; evite bebidas e alimentos com cafeína (como o café) perto da hora de deitar; durma num ambiente fresco, sem ruído e confortável; tenha horas certas para se deitar e para se levantar; durma pelo menos 7h por noite;
  • Praticar exercício físico moderado de forma regular, como andar de bicicleta ou caminhar. Mas, atenção, evite treinos muito intensos ou muito próximos da hora de deitar, pois podem agravar os seus sintomas;
  • Deixar de fumar. Saiba como aqui;
  • Tomar banhos quentes e fazer massagens (até pode ser uma automassagem) pode ajudar a relaxar os músculos;
  • Aplicar frio e calor no local, seja individualmente ou de forma intercalada, pode atenuar as sensações que estes doentes têm nos seus membros;
  • Fazer atividades que o ajudem a relaxar e a distrair-se, como ler ou praticar ioga e tai chi;
  • Reduzir a ingestão de cafeína, presente, por exemplo, no café, chá, refrigerantes e chocolate.

 

Medicamentos: soluções disponíveis

A toma de medicação pode estar indicada para pessoas que manifestam sintomas de síndrome das pernas inquietas pelo menos três vezes por semana ou alteração da qualidade de vida. Pessoas que só raramente têm sintomas podem ter medicação para tomar em situações de SOS. É importante ter em consideração que os fármacos ajudam a aliviar os sintomas, mas não curam o problema.

Algumas das opções farmacológicas disponíveis são:

  • Antagonistas de dopamina: ajudam a controlar a necessidade de mexer as pernas e aliviam as sensações que os doentes têm nestes membros;
  • Analgésicos;
  • Relaxantes musculares;
  • Anticonvulsivantes: podem ajudar a aliviar os sintomas da síndrome das pernas inquietas, assim como a dor crónica e nervosa;
  • Medicamentos para dormir: embora não aliviem os sintomas, podem ajudar a pessoa a dormir melhor.

Um dos aspetos que os médicos têm em consideração ao definir o tratamento farmacológico para a síndrome das pernas inquietas é a severidade da doença e o seu impacto na vida do doente. A maioria dos medicamentos utilizados no tratamento da síndrome das pernas inquietas não pode ser tomada durante a gravidez. Nesta fase da vida da mulher, o médico assistente poderá recomendar algumas estratégias que pode colocar em prática no dia a dia para alívio dos sintomas. Contudo, se considerar necessário, poderá prescrever algum tipo de medicação.

 

Estratégias para lidar com a doença

A síndrome das pernas inquietas é uma doença crónica, o que significa que os doentes têm de aprender a lidar com os sintomas ao longo da sua vida. Há algumas estratégias que podem ajudar a lidar melhor com a doença no dia a dia:

  • Informar as outras pessoas sobre a doença: só assim os seus familiares, amigos e colegas de trabalho conseguirão compreender determinados comportamentos, como a necessidade de se movimentar com maior frequência;
  • Recorrer a grupos de apoio: a partilha de experiências pode ajudá-lo não só a si, mas também a outras pessoas que têm o mesmo problema;
  • Não resistir à necessidade de se movimentar, que pode agravar a severidade dos sintomas;
  • Escrever um diário do sono: assim, pode anotar as estratégias e medicamentos que ajudaram a controlar os sintomas ou que, por outro lado, os agravaram.

 

Qual o prognóstico da síndrome das pernas inquietas?

Apesar de a síndrome das pernas inquietas ser um problema crónico e poder ir-se agravando com a idade, há períodos em que os sintomas são inexistentes durante dias ou até anos.

O acompanhamento médico é fundamental e deve falar com o seu médico assistente sempre que sentir que os sintomas se agravam. Só assim é possível fazer ajustes na medicação e/ou no estilo de vida.

Fontes:

Cleveland Clinic

Mayo Clinic

National Health Service

Sleep Foundation

Sociedade Portuguesa de Neurologia

WebMD

Publicado a 23/09/2024