Quando procurar um psicólogo?

Esteja atento a sinais de alteração da saúde mental
Cérebro e saúde mental
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Pode ser difícil perceber quando procurar ajuda de um psicólogo, para nós ou para outra pessoa. Conheça os sinais mais comuns de transtornos da saúde mental.

Não temos de estar sempre sorridentes, enérgicos e sociáveis para ter uma boa saúde mental. Podemos estar tristes, com menos vontade de sair e de estar com outras pessoas, ou até atravessar fases de menor produtividade. No entanto, quando essas situações se prolongam ou se tornam recorrentes, implicando alterações permanentes de comportamento, de humor ou de energia, pode tratar-se de um transtorno ou perturbação da saúde mental. Tal situação, no entanto, não significa um estado de doença - aliás, com o acompanhamento certo, um período mais frágil ou uma situação aguda podem ser resolvidos, evitando transtornos crónicos.

As perturbações, distúrbios ou doenças mentais podem ter várias origens e causas, e surgir em todo o tipo de pessoas, incluindo crianças. Os transtornos da saúde mental podem implicar o acompanhamento por psicólogos, psicoterapeutas e tratamentos e consultas regulares com outros especialistas em saúde mental. Existe uma multiplicidade de situações, de manifestações, de diagnósticos e de tratamentos distintos, mas também muitos sinais, alguns deles comuns, a que devemos estar atentos.

 

Sabia que…

Um em cada cinco portugueses sofre de uma perturbação mental - a depressão e ansiedade são as mais comuns.

 

Quando procurar ajuda?

Contrariedades e dificuldades pessoais e profissionais, como o fim de uma relação pessoal, desemprego, problemas financeiros, situações de violência, doenças ou a morte de alguém próximo, são alguns dos fatores desencadeadores de perturbações como a depressão ou a ansiedade, motivando a necessidade de apoio psicológico.

Em questões do foro mental, quanto mais cedo pedir ajuda, mais fácil será lidar com o problema. Não se deve esperar por uma situação de desespero para pedir ajuda. É possível prevenir ou ultrapassar os problemas com maior facilidade quando se procura ajuda precoce, evitando o impacto que podem ter na qualidade de vida, no trabalho e em quem está próximo.

 

Quais os principais sinais a que devemos estar atentos?

Apesar das diferenças entre as perturbações e transtornos, há sinais e sintomas que quando são intensos e/ou permanentes devem levar-nos a pensar que algo não está bem, tais como:

  • Preocupação, ansiedade e medo
  • Tristeza e baixa autoestima
  • Falta de concentração e de motivação
  • Cansaço e falta de energia
  • Menor produtividade no trabalho ou na escola
  • Alterações de humor, irritação ou desânimo
  • Isolamento ou apatia
  • Sensações de paranoia ou alucinações
  • Falta de estímulo e prazer em atividades habituais
  • Alterações no sono, na alimentação ou na vida sexual
  • Mudanças nos hábitos de vestir ou de higiene
  • Consumo excessivo de álcool ou consumo de drogas
  • Pensamentos suicidas

 

Nas crianças, a prevalência de problemas de saúde mental é semelhante à dos adultos, pelo que a atenção a esses sinais deve ser redobrada. A título de exemplo, numa turma de 25 alunos, cinco deles podem estar a sofrer com algum tipo de perturbação psicológica.

 

Quais os sinais das perturbações mentais mais comuns?

Ansiedade e depressão, com diversos graus de gravidade, destacam-se entre as questões de saúde mental de maior relevância em Portugal. Entre outros, também as perturbações alimentares da criança, adolescente ou adulto são motivo para recorrer a apoio psicológico.

Fique a conhecer os principais sinais que, isolados ou combinados, podem ser indicadores de que a ajuda de um psicólogo é indicada.

 

Ansiedade

O stress ajuda-nos a manter mais alerta e focados, por vezes, mas frequentemente deixa-nos nervosos e preocupados, podendo até acelerar o ritmo cardíaco. E a ansiedade, uma perturbação que pode ter várias origens, pode tornar-se incapacitante e grave em situações como um ataque de pânico. Cada pessoa lida de maneira diferente com situações de tensão ou preocupação, podendo os sintomas de stress ou de ansiedade ser semelhantes, mas devemos estar alerta para sintomas como:

  • Nervosismo, inquietação
  • Dificuldade em “desligar” de um problema
  • Falta de apetite ou vontade exagerada de comer
  • Dores de cabeça persistentes
  • Irritabilidade
  • Suores, tonturas, boca seca
  • Enjoos, náuseas e vómitos
  • Tensão muscular e sensação de “corpo preso”
  • Palpitações
  • Cansaço, falta de motivação
  • Dificuldade em dormir
  • Perda de concentração e alterações de memória
  • Vontade de evitar quaisquer problemas ou ambientes sociais
  • Medo de perder o controlo mental ou mesmo de morrer

 

Depressão

A principal dificuldade em identificar a depressão prende-se com o facto de parecer muitas vezes tristeza e desânimo, e poder até começar dessa forma simples, devido a um acontecimento específico, pelo que não é valorizada.

Alguns dos sintomas a que devemos estar atentos são:

  • Estar triste persistentemente
  • Discutir mais com os outros e, nas crianças, chorar mais e fazer birras
  • Não ter prazer nas coisas que mais se gostava
  • Sentir-se inútil ou culpado de alguma coisa
  • Chorar facilmente, tristeza, pessimismo
  • Afastar-se e evitar o convívio habitual
  • Dificuldades em dormir
  • Mudar o apetite e ganhar ou perder peso
  • Queixas de dores sem explicação

 

Perturbações alimentares

É mais difícil do que parece detetar comportamentos alimentares que correspondem a perturbações do comportamento. Perturbações como a bulimia (comer de forma abusiva e desregulada, por vezes às escondidas, e depois forçar o vómito ou usar laxantes) ou a anorexia (reduzir ao máximo a alimentação, por medo de engordar ou por achar que temos peso a mais) são perturbações do comportamento alimentar bastante comuns logo na adolescência que necessitam apoio psicológico especializado.

Alguns sintomas associados a perturbações alimentares são:

  • Obsessão com a comida, as calorias e os ingredientes
  • Ter medo de ganhar peso e pesar-se muitas vezes
  • Estar frequentemente em dieta, ou comer muito, mas não mudar o peso
  • Preocupação constante com a imagem corporal
  • Restringir muitos alimentos
  • Esconder comida ou deitá-la fora
  • Fazer exercício físico em excesso
  • Evitar jantares ou festas que envolvam comida
  • Estar mais magro e usar roupa que o esconda
  • Ter falta de energia e concentração

 

 

A manutenção da saúde mental é fundamental e identificar os problemas ou perturbações que podem surgir não é fácil. Os sinais manifestados são apenas indicadores a que devemos estar atentos e equacionar quando pedir ajuda especializada.

Esteja atento à sua saúde e da sua família, e até de amigos ou colegas de trabalho, mas se tiver dúvidas, procure ajuda profissional. Psicólogos, médicos assistentes e terapeutas podem ajudar a indicar o caminho certo para a estabilidade emocional e mental.

Fontes:

Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental, Serviço Nacional de Saúde, julho de 2023

Escola SaudávelMente, Ordem dos Psicólogos, julho de 2023

EU SINTO.ME, Ordem dos Psicólogos, julho de 2023

Mayo Clinic, julho de 2023

SaudeMental.pt, julho de 2023

Publicado a 01/09/2023