O que é?

Em Portugal, quase 50% da população tem excesso de peso e quase um milhão de adultos sofre de obesidade. 

Esta doença, considerada pela Organização Mundial da Saúde uma epidemia, afeta de forma negativa a nossa longevidade e qualidade de vida. 

É importante controlar a obesidade, pois ela própria é um fator de risco para o desenvolvimento e/ou agravamento de outras patologias, tais como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, alguns tipos de cancro, entre outras.

A obesidade define-se por um excesso de tecido adiposo (gordura) em relação à massa magra (músculo, ossos e órgãos), numa proporção que pode afetar a saúde.

Do ponto de vista de distribuição da gordur a, a obesidade divide-se em dois tipos:

  1. Ginoide: caracteriza-se por um corpo em forma de pêra, com uma maior acumulação de gordura abaixo da cintura. É mais comum nas mulheres, apresenta menor impacto no risco cardiovascular que a obesidade masculina, estando mais associada ao aparecimento de varizes e de doenças articulares.
  2. Androide: com a gordura localizada na cintura e zona superior do corpo, está associado a um corpo em forma de maçã. Mais frequente nos homens, pode favorecer o aparecimento de diabetes, hipertensão, aterosclerose e doenças cardiovasculares.

Causas

Esta doença crónica - que, por isso, requer cuidados continuados para se manter controlada - ocorre quando o número de calorias ingeridas é superior às que são gastas. Quando isto acontece, diz-se que o balanço energético é positivo e, como resultado, o corpo armazena as calorias extras sob a forma de massa gorda. Isto está associado, por exemplo, à adoção de hábitos de vida sedentários e a uma alimentação rica em cereais refinados, açúcares e gorduras saturadas. 

A obesidade tem causas multifatoriais (de natureza ambiental, metabólica, genética) e pode ter influências culturais, psicológicas e comportamentais.

Diagnóstico

O cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) é a técnica mais utilizada para avaliar o grau de obesidade em adultos. Este índice é obtido dividindo o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado: 

  • excesso de peso IMC= 25 
  • pré-obesidade IMC= 25 – 29,9
  • obesidade IMC= 30
    • classe 1 = 30 – 34,9
    • classe 2 = 35 – 39,9
    • classe 3 = 40

Circunferência da cintura: medida importante pode ser utilizado para avaliar o estado nutricional e o risco de eventos cardiovasculares.

Medidas do perímetro da cintura associados a risco importante:

  • mulheres: igual ou superior a 88 cm
  • homens: igual ou superior a 102 cm

Tratamento

O tratamento da obesidade inclui sempre a reeducação alimentar, a mudança de estilo de vida e o controlo das suas complicações, como a diabetes e a hipertensão. Nos casos mais graves, pode ser necessário o uso de procedimentos cirúrgicos como a cirurgia bariátrica (sleeve, bypass, minibypass, switch duodenal ou SADI-s) ou a colocação de balão gástrico.

O tratamento da obesidade deve ter uma abordagem multidisciplinar: médico de MGF, endocrinologista, nutricionista, psiquiatra e psicólogo do comportamento alimentar e cirurgião geral.

Prevenção

Uma das regras mais importantes para evitar o excesso de peso e obesidade é manter o gasto calórico (as calorias que dispendemos no dia-a-dia) igual ou superior à quantidade de calorias ingeridas, adequando a ingestão de calorias ao gasto diário. Devem ser seguidas algumas recomendações para controlo do peso:

  • Seguir as recomendações da Roda dos Alimentos, adotando uma dieta equilibrada e variada, rica em legumes, cereais integrais, fruta e peixe e pobre em açúcar e gorduras saturadas - presentes, por exemplo, nas gorduras processadas industrialmente (hidrogenadas), carnes vermelhas, manteiga, e laticínios gordos.
  • Conhecer os alimentos: saber que tipo de nutrientes está a fornecer ao seu organismo e qual o seu perfil calórico.
  • Comer a cada 3 a 4 horas: fracionar as refeições ao longo do dia, numa quantidade que lhe permita sentir-se saciado, evitando demasiada fome na próxima refeição. Um bom truque é iniciar as refeições principais com sopa de legumes sem batata.
  • Manter-se ativo: praticando com regularidade (se possível, diariamente) uma atividade física do seu agrado. Prefira deslocar-se a pé e passeie ao ar livre.
  • Ter um peso saudável: em caso de excesso de peso, deve recorrer ao acompanhamento de um nutricionista e do seu médico assistente.
Fontes

Associação Portuguesa de Nutrição, março de 2019

Fundação Portuguesa de Cardiologia, março de 2019

SNS24, março de 2019