Efeitos secundários do tratamento oncológico

Cancro
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Febre, cansaço ou diarreia são alguns dos possíveis efeitos secundários do tratamento oncológico. Saiba o que esperar e quando contactar o médico assistente.

Os tratamentos como quimioterapia, imunoterapia e radioterapia podem causar efeitos secundários imediatos ou tardios. A maioria é de curto prazo e irá desaparecer gradualmente quando o tratamento terminar. A equipa de cuidados multidisciplinar (médico, enfermeiro, nutricionista, radioterapeuta, psicólogo, ...) deve ser contactada sempre que o doente tiver dúvidas e sintomas.

 

Efeitos secundários do tratamento oncológico

Os medicamentos para tratar o cancro podem provocar efeitos secundários, que dependem do tipo de medicamentos e podem variar de pessoa para pessoa. Os medicamentos utilizados contra o cancro afetam as pessoas de maneiras diferentes e não é possível dizer com antecedência quem terá efeitos secundários, quais e com que intensidade.

Alguns deles passam por:

  • Alterações nas análises do sangue (diminuição dos glóbulos brancos e plaquetas)
  • Hematomas
  • Hemorragias
  • Infeções (respiratórias, urinárias)
  • Aftas (mucosite)
  • Pele seca e descamativa
  • Náuseas, vómitos
  • Febre
  • Cansaço e fadiga
  • Alterações do paladar e falta de apetite
  • Diarreia (mais de três dejeções dia) ou prisão de ventre
  • Alteração na sexualidade incluindo afetar a fertilidade do homem ou mulher (desaconselhada a gravidez)
  • Alteração da pigmentação da pele.
  • Alterações da visão
  • Queda do cabelo (alopécia)
  • Antecipação da menopausa (em determinados tipo de cancro)
  • Alteração da sensibilidade das mãos e pés (com determinados medicamentos)
  • Alterações cardíacas (com determinados medicamentos)
  • Alterações da audição (com determinados medicamentos)
  • Dores musculares (com determinados medicamentos)
  • Neuropatia (com determinados medicamentos)

 

Contacte com urgência a sua equipa médica se sentir:

  • Febre (temperatura igual ou superior a 38ºC)
  • Frio e tremores
  • Tosse/expetoração
  • Dor de garganta
  • Dor/ardor a urinar
  • Temperatura mais baixa que o seu normal
  • Cansaço extremo
  • Palidez

 

Pele, unhas e cabelo no tratamento do cancro

Os medicamentos utilizados para combater o cancro também podem afetar a pele e unhas do doente. Leia o artigo completo sobre este tema aqui.

Alguns medicamentos contra o cancro podem provocar queda total do cabelo (alopecia) e de outros tipo de pelo (sobrancelha, pestanas, púbicos e resto do corpo) ou apenas enfraquecer o cabelo.

Esta fase é temporária o cabelo e os pelos voltam a nascer após o término da quimioterapia.

A queda do cabelo começa duas a três semanas após o início do tratamento (até ao final).

Deve usar produtos neutros para lavar a cabeça.

Para ajudar a ultrapassar esta fase existem à disposição uma alternativa para minimizar a queda, o capacete de gelo (Scalp Cooler) que está indicado para alguns tratamentos de quimioterapia.

 

Cuidados a ter com a sua boca

Durante a quimioterapia, há alguns cuidados que deve ter com a sua boca:

  • Use uma escova de dentes macia.
  • Lave os dentes suavemente todas as manhãs, à noite e após cada refeição.
  • Bocheche diariamente com colutórios, evitando os que contenham álcool - consulte seu farmacêutico se não tiver certeza.
  • Use protetor labial para manter os lábios hidratados.

 

No caso de a boca e gengivas ficarem vermelhas, irritadas ou com aftas (mucosite) aconselha-se:

  • Adequar alimentação: comida mole, cozida e não ácida.
  • Uso de escovas de dentes macias e bochechar colutórios sem álcool.
  • Contactar equipa de cuidados se houver agravamento dos sintomas; poderá ser necessário fazer terapêutica específica.

 

Alteração dos valores das análises ao sangue

A quimioterapia danifica as células cancerígenas, mas por um certo período danifica também as células normais.

  • Glóbulos brancos (Leucócitos)

A quimioterapia diminui o número dos glóbulos brancos. Estes glóbulos são os responsáveis pelas defesas do organismo, protegendo-nos das infeções.

Se tiver febre superior ou igual a 38ºC e queixas respiratórias, urinárias ou outras, contacte de imediato a sua equipa de cuidados.

  • Plaquetas

A quimioterapia pode diminuir o número das plaquetas. As plaquetas são responsáveis pela coagulação do sangue, evitando hemorragias.

Se sangrar do nariz, gengivas, se aparecerem hematomas e pintas vermelhas (petéquias) no corpo, contacte de imediato a sua equipa de cuidados.

 

Lidar com a neuropatia

Alguns medicamentos podem danificar os nervos, em particular nas mãos e nos pés. Pode sentir pés e mãos dormentes e/ou uma sensação de alfinetes a picar. Geralmente, este problema melhora quando o tratamento termina, mas pode levar muitos meses e pode ser um efeito secundário permanente em algumas pessoas. Há situações em que há necessidade de fazer terapêutica prescrita pelo médico para minimizar este sintoma.

 

Alterações de sabor (disgeusia) e boca seca (xerostomia)

Há medicamentos contra o cancro (quimioterapia e imunoterapia) que podem provocar alterações na boca, como dor (aftas ou mucosa frágil), secura e alterações no paladar.

As alterações de paladar podem evidenciar sabores metálicos, salgados e amargos.

A boca seca pode acontecer porque os medicamentos afetam as glândulas que produzem saliva.

 

Dicas para lidar com a boca seca:

  • Aumentar a ingestão de líquidos
  • Fazer refeições com alimentos mais húmidos
  • Preferir alimentos líquidos para facilitar a deglutição
  • Bochechar com colutórios sem álcool
  • Aconselhar-se com a equipa multidisciplinar (médico ou enfermeiro e nutricionista)
  • Utilizar saliva artificial ou outros similares (prescritos por um médico)
  • Usar protetor labial para manter os lábios hidratados

 

Alterações na sexualidade e fertilidade

A quimioterapia pode afetar a sexualidade e a fertilidade dos homens e mulheres.

A gravidez não deve ocorrer neste período, pois pode prejudicar a eficácia do tratamento e aumentar o risco de malformações para o feto.

Deve conversar com o seu médico assistente sobre os métodos anticoncecionais e a possibilidade de criopreservação de óvulos ou esperma para utilizar num futuro após tratamento da doença.

A hormonoterapia, quimioterapia e radioterapia podem afetar o interesse pela vida sexual. Pode ainda ocorrer secura vaginal e dor nas relações sexuais (dispareunia).

Deve aconselhar-se com a equipa de cuidados médicos sobre que medidas pode utilizar para minimizar estes efeitos.

 

O que é o chemo-brain?

Após o tratamentos de quimioterapia, algumas pessoas referem ter mudanças na memória, na concentração e na maneira como pensam. Essas alterações são chamadas de comprometimento cognitivo leve (MCI) ou disfunção cognitiva. Algumas pessoas chamam-nas de “cérebro da quimioterapia” ou “névoa da quimioterapia”. Pensa-se que este sintoma é transitório.

 

Não se esqueça!

A comunicação com a sua equipa é fundamental para que o possam ajudar a minimizar os efeitos e as toxicidades dos tratamentos do cancro.

Publicado a 15/05/2014