Doenças da boca: olhou para a sua boca recentemente?

Prevenção e bem-estar
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O Cancro oral é o 7º mais comum do mundo. Como em qualquer tumor maligno, a prevenção e o diagnóstico precoces são a forma mais eficaz de reduzir a mortalidade

O que é a Medicina Oral?

A Medicina Oral é uma valência da Medicina que se dedica a observar, diagnosticar, tratar, e seguir os doentes com diferentes doenças da boca como lesões da Mucosa Oral e Labial.

 

Quais as principais queixas consideradas em Medicina Oral? 

Na boca, mesmo a doença benigna causa desconforto, dor e diminuição da qualidade de vida, interferindo com a alimentação, fala e deglutição normais. Até mesmo com o sorriso e bem-estar! 

Além disso, algumas das doenças da mucosa oral, apesar de ser um facto desconhecido tanto para o doente como para a maior parte dos profissionais de saúde, são potencialmente malignas e deverão ser acompanhadas como tal, o que implica realizar-se o rastreio do cancro oral.


 

A Medicina Oral divide-se em 3 grandes áreas:

1) Rastreio e Diagnóstico Precoce do Cancro Oral

O Cancro Oral é o 7º mais frequente a nível mundial. Surge habitualmente de lesões orais potencialmente malignas, como a leucoplasia.

Quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento desta doença da boca, melhores são as probabilidades de sobrevivência e menor a agressividade do tratamento. Para um diagnóstico precoce, além da avaliação clínica obrigatória, existe um exame não invasivo e com resultados imediatos: a Endoscopia de Contacto.


 

2) Doença Benigna

A doença benigna não apresenta potencial de transformação maligna. No entanto, pode provocar desconforto, dor, ardor, sensação de boca seca e dificuldade em funções de vital importância para o ser humano como alimentar-se, falar, respirar, sorrir. 

As doenças benignas mais comuns da cavidade oral são:

  • Ulcerações orais, Aftas, Estomatite Aftosa Recorrente (investigadas clinicamente). Estomatite Ulcerativa Recorrente. Doença de Behçet
  • Papilomas, Verrugas e Condilomas da mucosa oral e labial - provocados por HPV
  • Herpes labial
  • Queilite Angular
  • Lesões exofíticas da mucosa, como por exemplo os fibromas traumáticos
  • Mucosite pós-Radioterapia e pós-Quimioterapia
  • Xerostomia, boca seca
  • Síndrome de Sjögren
  • Síndrome da Boca Ardente
  • Candidíases agudas 
  • Hemangiomas e outros tumores vasculares



 

3) Doença Potencialmente Maligna

As Doenças Potencialmente Malignas são doenças que se manifestam na boca e que têm o potencial de se transformar em Cancro Oral. 

As doenças mais comuns são: 

  • Leucoplasia: manifesta-se como uma mancha branca na mucosa oral, não atribuível a infeção, fricção ou doença inflamatória. É a doença potencialmente maligna mais comum da cavidade oral. 
  • Queilite Actínica: comum em Portugal, é provocada pela radiação ultravioleta do sol. Podem observar-se estrias brancas sobretudo no lábio inferior, perda da definição entre o lábio e a pele. Apresenta uma elevada taxa de malignização.
  • Líquen Plano Oral: doença autoimune crónica inflamatória da mucosa oral. Apresenta-se com crises de ardor, dor e ulceração. 
  • Candidíase Hiperplásica Crónica: infeção crónica da mucosa da boca por um fungo Candida albicans. Manifesta-se normalmente atrás das comissuras labiais por uma mancha branca espessada.


 

Por que fazer o autoexame da boca?

A exemplo da mama e da pele, em que o autoexame é um reconhecido método de rastreio pessoal, o autoexame oral surge com a mesma importância, destacando-se o facto da boca ser um órgão de fácil acesso e visualização. 

São 2 minutos, que podem salvar a sua vida! 

 

Como fazer o autoexame da boca?

O autoexame oral deve ser feito em casa, com uma boa luz e um espelho. 

Deve ser realizado, procurando sinais de alerta, em 8 passos:

  1. Parte superior da língua
  2. Parte debaixo da língua
  3. Céu da boca
  4. Interior do lábio superior
  5. Interior do lábio inferior
  6. Interior da parte esquerda da boca
  7. Interior da parte direita da boca
  8. Parte inferior da boca, pelo lado exterior (queixo/pescoço)

 

Uma boca sã apresenta uma cor rosada, humedecida, sem halitose, sem manchas brancas, vermelhas ou azuladas, sem ulcerações.

 

Quais as estruturas a observar?

  • Lábios
  • Boca
  • Garganta
  • Pescoço

 

O que deve procurar?

  • Lábios: alterações na cor, estrias brancas, “crostas”, “boqueiras”, desidratação.
  • Boca: ulcerações (aftas), manchas brancas, vermelhas, castanhas ou azuladas, secura, halitose, dificuldade a movimentar a língua, alterações da sensibilidade. Alterações do paladar.
  • Garganta: assimetrias, nódulos, manchas brancas ou vermelhas, dificuldade a deglutir. 
  • Pescoço: nódulos endurecidos e indolores. O pescoço de um adulto não apresenta, normalmente, nódulos palpáveis ou que permaneçam mais de 2 a 3 semanas.

 

O sinal de alarme deve ser lançado quando alguma alteração notada permaneça mais de 2 semanas. Nesse caso deverá procurar a ajuda de um especialista.

 

Se encontrar alguma alteração, quem deve procurar? 

Na CUF dispomos de uma Consulta de Medicina Oral. O trabalho de equipa é uma condição fundamental desta consulta, e, frequentemente, trabalham em equipa  várias especialidades: Cirurgia Maxilofacial, Estomatologia, Otorrinolaringologia, Medicina Geral e Familiar, Medicina Dentária, Medicina Interna, dando resposta às vertentes Médica e Cirúrgica da Medicina Oral.

 

E se eu tiver mesmo um cancro?

Uma grande parte dos cancros de boca podem ser curados com tratamento adequado.  Mais do que curar, a nossa preocupação é que o tratamento tenha o menor impacto possível na qualidade de vida do doente.

A CUF dispõe de uma equipa multidisciplinar de Oncologia de Cabeça e Pescoço da qual a Medicina Oral faz parte, composta por especialistas de várias valências médicas e não médicas dedicados à área oncológica e ligados à CUF Oncologia. Desta forma podemos oferecer aos nossos doentes o estado da arte no tratamento, visando não apenas o tratamento da doença em si, mas também a sua plena reabilitação.

Publicado a 15/05/2020